Deputados acompanham explanação sobre o projeto Mexa-se e elogiam resultados apontados.
A professora Helena de Jesus Caldeira destaca que o programa aumentou a sua qualidade de vida.

Projeto de saúde de Sete Lagoas é exemplo para o Estado

Deputados avaliam o programa Mexa-se - Hábitos de Vida Saudável como modelo preventivo a ser seguido por outras cidades.

18/11/2015 - 14:02

Sete Lagoas (Região Central do Estado) já contabilizou a eliminação global de cinco toneladas de gordura corporal de moradores da cidade, desde a implantação do programa "Mexa-se - Hábitos de Vida Saudável", iniciado há dois anos. O dado foi apresentado durante a audiência pública que a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, nesta quarta-feira (18/11/15), para conhecer melhor este projeto implantado pelo Executivo municipal sete-lagoano.

O “Mexa-se” é um programa educativo-recreativo, de desenvolvimento social e promoção da saúde da população. O projeto estimula a prática regular de atividades físicas, coordenadas por educadores físicos qualificados, em cerca de 30 academias populares, praças e parques espalhados em 22 polos, localizados em distintos bairros da cidade. A proposta, que foi integrada ao programa federal Saúde da Família, conta, ainda, com acompanhamento de nutricionistas, psicólogos e estagiários de Educação Física. As atividades são diárias, pela manhã, das 6 às 8 horas, com atendimento a mais de 5 mil pessoas; e também à noite, das 18 às 20 horas, horário que alcançaria um total superior a 9 mil cidadãos.

Durante a audiência, o prefeito de Sete Lagoas, Marcio Reinaldo Dias Moreira, fez uma apresentação geral do programa. Ele exibiu um vídeo com fotos e informações das atividades desenvolvidas, inclusive com imagens de pessoas que já perderam mais de 30 quilos depois de aderir às atividades do “Mexa-se”.

Segundo os dados apresentados, o programa atende a cerca de 15 mil cidadãos, mas haveria a meta de chegar a 25/30 mil atendidos. A maioria dos atendidos é do sexo feminino, são 83% de mulheres e 17% de homens, num público com idade média entre 30 e 50 anos. O baixo custo per capita, de apenas R$ 6,87 por pessoa/mês, também foi destacado.

De acordo com o prefeito, a melhoria geral da saúde dos atendidos tem resultado em menos gastos com atendimentos médicos e exames. Ele informou que, apenas na realização de exames (de sangue e outros mais complexos) já houve uma queda de 16 mil pedidos desde que o programa foi implantado. “Além de ampliar a perda de peso e resultar na redução do número de pessoas com hipertensão, diabetes e outras enfermidades, o projeto ainda estimula a amizade e a socialização. Os resultados positivos são sociais e econômicos”, avaliou o prefeito, informando que enviou à Câmara Municipal Projeto de Lei (PL) para regulamentar o programa, tornando-o uma política pública oficial do município.

Coordenador do projeto, o educador físico e doutor em saúde Jaime Tolentino destacou o empenho da prefeitura em prol da proposta. “O prefeito abraçou a causa como um instrumento de saúde e qualidade de vida. O programa é feito com 100% de recursos municipais. É um projeto de saúde preventiva, com um custo baixíssimo. Uma proposta que pode ser levada para o Estado e o Brasil, como um programa de saúde pública. Ele muda a vida das pessoas, torna os cidadãos mais proativos, produtivos e saudáveis”, ressaltou.

Participantes destacam melhoria na qualidade de vida

Houve, ainda, depoimentos de pessoas que participam das atividades, de educadores físicos e nutricionistas. Os participantes destacaram melhoria na qualidade de vida, redução de males como depressão, hipertensão, dores lombares e cervicais, e índices de colesterol e glicose, por exemplo. A qualidade dos professores e demais profissionais envolvidos também foi bastante elogiada, assim como a oportunidade de fazer novos amigos e ampliar entrosamentos.

 “Eu já eliminei sete quilos, meu colesterol e minha glicose voltaram ao normal, não dependo mais de remédios. Hoje, minha alimentação está melhor com a reeducação alimentar acompanhada pela nutricionista. E não é só isto, além da saúde, tem a qualidade vida, os amigos que fazemos, o entrosamento, é tudo muito bom”, elogia a professora Helena de Jesus Caldeira Braga, que pratica as atividades do “Mexa-se” há pouco mais de um ano.

