Secretário garante continuidade do Parque da Gameleira
Possibilidade de fechamento de centro agropecuário na Capital preocupa criadores de cavalos.
08/04/2015 - 20:07O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho, garantiu a continuidade do Parque de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte. Ele participou de audiência pública da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (8/4/15). A reunião contou com a participação de várias entidades que representam criadores de cavalos, preocupados com a possibilidade de transferência do centro agropecuário para outro local.
“Realizaremos a grande exposição estadual na primeira semana de junho, para a qual convido todos a levarem seus animais. Não podemos deixar que o evento seja um fiasco. Contamos com vocês”, disse o secretário.
A notícia deixou aliviados os criadores de cavalos, tendo em vista que desde 2013 fala-se na possibilidade de fechamento do parque de exposições.
O gerente do parque, Mendelssohn de Vasconcelos, também comemorou a garantia dada pelo secretário. “O parque é um patrimônio, por sediar as exposições nacionais mais importantes, e eu fico muito satisfeito com a sua continuidade”, destacou.
Muitos dos participantes da reunião, como o presidente da comissão, deputado Fabiano Tolentino (PPS), relataram ter, desde a infância, lembranças de visitas ao parque de exposições, para ver os cavalos em competição. “Precisamos de uma visão diferenciada da equinocultura. A área emprega muito, gera negócios”, afirmou.
Brasil tem o quarto maior rebanho de equídeos do mundo
O Brasil tem 8 milhões de equídeos, que formam o quarto maior rebando do mundo. Em todo o País, 640 mil pessoas são empregadas pela equinocultura. Segundo o representante da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina, Alessandro Moreira Procópio, em Minas Gerais 50% dos cavalos são usados para trabalho e em fazendas. “Cavalo deixou de ser coisa de gente rica”, afirmou.
Representando a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador, Thiago de Rezende Garcia ressaltou a importância da equinocultura para o Estado. “Muita gente vê a criação de cavalos como hobby, mas a realidade não é essa. Dos nossos quase 10 mil sócios, mais da metade são mineiros. Além disso, grande parte dos eventos nacionais acontecem aqui”, disse.
Criadores de cavalos precisam superar desafios
O representante da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pampa, José Carlos Magalhães, frisou que a atividade precisa de mais divulgação e capacitação. “A indústria automobilística está fazendo sua propaganda e captando benefícios federais. Os produtores rurais precisam se empenhar mais, buscar verbas e superar o problema da falta de informação”, defendeu.
O presidente da Comissão Técnica de Equinos da Secretaria de Estado de Agricultura, Renato Ourives Neves, concordou que é preciso colocar o tema em pauta na mídia. “O controle sanitário tem de ser menos empírico e mais científico. Além disso, é preciso desburocratizar e padronizar procedimentos”, afirmou.
O representante da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina, Alessandro Moreira Procópio, colocou como desafios a realização de pesquisas científicas, a formação de mão de obra, a disseminação de conhecimento e a garantia de sanidade dos animais.
Doenças - Sobre a saúde dos cavalos, a técnica do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Valéria Maria de Andrade Almeida, disse que a anemia infecciosa equina e o mormo (uma doença infecciosa) são as duas principais enfermidades que atingem os equídeos brasileiros. Ambas não têm cura, vacina ou tratamento, e a única forma de saneamento é o sacrifício dos animais. “Essas doenças são disseminadas na maior parte do País e no Estado inteiro, e infelizmente o quadro se repete há mais de 30 anos”, lamentou.
Segundo ela, o IMA tem tomado uma série de medidas para prevenir a disseminação dessas doenças, como fiscalização de eventos agropecuários e do trânsito de animais, cadastro de estabelecimentos com equídeos e educação sanitária. “Muitos criadores oferecem resistência para nos informar o número de animais que possuem, o que dificulta muito o nosso trabalho. Pedimos que todos registrem seus animais”, disse.
Deputados apoiam equinocultura
“Quem se alimenta só o faz porque um homem do campo colheu aquele alimento. O agricultor precisa de mais reconhecimento. E parte fundamental disso é fortalecer a equinocultura”, afirmou o vice-presidente da comissão, deputado Emidinho Madeira (PTdoB).
O deputado Nozinho (PDT) disse ter esperança de que o Governo do Estado invista no desenvolvimento da equinocultura, principalmente depois da decisão de preservar o Parque de Exposições da Gameleira.