Manifestação religiosa que une heranças africanas a tradições católicas, o congado foi homenageado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na última sexta-feira (21/8/15). A Reunião Especial foi realizada no Plenário, atendendo a pedido do deputado Glaycon Franco (PTN).

"Propus esta homenagem porque considero o congado uma das mais importantes riquezas religiosas e culturais do Brasil e que tem, felizmente, suas raízes tão firmes em Minas Gerais”, disse o parlamentar. “É a fé que canta e dança; que se materializa tanto nos olhinhos da criança que se inicia nas fileiras como em cada fio de cabelo branco do ancião que insiste em não deixar morrer essa fé, a memória e a devoção aos antepassados”, completou.

A homenagem foi recebida pela congadeira Isabel Casimira Gasparino, filha da Rainha Conga de Minas Gerais, Isabel Casimira das Dores Gasparino, falecida recentemente. “Estou aqui representando todas as pessoas que compõem o Reinado de Nossa Senhora do Rosário”, ressaltou a homenageada.

"Recebo essa placa em nome de minha mãe, que muitas vezes recebeu homenagens em nome de sua mãe, minha avó preta-velha Maria Cassimira”, completou, exaltando as características familiares e as tradições orais que envolvem o congado.

Congado pode se tornar patrimônio imaterial

Atualmente, o congado passa pelo processo de reconhecimento como patrimônio cultural imaterial, a chamada “salvaguarda”. O projeto encontra-se em fase de análise no Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e no Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). Os dois órgãos já estão realizando registros e inventários das guardas de congado.

Um dos maiores símbolos da cultura afro-brasileira, o congado é uma homenagem a Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos escravos, e presta culto aos antepassados. A manifestação se dá em forma de cortejo, no qual os integrantes exibem roupas coloridas e enfeitadas com fitas em tons que representam o manto da santa de devoção. As músicas são de origem africana, apesar de já serem cantadas em português.

O cortejo conta com vários personagens, entre os quais se destaca o rei, que representa o lendário Chico-Rei. Conta-se que um monarca africano teria sido sequestrado e enviado, ao lado da família, para o Brasil. A esposa e a filha teriam morrido ainda no navio, mas Chico sobreviveu, foi escravo nas minas de ouro brasileiras e conseguiu comprar sua alforria. Em seguida, teria adquirido uma mina de ouro e usado toda a riqueza conquistada para comprar a liberdade de outros escravos. Ele teria posteriormente fundado a irmandade que deu início aos cortejos de congado.