Casa de acolhimento cobra auxílio do poder público
Instrução normativa federal só permite apoio governamental a instituições públicas de atendimento a usuários de drogas.
23/06/2015 - 19:41A Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou, nesta terça-feira (23/6/15), o centro de acolhimento de dependentes químicos Casa Azul, na região Nordeste de Belo Horizonte. O espaço recebe usuários e os incentiva a se tratarem na rede pública de saúde. Entretanto, o idealizador do projeto, o pastor Wellington Vieira, cobra o apoio do poder público nas ações da instituição.
Segundo o presidente da comissão, deputado Antônio Jorge (PPS), atualmente uma instrução normativa federal do programa “Crack, é possível vencer” só permite a parceria do Poder Executivo com unidades de acolhimento em estruturas públicas. “Um erro. Esse trabalho exige desprendimento, vocação. Encontramos isso na sociedade civil”, avaliou.
O deputado Antônio Jorge explicou que a visita à Casa Azul faz parte do plano da comissão de conhecer as experiências das instituições voltadas à recuperação de dependentes químicos, para criar uma interlocução maior com a sociedade e replicar em todo o Estado os pontos positivos do trabalho desenvolvido. “Queremos que atos normativos permitam ações da sociedade. A Casa Azul tem tido grande êxito”, afirmou.
O pastor Wellington Vieira informou que a instituição sobrevive do financiamento de entidades parceiras, mas que o apoio da administração pública multiplicaria os serviços oferecidos. “Essa instrução normativa atrapalha; só o governo não percebe a importância desse trabalho. Com dez casas como esta, resolveríamos o problema do crack em Belo Horizonte”, afirmou.
A Casa Azul funciona como um primeiro suporte ao dependente químico. O usuário, encaminhado ou acompanhado por alguém, tem seus dados coletados, recebe utensílios de higiene pessoal, toma banho, é alimentado e se hospeda no espaço - inicialmente, por 24 horas. Caso concorde, o dependente químico é encaminhado para a rede pública de recuperação, para que receba atendimento.
Recuperação – Coordenador da Casa Azul, Almir Alves dos Santos é um exemplo vivo do trabalho de recuperação dos dependentes químicos. Ex-usuário de álcool e drogas, ele era um dos acolhidos do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (Credeq), projeto nos moldes de uma comunidade terapêutica também fundado pelo pastor Wellington Vieira. “O pastor reparou minha dedicação, minha vontade de ajudar, e me convidou para gerir a Casa Azul, criada há dois anos. Hoje tenho respeito e dignidade”, comemorou.
Almir Santos acredita que em Belo Horizonte não há um trabalho como o oferecido pela instituição, “sempre de portas abertas para todos”. Ele informou que as despesas de manutenção do trabalho desenvolvido na casa, pela qual já passaram mais de 2 mil dependentes químicos, giram em torno de R$ 15 mil por mês, e disse que a parceria com o poder público traria um alívio para a instituição.