Na tarde desta terça-feira (16/6/15), a Comissão Especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou parecer favorável à indicação de Júlia Amélia Mitraud Vieira para o cargo de presidente da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop). A votação do parecer se deu logo após a realização de sabatina da indicada. Agora, a indicação segue para apreciação do Plenário.

Na arguição pública, o relator e presidente da comissão, deputado Doutor Jean Freire (PT), fez questionamentos a Júlia Mitraud. Ele perguntou sobre os cursos ministrados pela Faop, principalmente os voltados para pessoas carentes.

Júlia Mitraud falou sobre o programa ARO – Artes, Restauros e Ofícios, que atende estudantes da periferia de Ouro Preto (Região Central do Estado). Para alunos entre 6 e 11 anos de idade, o curso busca inseri-los no universo da arte e da cultura popular. Já para estudantes de 12 a 18 anos, são ensinadas técnicas de restauro, de modo a qualificá-los para o mercado de trabalho. Ela acrescentou que, dos formandos do curso de conservação e restauro, 75% entram no mercado de trabalho. “A recuperação de objetos de arte e móveis históricos foi muito ampliada com o trabalho da Faop”, comentou.

O deputado Doutor Jean Freire defendeu que a Faop desenvolva mais parcerias com instituições de outras regiões do Estado. A dirigente concordou, lembrando que o secretário de Estado de Cultura, Ângelo Osvaldo, lhe solicitou que a Faop amplie sua atuação, de forma a valorizar outras culturas regionais. Ela avalia que, para atingir esse objetivo, é necessária a articulação com outras instituições municipais, estaduais e federais.

Por outro lado, Júlia Mitraud lembrou que a Faop já tem braços em outras regiões. “Já desenvolvemos projetos no Vale do Jequitinhonha, de valorização do saber tradicional e de resgate cultural. Também ministramos cursos em Contagem e Betim (RMBH) e na Capital”, informou.

Entidade depende de patrocínio de empresas

O deputado Thiago Cota (PPS) quis saber se o orçamento da Faop é suficiente para financiar a instituição. Júlia Mitraud esclareceu que a Faop busca suprir suas necessidades buscando o patrocínio de empresas privadas, por meio das leis de incentivo cultural.

A dirigente também considerou importante as estatais mineiras apoiarem financeiramente a Faop. “Elas precisam olhar por nós, porque damos retorno à sociedade”, defendeu. Um dos resultados do trabalho da entidade exemplificados por Júlia Mitraud foi a restauração do Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). “Esse espaço funciona também como um centro de desenvolvimento social e econômico. Acompanhei Ouro Preto antes do Centro de Convenções e hoje vejo claramente a melhoria da cidade”, enfatizou.

A presidente da Faop informou que o orçamento aprovado para a instituição em 2015 é de R$ 4 milhões, mas que esse valor não é executado totalmente. Segundo ela, as despesas com custeio chegam a R$ 800 mil anuais, bancadas com recursos do Tesouro Estadual. Já R$ 1,9 milhão são destinados a gastos com pessoal, e a entidade precisa contratar prestadores de serviço para algumas atividades. Aos projetos da Faop são destinados R$ 800 mil.

Júlia Mitraud fez questão de elogiar a realização de concurso para a Faop no ano passado. De acordo com ela, antes, o corpo técnico era contratado ou era formado por ocupantes de cargos comissionados. “A instituição era muito sensível a isso, pois quando se mudava o grupo político no poder, também era trocado todo o corpo funcional. Com o concurso, isso vai mudar”, afirmou.

Currículo - Júlia Amélia Mitraud Vieira é bacharel em Tradução e tem licenciatura em Letras pela Ufop. Foi secretária de Turismo e Cultura de Ouro Preto, onde também exerceu o cargo de diretora de Turismo. Foi ainda gerente comercial e gerente executiva do Centro de Artes e Convenções da Ufop e diretora do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da Ufop. Ela ainda atuou em várias funções ligadas ao Festival de Inverno de Ouro Preto, como coordenadora executiva em 2012 e 2013, e, por fim, como coordenadora de hospedagem do Fórum das Letras, de 2005 a 2009.

Faop - Criada em 1968, a missão da Faop foi, desde o início, oferecer um espaço para a produção e o estudo da arte. A instituição disponibiliza um leque variado de cursos, entre eles o de formação de conservadores e restauradores, que resultou no primeiro curso técnico na área reconhecido pelo Ministério da Educação. A Fundação atua por meio de políticas públicas, parcerias sociais, comunitárias e educativas, realizando ações de conservação, restauração, fazeres tradicionais e da arte contemporânea em seus mais diversificados suportes e linguagens. A instituição possui quatro casas do século XIX em Ouro Preto: o Complexo Cultural Casa Bernardo Guimarães, o Núcleo de Arte, o Núcleo de Conservação e Restauração e o Núcleo de Ofícios.

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