Rede de assistência é arma de Pará de Minas contra as drogas
Projetos municipais integram secretarias de Saúde, Educação, Cultura, Esporte e Assistência Social.
08/09/2015 - 13:05 - Atualizado em 08/09/2015 - 15:00Projetos desenvolvidos por meio de uma rede integrada de assistência com o objetivo de reprimir o uso de drogas em Pará de Minas (Região Central) foram apresentados aos deputados da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso do Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em audiência pública realizada nesta terça-feira (8/9/15) no município. A reunião foi solicitada pelo deputado Antônio Jorge (PPS).
O secretário municipal de Saúde de Pará de Minas, Cléber de Faria Silva, destacou que o trabalho vem sendo feito em rede, com o envolvimento das secretarias de Educação, Assistência Social, Esporte e Cultura, além da Saúde. Segundo ele, o público-alvo hoje reflete várias idades, inclusive idosos, o que era diferente num passado recente. “Atendemos cerca de 100 pessoas todos os meses. Buscamos, assim, contribuir com as comunidades terapêuticas para que o serviço possa ser regulado. Queremos resultados efetivos e ágeis para a sociedade”, disse.
Ainda em sua fala, Cléber Silva relatou que, hoje, existem nove comunidades terapêuticas na região e que um dos carros-chefe do município é o desenvolvimento do programa “Girassol a Viagem do Bem”, que dá suporte à comunidade escolar.
O prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio, lamentou que a burocracia dificulta o combate às drogas e, por isso, destacou que é preciso melhorar as políticas públicas sobre o tema. Em sua participação, o chefe do Executivo local reforçou o trabalho em rede no atendimento aos usuários e familiares. “Ainda é um desafio reduzir o consumo das drogas, porque estamos iniciando um processo. Acredito que a responsabilidade é de todos para que possamos mudar essa triste realidade”, salientou.
A presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas, Neide Maria Almeida, ponderou que o trabalho é recente, mas tem conseguido bons resultados. Para ela, o objetivo é desafiador porque ainda não se sabe exatamente qual é a melhor solução. “Desde janeiro, quando iniciamos nossos atendimentos, visitamos as comunidades e promovemos ações de articulação dos projetos de governo. Precisamos de apoio do Estado e da União no enfrentamento às drogas”, cobrou.
Desafio é garantir financiamento para ações preventivas
O vereador Rodrigo Varela solicitou à comissão que seja feita uma articulação com os governos Estadual e Federal para que haja um melhor aparelhamento das forças de segurança e, assim, um efetivo combate ao tráfico de drogas. Para ele, é preciso atacar mais fortemente a origem do problema, que está na própria população. “É no aliciamento feito pelos criminosos que as famílias têm o primeiro contato com as drogas. E lá que temos que atuar”, sugeriu.
O secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Daniel Fioravante, também defendeu que o gargalo é a precariedade no financiamento das ações de combate ao uso de drogas. Na sua avaliação, a integração trabalhada pela Prefeitura é o melhor caminho para desburocratizar o serviço, mas ele entende que as comunidades terapêuticas dependem de um maior cuidado por parte do poder público.
Parlamentares lamentam avanço das drogas
O presidente da Câmara Municipal de Pará de Minas, vereador Carlos Roberto Lázaro, afirmou que as drogas se espalham de maneira assustadora não só nos grandes centros urbanos, mas também em cidades menores. Na opinião dele, é preciso que se criem bases para que a população tenha uma consistente rede de serviços para o atendimento aos usuários. O chefe do Legislativo municipal defendeu, ainda, que a resposta, principalmente às famílias, seja ágil e eficaz.
Os deputados Antônio Jorge e Fabiano Tolentino (ambos do PPS) destacaram, ao final, o trabalho da Assembleia de ouvir a população em todo o Estado, com o objetivo de construir políticas estaduais sobre drogas. “Em Minas Gerais, 70% dos municípios já foram vitimados pelo efeito do crack. Hoje, são 15 mil usuários no Estado, e as comunidades terapêuticas estão passando por um momento difícil, com a falta de repasse e fiscalização rígida, que até inviabiliza muitas dessas entidades”, lamentou o deputado Antônio Jorge.