Risco de novos acidentes em Mariana preocupa deputados
Parlamentares temem abalo nas estruturas dos diques de sustentação das barragens da Samarco.
29/01/2016 - 18:21O deputado Agostinho Patrus Filho (PV), presidente da Comissão Extraordinária das Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), alertou para o risco de novos deslocamentos de rejeitos das barragens da Samarco em Mariana (Região Central do Estado). O parlamentar, que visitou a barragem de Fundão nesta sexta feira (28/1/16), defendeu que a mineradora tome medidas emergenciais para evitar novos desastres. “Até porque é uma estrutura que está em colapso. A mina não pode operar porque não há onde depositar os rejeitos da produção de minério”, disse.
Os integrantes da comissão estiveram na Barragem de Fundão, que se rompeu em novembro de 2015 e causou a destruição do distrito de Bento Rodrigues, e também na Barragem de Santarém, em virtude de um novo deslocamento de rejeitos ocorrido na última quarta-feira (26). O presidente da comissão classificou o momento como grave e disse que a Samarco passa por dificuldades agravadas com as chuvas e o terreno com erosão.
O deputado Agostinho Patrus Filho afirmou que, embora a empresa ainda não tenha uma conclusão sobre os impactos causados pelo deslocamento de quarta-feira (26), o que foi observado com a visita é que parte significativa da lama que está na Barragem de Fundão pode se deslocar novamente. “Parte da lama que correu era também utilizada para sustentação do dique de Sela, que agora está descoberto, íngreme, sem nenhuma lama no seu pé”, afirmou o deputado. Ele complementou dizendo que a situação gera mudanças no prognóstico de recuperação do dique e também no aumento de risco do seu rompimento.
Ainda de acordo com o parlamentar, a mineradora não pode dimensionar os riscos concretos de novos deslocamentos dos rejeitos que ficaram depositados após o rompimento de Fundão (cerca de 32 milhões de metros cúbicos), uma vez que não se consegue chegar a esses locais. “Se isso não é resolvido, esse percentual de lama pode descer”, afirmou. O presidente da comissão ainda afirmou que os deputados pediram à Samarco um dimensionamento dos atuais níveis de segurança dos diques.
Diques podem ter sido abalados - Segundo o deputado Rogério Correia (PT), relator da comissão, o deslocamento ocorrido na quarta-feira (26) pode ter afetado a estrutura dos diques de Sela e Tulipa, pertencentes à Barragem de Fundão, e que seguram os rejeitos na barragem de Germano, que é duas vezes maior que a de Fundão. Na avaliação do parlamentar, é possível que o índice de estabilidade de Germano tenha sido afetado, uma vez que o deslocamento aconteceu próximo aos diques de Sela e Tulipa.
No que se refere à Barragem de Santarém, ele afirmou que, embora parte dos rejeitos deslocados tenham chegado ao fundo do reservatório, os procedimentos de segurança no local já estão em fase final de conclusão. “Mas se houver um deslocamento muito grande, Santarém também não segura. Voltamos a ter uma instabilidade muito grande na área. E, com isso, a empresa terá que apresentar um novo planejamento”, disse.
O deputado acrescentou que a lama das barragens continua descendo para o Rio Doce à medida que as chuvas aumentam. Por fim, lembrou que nesta segunda-feira (1°/2) a comissão estará em Bento Rodrigues para ouvir as populações atingidas e verificar os diques que estão sendo feitos abaixo da barragem de Santarém, para contenção da lama.