Uberlândia quer fomentar esporte e turismo
Comissões se reúnem em busca de estratégias para desenvolver essas duas atividades na região.
10/08/2015 - 19:11O incremento do tráfego aéreo com destino a Uberlândia e outras importantes cidades do Triângulo Mineiro; o apoio do poder público às empresas de hotelaria e para o desenvolvimento do esporte e do turismo regional; e o resgate de eventos culturais e esportivos no município foram algumas das principais reivindicações defendidas durante a audiência pública conjunta das Comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Esporte, Lazer e Juventude da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na tarde desta segunda-feira (10/8/15) na cidade.
A necessidade de intervenções urbanas, como a construção de pontes e viadutos para facilitar o trânsito de veículos, a adoção de uma política tributária que favoreça os investidores e a valorização dos recursos humanos e da formação de atletas foram outros pontos defendidos na audiência, que teve por objetivo debater estratégias e políticas para o desenvolvimento do esporte na região e destacar a importância do Praia Clube como centro de formação de atletas. O clube, onde foi realizada a reunião, está completando 80 anos e vem se firmando como um relevante centro de formação e desenvolvimento da prática esportiva e do turismo cultural e de negócios no Triângulo Mineiro.
O requerimento para a reunião partiu do vice-presidente da Comissão de Turismo, deputado Felipe Attiê (PP), que destacou a importância de se estabelecer políticas para o turismo de negócios e de lazer em Uberlândia e região, ressaltando o papel do Praia Clube nessa tarefa. Ele lembrou o Festival de Dança do Triângulo, que reunia até seis mil pessoas na década de 1990, mas que depois acabou suspenso. Segundo ele, a queda de receita entre 1996 e 2003 esvaziou o evento, "que precisa ser resgatado". O parlamentar também defendeu a modernização do aeroporto de Uberlândia e criticou as principais companhias aéreas (TAM, Gol e Azul), que introduziram mudanças reduzindo a oferta de voos, em prejuízo dos usuários.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) conduziu a reunião, ressaltando a importância de se traçar um diagnóstico sobre os desafios para o desenvolvimento de políticas para os setores de turismo e esporte na região. Ele defendeu políticas mais efetivas de apoio por parte do poder público no sentido de contribuir para o desenvolvimento do Triângulo Mineiro.
A audiência também contou com a participação dos deputados Luiz Humberto Carneiro (PSDB), Anselmo José Domingos (PTC), Leonídio Bouças (PMDB), Elismar Prado (PT) e Arnaldo Silva (PR), além do secretário de Estado de Esporte, Carlos Henrique.
O deputado Leonídio Bouças frisou que a presença de duas comissões da Assembleia em Uberlândia para a realização da audiência pública demonstra o prestígio da cidade e o interesse do Poder Legislativo pela região. Ele também ressaltou a importância da comemoração dos 80 anos do Praia Clube, lembrando que a instituição tem sido responsável por grandes investimentos em esporte, destacando-se com suas equipes de futsal, basquete e vôlei e fazendo parte das grandes disputas nacionais.
Representante da região, o deputado Elismar Prado afirmou que Uberlândia tem tradição nas áreas de esportes e turismo de negócios. “Por isso, é fundamental fomentar essa vocação que o Praia Clube tem. O clube é referência na área de esportes e tem revelando grandes atletas, assim como a própria cidade de Uberlândia”, afirmou. O parlamentar lembrou também que a cidade está instalando 40 academias em todos os bairros, “dando oportunidade à população para a prática esportiva”.
Já o deputado Anselmo José Domingos lembrou que Uberlândia vai acolher a delegação irlandesa durante as Olimpíadas de 2016. Ele disse esperar que o Uberlândia Esporte Clube retorne à 1ª divisão do Campeonato Mineiro de Futebol a partir do ano que vem. Por fim, o deputado Arnaldo Silva destacou a importância do esporte como meio de afastar os jovens das drogas.
Oferta de voos é desafio para o turismo na região
O presidente do Clube de Diretores Lojistas (CDL) de Uberlândia, Cícero Heraldo de Oliveira Novaes, disse que a cidade tem muito a oferecer nas áreas de esporte e turismo. Contudo, ele reclamou da falta de voos para Uberlândia, devido às recentes mudanças introduzidas pelas principais companhias aéreas que servem à região. Para ele, não há como desenvolver o turismo com essa carência na área de transportes.
