Representantes da Secretaria de Estado de Esportes, da Federação Mineira de Futebol (FMF), da Polícia Militar (PMMG), das arenas esportivas e da imprensa foram unânimes em favor do retorno das torcidas divididas nos clássicos entre Atlético e Cruzeiro. No debate realizado pela Comissão de Esporte, Lazer e Juventude da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (1º/9/15), deputados e convidados ponderaram, no entanto, que a decisão final depende dos clubes.

De acordo com o presidente da comissão e autor do requerimento que motivou a audiência pública, deputado Anselmo José Domingos (PTC), o regulamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) determina que o clube mandante das partidas deve disponibilizar 10% dos ingressos para o visitante. Para ele, essa regra traz mais insegurança ao torcedor do que a divisão por igual das torcidas.

O parlamentar lembrou que, antes da reforma dos estádios Mineirão e Independência para a Copa do Mundo, as torcidas dividiam a carga de ingressos e não havia problemas críticos. “Hoje os estádios são mais seguros, com melhor controle de separação, videomonitoramento, com empresas de segurança privada e o apoio da PMMG. O cenário, então, é muito mais favorável”, defendeu.

Ainda em sua fala, ele reforçou que é preciso promover um diálogo entre clubes, gestores das arenas, polícia e federação. “O ganho será de beleza do espetáculo, de segurança e de melhoria de arrecadação. A próxima reunião deveria ser promovida pela FMF, de modo a estimular o acordo entre Atlético e Cruzeiro”, sugeriu.

Os deputados Geraldo Pimenta (PCdoB) e Fábio Avelar Oliveira (PTdoB) concordaram com o presidente da comissão ao dizer que não veem razão para que as famílias e os amigos não possam ir juntos ao estádio, mesmo torcendo para times diferentes. “Vai trazer mais alegrias e entusiasmo e mais segurança do que a divisão dos ingressos pela proporção 90% por 10%”, alegou o deputado Geraldo Pimenta.

Polícia Militar se diz preparada atender o desejo dos clubes

O diretor de Apoio Operacional da PMMG, major Harley Moreira, afirmou que a corporação sabe seu papel e vai trabalhar para atender o que for definido. Segundo ele, a polícia tem condições e irá se preparar para todas as possibilidades. “A decisão está na mão dos clubes. A reabertura do Mineirão, após as reformas para a Copa do Mundo, foi num clássico com as torcidas divididas por igual, e a segurança foi feita sem problemas”, afirmou.

O superintendente de Gestão de Estrutura Esportiva da Secretaria de Estado de Esportes, Diego Jardim, destacou que, desde que haja a garantia das autoridades de segurança, em especial no estádio Independência, a pasta apoia o retorno das torcidas divididas. Ele também disse que a decisão é dos clubes e acha difícil a mudança já para o próximo clássico, no dia 13 de setembro, uma vez que houve uma partida com mando do Atlético neste ano.

O secretário-geral da FMF, Adriano Aro, colocou-se a favor do clássico com duas torcidas em mesma proporção por entender que a medida valoriza o espetáculo e aumenta a arrecadação de clubes, arenas e Estado. Em atenção à sugestão do deputado Anselmo José Domingos, prontificou-se a promover o diálogo entre os clubes.

Administradores dos estádios também apoiam torcida dividida

O gerente técnico da Minas Arena, que administra o Mineirão, Otávio Goes, garantiu que o estádio tem estrutura para receber as torcidas em carga de ingressos divididas, até porque isso já foi feito na reabertura do estádio.

O gerente Operacional da Arena Independência, Hélber Gurgel Carneiro, também mostrou-se favorável à medida, mas pediu que o debate seja aprofundado, principalmente no que se refere à adequação da estrutura dos estádios, tanto no que diz respeito à acomodação dentro das arenas quanto ao acesso aos locais dos jogos.

O presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos, Afonso Alberto, também criticou a atual forma de divisão de ingressos (na proporção 90% e 10%), e lembrou que os jogos com torcidas em mesmo número sempre aconteceu e a PMMG garantiu a segurança adequada. “Todo mundo é a favor, mas se faz necessário que o regulamento seja alterado pelos clubes”, alertou.

Atlético apoia medida desde que haja garantia de segurança

O assessor administrativo do Clube Atlético Mineiro, Paulo César Ribeiro, afirmou que o time tem interesse na volta das torcidas divididas, mas pede garantias de segurança para os torcedores. Segundo ele, o futebol é reflexo da realidade do País, em que a violência urbana existe e é preocupante. “É fundamental um trabalho de conscientização dos torcedores. Não se pode ignorar a violência, o que faz necessária uma atenção especial ao problema”, salientou.

O jornalista Orlando Augusto disse que o Cruzeiro não foi comunicado da reunião, mas que, em conversa com seu diretor de Comunicação, Guilherme Mendes, disse que o clube é favorável à volta da torcida dividida. Ele destacou que a preocupação de muitos torcedores é com a volta das torcidas divididas associada à autorização da venda das bebidas alcoólicas nos estádios.

Nesse sentido, o presidente da comissão esclareceu que o Cruzeiro foi convidado para o debate e, apesar de lamentar a ausência de um representante do clube, mostrou-se animado com a intenção da retomada do diálogo.

Requerimento – Após o debate, foi aprovada solicitação do deputado Anselmo José Domingos para que seja realizada uma audiência pública da comissão com o objetivo de debater a profissionalização da arbitragem do futebol mineiro.

Consulte o resultado da reunião.