Lei Seca trouxe redução de acidentes, segundo especialistas
Dados apontam efetividade das ações de fiscalização e queda no número de acidentes com mortos ou feridos gravemente.
30/06/2015 - 21:57 - Atualizado em 01/07/2015 - 11:25Entre 2011 e 2013, houve uma queda de mais de 30% dos acidentes de trânsito com mortes na Capital, segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Para os especialistas reunidos em audiência pública da Comissão de Prevenção e Combate ao uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (30/6/15), a redução dos acidentes está intimamente ligada às ações da Lei Seca, aprovada em 2008.
Conforme informou a gerente de Epidemiologia da PBH, Lúcia Paixão, foram registrados 231 acidentes com mortes em 2013, uma redução de 107 ocorrências em relação a 2011. No mesmo período, a porcentagem de pessoas que foram pegas em blitzes com mais álcool no sangue do que o permitido também apresentou uma queda de 12% para 2% dos motoristas testados.
Pesquisa do Ministério da Saúde de 2013, por sua vez, aponta que apenas 5,1% dos belo-horizontinos entrevistados assumiam beber e dirigir, enquanto mais de 6% afirmaram cometer a infração em 2012.
De acordo com Mônica Mendes, representante da BHTrans, os dados apontam a contribuição de ações intersetoriais para a redução de mortes no trânsito e a efetividade da Lei Federal 11.705, a Lei Seca. “Quando o Estado ocupa o espaço público e as pessoas percebem que a fiscalização é efetiva, dá resultado”, afirmou.
Todos os participantes da reunião foram unânimes em defender campanhas de conscientização, o controle da propaganda de bebidas alcoólicas, a rígida aplicação das leis e o monitoramento dos resultados alcançados como o caminho a ser seguido. Uma das maiores inspirações para a redução drástica dos acidentes causados por motoristas alcoolizados é a campanha ostensiva de prevenção ao uso do tabaco ainda em curso no Brasil, que fez do País um exemplo mundial no combate ao fumo.
“O assunto é preocupante, uma vez que Minas é o Estado com mais mortes causadas pelo abuso de álcool e drogas”, afirmou o deputado Léo Portela (PR). Segundo o deputado Antônio Jorge (PPS), não há como negar os avanços no combate ao problema, mas muito ainda precisa ser feito para que o País alcance “níveis civilizatórios” em relação aos acidentes de trânsito.
O parlamentar classificou como essencial a intensificação das blitzes da Lei Seca e a punição dos infratores, mas ponderou que um dos principais desafios é incentivar uma mudança comportamental da sociedade. “Existe uma diferença entre conhecer uma solução e colocá-la em prática”, pontuou.
Pesquisas apontam dimensão da influência do álcool em acidentes de trânsito
Se há uma evolução em curso para a conscientização de motoristas sobre os efeitos nocivos do álcool no trânsito, dados da pesquisa de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas (Vigitel) de 2014 do Ministério da Saúde apontam a urgência de se combater o problema.
Segundo o levantamento, os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes no País. Em Belo Horizonte, uma das cinco capitais selecionadas pela pesquisa, os acidentes com mortes ou pessoas feridas gravemente ocorrem em maior número entre adultos de 25 a 34 anos - na sua grande maioria, homens. O consumo de álcool é a segunda maior causa de acidentes com mortes (17%) na capital mineira, atrás apenas da imprudência dos motoristas. Os principais grupos de risco são os motociclistas, entre os mais jovens, e os idosos, maiores vítimas de atropelamentos.
O perigo oriundo da mistura entre álcool e direção pode ser maior do que se imagina. O consumo de um chope basta para causar prejuízos na condução dos veículos. Após tomar dois chopes, o risco de o indivídio se envolver em um acidente fatal cresce nove vezes. Esses são apenas alguns exemplos utilizados por Valdir Ribeiro, membro da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais, para destacar o perigo de beber e dirigir.
Não por acaso, estatísticas da Secretaria de Estado de Saúde indicam que 50% das causas externas de mortes no Estado estão relacionadas aos acidentes de trânsito – com a expressiva contribuição de motoristas alcoolizados.