Deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitaram na tarde desta quarta-feira (8/7/15) a sede da Rede Globo Minas, em Belo Horizonte. Os deputados Arlen Santiago (PTB), Carlos Pimenta (PDT), respectivamente presidente e vice da comissão, e ainda, Antônio Jorge (PPS) foram recebidos pelo diretor regional da emissora, Marcelo Matte. Também participaram do encontro o diretor de jornalismo da TV Globo, René Astigarraga, e o gerente de comunicação José Amaro Siqueira, além de assessores dos parlamentares.

O deputado Arlen Santiago destacou que a comissão está fazendo uma espécie de "peregrinação" a todos os setores envolvidos direta ou indiretamente com a questão da saúde. E o objetivo desses encontros é tentar sensibilizar as lideranças para a necessidade de discutir a crise vivenciada pela área. Ele pediu apoio de Marcelo Matte no sentido de orientar a equipe de jornalismo para que desenvolva pautas enfocando o drama da saúde no Brasil.

O deputado entregou a Matte uma série de reportagens e artigos abordando os problemas na saúde brasileira, tais como o fechamento de hospitais, mau atendimento em postos de saúde, ações judiciais exigindo tratamento e medicamentos caros. Na opinião do parlamentar, todo esse quadro tem como causa central o subfinanciamento da saúde. “Com sua política de ajuste, o Governo Federal cortou 30% do orçamento da saúde neste ano, o que corresponde a R$ 11 bilhões. Como resultado disso, muita gente vai morrer por falta de atendimento”, alertou.

O presidente da comissão também entregou ao executivo da TV Globo dados sobre a situação crítica de hospitais no Estado. Entre os casos de estabelecimentos que já fecharam as portas devido à falta de recursos, o deputado Arlen Santiago citou as Santas Casas de Ouro Preto (Região Central do Estado) e de Nanuque (Vale do Mucuri). E lembrou que foram fechados 13 mil leitos hospitalares no País, sendo 4 mil de maternidades.

Tabela do SUS - De acordo com o deputado Arlen Santiago, a crise da saúde também tem relação direta com a defasagem da tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele deu o exemplo de preços de alguns procedimentos com valores muito abaixo dos praticados pelo mercado. “Por uma cirurgia de amígdala, o SUS paga apenas R$ 306,50; um parto não vale nem o preço de um ingresso para o Mineirão; para uma biopsia de mama, só pagam R$ 68,00”, lamentou.

O deputado Carlos Pimenta acrescentou que a crise na saúde não se resume apenas ao setor público, mas se espalha também pela iniciativa privada. Prova disso, afirma ele, é a grave situação financeira dos planos de saúde, o que estaria comprometendo o funcionamento de planos como o da Unimed no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Se nada for feito, vários planos vão fechar e a saúde privada ficará restrita a algumas poucas empresas de seguro saúde”, advertiu.

Já na avaliação do deputado Antônio Jorge, a nação brasileira deve decidir se quer ou não gastar os recursos necessários para que o brasileiro tenha um atendimento adequado na saúde. Ele lembrou a época em que foi secretário de Estado de Saúde no governo de Antonio Anastasia, afirmando que a relação do setor com a imprensa é difícil. Segundo o deputado, o enfoque é sempre sobre os problemas do atendimento, sem valorização de boas iniciativas.

Quanto a esse aspecto, Marcelo Matte disse que a orientação para a equipe da Globo Minas é sempre a de dizer não ao sensacionalismo e ouvir todas as partes envolvidas. Em relação aos aspectos da crise na saúde, o diretor observou que, em épocas de crise, como a atual, a área social, especialmente a saúde e a educação públicas, é a mais atingida. Por fim, ele agradeceu a iniciativa da comissão de visitar a emissora: “É importante que vocês chamem nossa atenção para os dilemas enfrentados pela área, de forma que fiquemos mais atentos a essa problemática”.