Moradores de Esmeraldas reivindicam água e esgoto
Famílias dependem de poços artesianos, caminhões-pipa ou são obrigadas a comprar água.
29/09/2015 - 22:58 - Atualizado em 30/09/2015 - 12:36A população de Esmeraldas (Região Metropolitana de Belo Horizonte) se queixa da falta de investimentos da Copasa em abastecimento de água e saneamento básico e apresentou suas reivindicações, nesta terça-feira (29/9/15), à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em audiência pública realizada no município. “Estamos tirando o dinheiro da comida para comprar água”, queixou-se a moradora Ana Gonçalves, que vive no bairro Vale das Esmeraldas com uma família de 20 pessoas.
De acordo com o prefeito Glacialdo de Souza Ferreira, Esmeraldas é um município extenso, com dezenas de comunidades, mas a maior parte delas não conta com rede de abastecimento de água. A carência de saneamento básico é ainda maior: apenas 14% de cobertura. “Cerca de 80% do município depende de poços artesianos. Só que esses poços às vezes não têm vazão, às vezes não há energia”, afirmou o prefeito. Ele afirmou que a Copasa assinou um contrato com o município em 1997, mas não tem realizado os investimentos prometidos.
O bairro de Ana Gonçalves, o Vale das Esmeraldas, é um dos mais prejudicados. Os poços artesianos locais estão secando e já não conseguem atender as centenas de famílias. Enquanto alguns bairros nessa mesma situação estão sendo atendidos por caminhões-pipa da Copasa, o Vale das Emeraldas não conta nem mesmo com esse serviço, e os moradores têm que pagar R$ 150 para comprar água de caminhões particulares.
No bairro Vianinha, a Copasa já instalou a rede de abastecimento de água. No entanto, não há pressão para atender as famílias que vivem nas áreas mais altas. Essas famílias dependem do caminhão-pipa, que não aparece com regularidade. “Já ficamos vários dias sem água”, queixou-se o morador Jeferson de Souza. “Está havendo um revezamento de ruas no abastecimento com caminhão-pipa”, criticou a vereadora Valéria Benevenuto.
Copasa admite necessidade de obras
O superintendente operacional da Copasa para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, Clébio Antônio Batista, admitiu que a empresa tem um dívida enorme com diversos municípios, inclusive Esmeraldas. Esse passivo, segundo ele, é decorrente do crescimento desordenado da região, muitas vezes com loteamentos clandestinos.
Segundo Batista, de 89 comunidades de Esmeraldas, 54 já contam com rede de abastecimento instalada. Ele admitiu, no entanto, que a carência é ainda muito grande, tanto de abastecimento quanto de saneamento básico. “Temos projetos para quase toda a cidade, mas a demanda de recursos é grande”, afirmou. Segundo ele, esses projetos foram orçados entre R$ 75 e R$ 80 milhões, em 2009. Ele prometeu levar as reivindicações e protestos da população de Esmeraldas à direção da Copasa.
Autoridades vão cobrar soluções da Copasa
Autora do requerimento para realização da audiência pública, a deputada Marília Campos (PT) sugeriu algumas providências e encaminhamentos para tentar resolver os problemas apresentados. A comissão deverá requerer à Copasa que providencie caminhões-pipa para atender as comunidades desassistidas. Também deverá solicitar à empresa a apresentação de um plano de investimentos em saneamento para a cidade. Ela propôs a organização de uma comissão de autoridades municipais e de moradores, para cobrar e acompanhar as gestões junto à Copasa. A comissão foi formalizada ao final da reunião. “Mesmo depois de tanto sofrimento, vocês não estão cansados de lutar. Estamos comprometidos com essa luta”, parabenizou a deputada.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Cássio Soares (PSD), elogiou a iniciativa e prometeu empenho para atender as reivindicações. Ele afirmou que será encaminhado um outro requerimento à Copasa, relativo a outra solicitação da vereadora Valéria Benevenuto: o fornecimento de um caminhão limpa-fossa, uma vez que a prefeitura não está conseguindo atender a demanda da população que não conta com rede de esgotamento sanitário.