Participantes da audiência debateram a importância da igualdade de gênero e de estímulos formais que garantam maior presença feminina na política
Rosângela Reis falou sobre a exigência, para as campanhas eleitorais, de percentual de candidatas afiliadas a partidos

Coronel Fabriciano quer protagonismo feminino na política

No Vale do Aço, Comissão Extraordinária debate ampliação da participação das mulheres em espaços de poder.

11/09/2015 - 18:33

O Brasil precisa equilibrar as disputas eleitorais com políticas públicas que estimulem o protagonismo feminino. A importância da igualdade de gênero e de estímulos formais que garantam mais mulheres na política pautaram as discussões da audiência pública que a Comissão Extraordinária das Mulheres da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou nesta sexta feira (11/9/15) em Coronel Fabriciano (Vale do Aço).

Lembrando que as mulheres representam mais de 50% do eleitorado brasileiro, a presidente da comissão, deputada Rosângela Reis (Pros), responsável pelo requerimento que originou a reunião, enfatizou a importância de as disputas eleitorais serem mais equilibradas. Para ela, além da equiparação, é essencial mais mulheres ocupando também espaços de liderança.

A parlamentar citou matérias que tramitam em âmbito estadual e federal propondo percentuais mais equilibrados entre homens e mulheres nas campanhas eleitorais. Ela ressaltou a tramitação, na ALMG, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/15, que visa a assegurar que a Mesa Diretora da Casa assegure, no mínimo, uma vaga para o sexo feminino.

Rosângela Reis lamentou o “uso de mulheres como laranjas, apenas para cumprir a exigência do percentual legal” nas campanhas eleitorais. Para a deputada, é fundamental que as mulheres participem de verdade e, sobretudo, que tenham chance nas disputas. Nesse sentido, alertou, é primordial que as direções dos partidos reconheçam o valor da presença feminina, “de fato e não para cumprir cota”.

A deputada informou que, após estudar os estatutos de diversas legendas, a comissão deliberou o encaminhamento de uma carta àquelas que não priorizam o sexo feminino, a fim de solicitar que incluam a paridade de gênero (com pelo menos 50% de mulheres candidatas). Além disso, a carta sugere que 5% do fundo partidário seja destinado às campanhas femininas, para as mulheres tenham chance de disputa com mais igualdade.

Para a parlamentar a luta para ampliar o número de mulheres na política é suprapartidária. “Cada vez mais, ocupamos diversos espaços com muita competência nas empresas e comunidades, mas a esfera política ainda é muito masculina, e a entrada da mulher é muito difícil. Por isso, temos de nos mobilizar nesta luta por mais espaço”, alertou.

Apoio - Representando a bancada feminina da Câmara Municipal de Coronel Fabriciano, as vereadoras Andréia Martins Botelho, Carmem Rodrigues (Carmem do Sinttrocel) e Eusiméria Duarte Queirós manifestaram apoio à campanha por mais mulheres na política.

“Há anos temos sido usadas somente para fazer número, mas representamos a diferença nos espaços políticos. Muitas pessoas se queixam de decepção com a política. O ruim não é a politica, mas sim os falsos políticos. As mulheres precisam ter coragem, enfrentar as dificuldades e ocupar o seu lugar”, destacou Carmem do Sinttrocel.

 “A mulher enfrenta dificuldades para atuar como vereadora. Eu também encontrei portas fechadas e preconceito. Mas é gratificante quando conseguimos quebrá-los e conquistar benefícios para a comunidade. Temos de nos unir cada vez mais, eleger mais mulheres, fazer uma corrente para romper as barreiras”, declarou Eusiméria Queiros.

Primeira mulher a eleger-se vereadora em Coronel Fabriciano, Andréia Botelho reclamou do preconceito que muitas ainda enfrentam. “As mulheres atuam com honestidade, responsabilidade e respeito pelo bem público”, disse.

Sensibilidade para enfrentar desafios

Kátia Regina Santana Souza, gerente da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço, destacou que o sexo feminino enfrenta os desafios com sensibilidade. “A mulher exerce muito bem o papel de mãe, mas já mostrou que tem capacidade de ocupar outras esferas. Quando estamos em um cargo de poder, agimos com sensibilidade, principalmente nas áreas política e social. Aumentar a participação das mulheres nos espaços públicos será um grande avanço para toda a sociedade”, concluiu.

As presidentes dos conselhos Municipal da Mulher e da Mulher Empreendedora, respectivamente Maria da Assunção Santos Fonseca e Maria Zilda Machado Torres, também se manifestaram em favor da equiparação entre homens e mulheres na política. “Não estamos guerreando com os homens; podemos caminhar lado a lado”, avaliou Maria Zilda.

Único homem presente à mesa, o superintendente regional de Saúde, Wagner José Rodrigues Barbalho, enfatizou as ações bem-sucedidas que executou em parceria com mulheres. “Os maiores projetos que já realizei foram feitos com mulheres. Precisamos mudar conceitos e quebrar paradigmas. Não faltam motivos para defender que as mulheres participem mais na esfera política. Elas têm capacidade de doar e generosidade nas decisões”, elogiou.

Consulte o resultado da reunião.