Luiz Gustavo Fernandes, do Uberlândia Convention & Visitors Bureau, disse que a cidade conta com vários eventos esportivos e dispõe de uma estrutura boa para atender os visitantes. Por outro lado, ele defendeu que a iniciativa privada possa contar com mais apoio do governo a fim de desenvolver ainda mais o setor turístico.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ronaldo Alves Pereira, disse que mesmo num contexto de recessão econômica por que passa o País, Uberlândia tem dado exemplo, procurando trazer grandes eventos para a região. Ele lembrou que a cidade sediou há pouco mais de dois meses o 1º Encontro Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), antes só realizado nas grandes capitais, bem como a Convenção do Conselho Regional de Contabilidade.
Já o presidente da Associação das Agências de Viagens do Triângulo Mineiro, Francisco Otávio Vianna, defendeu a importância de se alavancar o turismo regional a partir do turismo corporativo. Ele também defendeu que seja revista a questão do tráfego aéreo na região.
Secretário de Esporte destaca a realização de grandes eventos
O secretário de Estado de Esporte, Carlos Henrique, disse que é prioridade da sua pasta interiorizar suas ações, dando às cidades do interior a oportunidade de receber eventos esportivos, bem como qualificar equipamentos esportivos desses municípios, por meio de projetos em parceria com o Ministério do Esporte, como o investimento nos polos esportivos de Uberlândia.
Ele destacou, também, o recente Mundial de Handebol masculino, realizado na cidade durante 14 dias e que injetou R$ 8 milhões na economia local. E previu que os Jogos Universitários Brasileiros, a serem realizados em outubro, devem responder pela injeção de aproximadamente R$ 6 milhões de reais só na rede hoteleira. O secretário citou ainda outros projetos, como a construção do parque aquático de Uberlândia, a ser concluído até o final do próximo ano, acrescentando que a Secretaria está empenhada em promover outros grandes eventos na região, em parceria com as prefeituras e o Ministério do Esporte.
O secretário mencionou ainda a inclusão de cidades do Triângulo, como Uberlândia e Uberaba, no tour da Tocha Olímpica, “um momento importantíssimo para que o povo da região tenha contato direto com a tocha, nesse evento organizado pelo Comitê Olímpico Internacional”. Finalmente, referiu-se às delegações da Irlanda e dos atletas paraolímpicos que ficarão sediados em Uberlândia, projetando a cidade em nível nacional e internacional. E concluiu afirmando que até abril a Secretaria vai criar o Campeonato Estadual de Futebol Amador, mencionando ainda o projeto de recuperação de campos de várzea com recursos do Governo Federal.
O diretor-presidente da Federação Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer (Futel), Márcio Teixeira Nobre, agradeceu ao secretário de Esporte por levar a Uberlândia alguns grandes eventos esportivos, como o Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia, que reuniu 200 atletas; o Mundial de Handebal, “que mexeu com a economia da região”; e os Jogos Universitários, a serem realizados em outubro. Agradeceu também pelos investimentos feitos nos polos esportivos da região e pela retomada das obras do parque aquático da cidade.
Falta investir em equipes locais, avalia professor
O diretor da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Guilherme Gularte de Agostini, pediu licença para discordar um pouco das afirmativas que o antecederam, lamentando que a cidade tem sediado grandes eventos, como campeonatos mundiais, mas não investe em recursos humanos. Ele disse que a faculdade que dirige conta com 19 professores, seis dos quais dedicados ao esporte paraolímpico, e, entretanto, esses profissionais são subutilizados. “Parece que Uberlândia não se preocupa com recursos humanos, só com obras e grandes eventos”, criticou. “Acabamos de sediar grandes eventos, como o Mundial de Handebol, mas pergunto: cadê o time de handebol da cidade? Que investimentos em recursos humanos são feitos nas competições escolares de Uberlândia?”, questionou.
O presidente do Praia Clube, Carlos Augusto Ribeiro Ferreira Braga, e o diretor de Esportes do Clube de Caça e Pesca Itororó, João dos Reis Cândido Rodrigues, criticaram o baixo investimento governamental no esporte. Carlos Augusto lamentou também a forma como são elaborados os calendários esportivos, pedindo mais atenção para as equipes do interior. E lembrou que além do Mundial de Handebol, o Praia Clube também sediou campeonatos de tênis, com 1.500 atletas, e de basquete, com 24 seleções. “O Praia Clube não faz isso com verbas públicas, mas com seu próprio orçamento”, disse, informando que a entidade investe em escolas de natação, futebol, futsal, peteca e outras modalidades, a maioria em categorias de base.
O presidente da Liga Uberlandense de Futebol, Renato Batista dos Santos, pediu mais valorização para o esporte amador e para os que trabalham na área, afirmando que o esporte é um dos maiores instrumentos de inclusão social da cidade.