“Estamos lidando com pessoas e é maravilhoso ver as mudanças positivas, são histórias de vidas que passam a ser outras. Este programa veio para transformar Sete Lagoas e, quiçá, Minas Gerais. Vale a pena cada quilo perdido, o sono que volta, as doenças que são eliminadas, melhora tudo. Só venho aqui reforçar que o “Mexa-se” é maravilhoso e espero que propague”, destacou a educadora física Cida Araújo.

Deputados propõem ampliação do projeto

Autor do requerimento que originou a reunião, o presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB) elogiou a qualidade do programa e os resultados positivos, não apenas para a sociedade local, como também para os cofres públicos. “Este projeto deve, inclusive, servir de modelo para outras cidades. Num contexto de 20% de aumento do número de diabéticos, que já são cerca de 14 milhões - o que resulta em acréscimo também da quantidade de hipertensos e de pessoas propensas a acidentes vasculares cerebrais (AVCs), entre outro males - é essencial que existam propostas como esta, que é focada na saúde preventiva”, apontou Arlen Santiago. Ele ainda criticou o subfinaciamento da área de saúde, tanto por parte do governo do Estado, quanto da União.

Também questionando o governo, no que tange subfinanciamento da área e também ao corte de programas similares que existiam no âmbito do Estado, o deputado Carlos Pimenta (PDT) destacou a necessidade de incentivar outros prefeitos a conhecer e implantar o programa. “Quantos infartos e outras doenças, exames, medicamentos podem ser evitados. Este projeto mostra que, com baixo custo e boas ações administrativas, dando importância à pessoa, é possível fazer a diferença”, considerou.

As palavras dele foram endossadas pelos deputados Antônio Carlos Arantes (PSDB) e Antônio Jorge (PPS). Para o deputado Antônio Carlos Arantes foram apresentadas ações positivas, que dão certo e podem ser implementadas em outras localidades. “Este projeto pode ser feito da cidade mais rica até a mais pobre. A saúde começa na prevenção. Além disso, vimos aqui, nos depoimentos, que essas atividades ainda integram as pessoas, aumentam a autoestima, são pessoas de bem ocupando positivamente os espaços públicos. Esta é a audiência mais feliz que eu já acompanhei aqui na Assembleia”, concluiu Antônio Carlos Arantes.

O deputado Antônio Jorge, além dos elogios ao projeto, também criticou cortes de verbas públicas para a área, ressaltando a paralisação das obras dos hospitais regionais, como o de Sete Lagoas, que já estaria em fase final. Segundo ele, a comissão deve pressionar mais o Executivo em prol da conclusão dos hospitais que estão com obras adiantadas, como a unidade que citou, e também o de Juiz de Fora, entre outros que, segundo ele, estariam com mais de 80% de suas construções já executadas.

Visitas e Audiências - Na reunião, foram ainda aprovadas a realização de três visitas técnicas, que atendem a requerimentos dos deputados Glaycon Franco (PTN) e João Alberto (PMDB). A primeira solicita a presença da comissão no Ministério Público do Estado (MPE) para debater a situação da Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto (Região Central do Etado), bem como apresentar os resultados da audiência pública sobre os problemas da instituição. A outras propõem a ida da comissão ao mesmo hospital para verificar as suas condições de funcionamento, e também ao secretário de Estado de Saúde, a fim de debater as condições de funcionamento daquela Santa Casa e os encaminhamentos resultantes da audiência.

O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago, requer reunião com convidados para debater o não recebimento pelo Conselho Estadual de Saúde da Programação Anual de 2016, conforme determina a lei, antes do envio da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016 para a ALMG. O mesmo parlamentar solicita, ainda, audiência em Viçosa e Cataguases, ambas cidade da Zona da Mata, para debater a situação da saúde nestes municípios.

Já o deputado Antônio Jorge requer audiência pública conjunta com as Comissões de Educação, Ciência e Tecnologia; e de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo para debater estratégia de fomento para crescimento do setor de Biotecnologia e Ciência da Vida e melhorar a competitividade das empresas.

Consulte o resultado da reunião.