A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização debateu a construção de centro de convenções de Poços de Caldas
Deputados lamentaram o atraso da obra, cujos recursos já estão alocados

Poços de Caldas cobra construção de centro de convenções

Obra do novo centro de eventos foi suspensa por ação civil pública do Ministério Público.

04/09/2015 - 14:35

Lideranças de Poços de Caldas (Sul de Minas) cobram a construção de um centro de convenções, considerado essencial para o desenvolvimento do turismo de negócios, mas cercado de controvérsias quanto à sua localização. Durante a audiência pública que a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou nesta sexta-feira (4/9/15) na cidade, foram muitas as críticas à suspensão das obras do centro de eventos.

Requerida pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), a reunião tratou de aspectos como a localização adequada do centro de convenções e as questões que têm dificultado a concretização da obra. Segundo o parlamentar, o novo espaço de eventos é primordial para o desenvolvimento da cidade. Conhecida pela vocação turística ligada ao entretenimento, devido à natureza privilegiada e às águas termais, com o novo espaço de eventos, o município teria enriquecida uma nova modalidade de turismo: o de negócios, que pode impulsionar toda a região.

Polêmica - O deputado Dalmo Ribeiro Silva fez um histórico sobre a obra e sua suspensão, que seria decorrente de uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público (MP), alegando questões ambientais impeditivas no terreno. Segundo o parlamentar, o projeto já havia sido aprovado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e foram iniciadas obras de terraplanagem e de construção de uma via de acesso ao local.

A região e o terreno escolhidos, que geram a polêmica, teriam sido previamente determinados por uma comissão, após estudos técnicos. Entretanto, recentemente houve a indicação de um novo local, o que tem causado divergências e contestações.

“Não podemos continuar nesta polêmica, perdendo tempo, quando os recursos já estão alocados. Eu lamento a ausência do atual prefeito, que foi convidado a vir aqui discutir a questão com a sociedade. Este debate visa a evitar decisões só de gabinete, a ouvir a população. Vamos solicitar à Codemig a revisão do caso. O Estado precisa reconhecer o que já foi gasto, reconsiderar a suspensão da obra e saber da importância do centro de eventos para o município e a região”, alertou o deputado Dalmo Ribeiro Silva.

Complementando a opinião do deputado, a vereadora Maria José Scassiotti de Souza lembrou que a área está pronta para a edificação. “Não podemos ficar desperdiçando recursos públicos”, alertou.

Para o ex-deputado Carlos Mosconi, a construção do centro de eventos tem mesma importância que outrora tiveram as edificações do Palace Cassino, do Palace Hotel e das Termas Antônio Carlos, que proporcionaram a Poços de Caldas um desenvolvimento que marcou a cidade definitivamente. “O centro de convenções pode gerar renda, desenvolvimento e novos empregos para toda a região. Por isso, é preciso somar esforços, independentemente de divergências político-partidárias”, destacou.

Estudos confirmariam viabilidade da área

O ex-prefeito de Poços de Caldas, Sebastião Navarro, gestor que nomeou a comissão e autorizou o início das obras de construção do centro de convenções, disse que a ideia era descentralizar o desenvolvimento do município. Ele ressaltou que a escolha do terreno só foi concretizada após estudos técnicos. “Essa questão ambiental levantada agora é um pretexto para inviabilizar a construção de uma obra que valorizaria demais a região Sul da cidade”, enfatizou.

A afirmação do ex-prefeito foi corroborada pelo consultor técnico da Fundação Gorceix, o geólogo Paulo Scudino, para quem a questão ambiental não é impeditiva à construção. Segundo ele, uma equipe multidisciplinar da fundação realizou estudos na área, por meio de sondagens e análise matricial dos impactos, considerando aspectos geológicos, de engenharia ambiental e socioeconômicos. A conclusão dessa avaliação é de que o terreno é viável, com baixo índice de vulnerabilidade na área da construção, uma vez que a obra não afetaria de forma significativa as águas termais. Scudino informou que essa análise foi apresentada inclusive para a Codemig.

O juiz Márcio Silva Cunha, que presidiu a comissão responsável pela seleção da área, destacou que foram apontados seis possíveis locais, em diferentes pontos da cidade, e a escolha do terreno obedeceu a aspectos técnicos. Segundo o magistrado, a determinação do terreno, que, nas palavras dele, estaria situado no coração de duas das regiões mais carentes da cidade (Oeste/Sul), atendeu ao maior interesse da sociedade, sobretudo em relação à mobilidade, tendo sido a única área que atendeu a todos os aspectos propostos, sem sufocar as vias públicas.

Criticando o novo local apontado e o desperdício de recursos já investidos, o juiz defendeu que ao iniciar esse tipo de obra, são essenciais estudos técnicos considerando os impactos ambiental e urbanístico. "Não pode haver improviso”, defendeu.

Deputados aprovam requerimentos em apoio à causa 

O vice-presidente da comissão, deputado Wander Borges (PSB), manifestou o apoio da ALMG à causa e lamentou a ausência do prefeito, destacando que esta seria uma excelente oportunidade para o gestor ouvir a comunidade e achar uma solução para o impasse. O parlamentar lembrou o gasto já feito na área definida e o fato de o projeto já ter sido aprovado pela Codemig.

A deputada Geisa Teixeira (PT) disse que buscou dados sobre o assunto com a Codemig, lembrando que a construção do centro de convenções foi uma promessa de governos anteriores e é preciso considerar o momento, que é de início de uma nova gestão no Estado. Ela lembrou os fóruns regionais de governo, que na sua opinião são a instância adequada para a sociedade local levar essa e outras demandas. “Não tenho dúvida de que o governador Fernando Pimentel vai olhar com empenho para essa demanda”, concluiu.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva apresentou uma série de requerimentos endereçados à prefeitura, ao Governo do Estado, à Codemig e a outros órgãos públicos. Além disso, propôs que a ALMG constitua uma comissão especial para acompanhar as questões relacionadas à obra do centro de convenções. Todos os requerimentos foram aprovados.

Consulte o resultado da reunião.