A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai atuar como intermediária para que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) implante uma unidade no município de São José da Barra (Sul de Minas), onde hoje funciona o Centro de Treinamento de Furnas (CTFU), de propriedade da empresa estatal. A iniciativa foi comunicada pelo presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT), após visita ao local nesta terça-feira (7/4/15). Também participaram os deputados Cássio Soares (PSD) e Douglas Melo (PSC).

A transferência do CTFU para a UFMG é a proposta de Furnas para o aproveitamento do centro de treinamento, que está ocioso. Com 17 mil metros quadrados, dos quais 4 mil de área construída, o CTFU conta com 35 salas em funcionamento e quatro à disposição da prefeitura local, dez laboratórios e um auditório. Criado em 1962, já funcionou como um grande formador de técnicos para a própria central elétrica e outras empresas brasileiras.

De acordo com o gerente de Furnas, Marcos Alves de Morais, com a expansão da oferta de cursos técnicos, reduziu a necessidade de Furnas formar os próprios técnicos, e a estrutura atualmente está parcialmente ociosa. A gerente de Desenvolvimento de Pessoas, Flávia Daisson, disse que o centro tem capacidade para formar e treinar profissionais nas áreas de administração, informática, eletrônica, telecomunicações, eletrotécnica, sistemas de potência, equipamentos de usina, subestação, linhas de transmissão, operação, proteção, controle e tecnologia mecânica.

O deputado Douglas Melo reconheceu a importância que representaria a implantação de um polo da UFMG na região, mas advertiu para a necessidade de manter a qualidade atualmente assegurada por Furnas. “A UFMG precisa se estruturar para que o projeto siga em frente e não fracasse”, afirmou.

O deputado Paulo Lamac afirmou que a instalação da universidade será propulsora do desenvolvimento regional, a partir da formação técnica de excelência de profissionais em diferentes áreas. Ele explicou que a localização é estratégica e a estrutura que já existe pode ser aproveitada para cursos e pesquisas em engenharias, piscicultura e aquacultura, além de possuir uma estrutura hospitalar que também poderia dar suporte a cursos no setor de saúde.

O parlamentar admitiu, no entanto, que é um projeto ambicioso, pois a instituição de ensino precisaria investir na infraestrutura pedagógica. “Queremos a parceria da UFMG, mas, se não der certo, vamos buscar outras instituições que queiram participar desse projeto”, disse.

Prédio da escola de Furnas deve ser doado ao Estado

Outra escola que também funciona nas instalações da central elétrica está prestes a ser totalmente transferida para o Estado de Minas Gerais. A Escola Estadual de Furnas funciona num prédio da empresa, mas já é gerenciada pelo Governo do Estado, que também é responsável pelos 51 servidores, entre professores, serventes e funcionários administrativos, que trabalham no local.

A transferência já está sendo negociada com o Governo do Estado e só não se efetivou no ano passado em função do período eleitoral, que impedia esse tipo de doação, e de um erro na redação do termo de transferência. A escola atende 520 alunos em cursos dos ensinos fundamental, médio e técnico.

O deputado Cássio Soares explicou que a escola é considerada de excelência e até exporta profissionais formados nela para outros Estados. A transferência, segundo o parlamentar, será importante porque, como o prédio não pertence ao Estado, o governo fica impedido de fazer melhorias e outros investimentos. “A transferência será importante para que o Governo do Estado possa fazer investimentos maciços na escola”, disse.

O superintendente regional de ensino de Passos, Ricardo Medeiros, também confirmou que já está tudo acertado para a doação, faltando apenas as formalidades exigidas. “A parceria já existe, e com a finalização do processo, o Estado poderá assumir compromissos que agora não pode”, afirmou.

Furnas – Os deputados da Comissão de Educação visitaram outras instalações de Furnas. Conheceram a usina e os processos de geração e distribuição e, ainda, o Centro Técnico de Ensaios e Suporte a Manutenção de Furnas, onde funcionários da empresa passam por treinamento e reciclagem de conhecimentos.

A empresa, que pertence ao Governo Federal mas tem capital aberto (ações em bolsa de valores), foi construída pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek, entre 1957 e 1962, para evitar o colapso energético que ameaçava o País na época. Segundo o gerente da usina, Antônio Sérgio Araújo, o reservatório da hidrelétrica banha 34 municípios. A usina gera 1,2 megawatts/hora de energia elétrica, o suficiente para atender uma população de 5 milhões de pessoas.

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