A finalidade das visitas foi conhecer as condições de infraestrutura, logística e situação do corpo docente, bem como dos alunos que frequentam as duas escolas
Escola Estadual Ana Salles

Deputados veem escolas de Juiz de Fora em situação precária

Comissão de Educação verificou prédios de duas instituições com goteiras e janelas quebradas.

05/03/2015 - 16:25

Salas de aula com goteiras, paredes mal conservadas e janelas quebradas. Essa foi a situação encontrada por deputados em visita às escolas estaduais Ana Salles e Delfim Moreira, em Juiz de Fora (Zona da Mata). As atividades ocorreram nesta quinta-feira (5/3/15) e foram promovidas pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a pedido do deputado Noraldino Júnior (PSC).

A finalidade das visitas foi conhecer as condições de infraestrutura, logística e situação do corpo docente, bem como dos alunos que frequentam as duas escolas. No primeiro compromisso, os deputados estiveram na Escola Estadual Ana Salles, fundada em 1963. A diretora Luciane de Oliveira entregou aos parlamentares um documento com fotos e relatos sobre as condições da escola, que conta com 157 alunos, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e seis salas de aulas construídas com estruturas metálicas que se assemelham a containers.

Novo prédio - De acordo com Luciane de Oliveira, a quadra de esportes, que sempre alaga quando chove, está desativada e os forros das salas de aula ameaçam cair. Ela afirmou que espera pela construção de novo prédio desde 2009, quando foi protocolado um pedido formal enviado à Secretaria de Estado de Educação. “Nossa principal reivindicação é o início das obras. Já temos o terreno (vizinho à escola), falta interesse político para resolver o problema”, destacou.

Para a diretora, no atual estado, Ana Salles pode ser considerada a pior escola de Juiz de Fora em termos de infraestrutura. Ela conta que outro problema que atinge alunos e professores é a alta temperatura dentro das salas. “O termômetro que usamos aqui já chegou a marcar 55 graus”, disse. Segundo ela, as atuais condições prejudicam o rendimento de alunos e professores.

Os deputados, que entraram nas salas de aula, puderam verificar vidros de janelas quebrados, bem como o revestimento interno com trechos enferrujados. “É inadmissível, em pleno século XXI, ter uma escola nessas condições tão precárias. Como queremos combater o uso de drogas por estudantes e a evasão escolar nessas condições?”, questionou o deputado Isauro Calais (PMN).

Segundo o deputado Noraldino Júnior, a escola se localiza em uma área de vulnerabilidade social e é “inaceitável” continuar no estado em que se encontra. O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) também enfatizou a situação precária da escola e disse que pôde verificar as dificuldades que os alunos estão passando. Já o deputado Paulo Lamac (PT), presidente da Comissão de Educação, afirmou que é preciso “uma intervenção do Estado” para resolver os problemas.

Estudantes aguardam reforma de escola há quase dois anos

Logo após a visita à Escola Estadual Ana Salles, os deputados foram conhecer o edifício original da Escola Estadual Delfim Moreira. No prédio, que data de 1850 e é tombado como patrimônio histórico, as aulas foram suspensas há quase dois anos para uma reforma. Os cerca de 1.700 alunos dos ensinos fundamental e médio e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foram transferidos para um local provisório, onde antes funcionava uma faculdade. 

O novo lugar, cujo aluguel sai por R$ 32.500 ao mês, é considerado pequeno pela diretora Rita de Cássia Rotondo, e os estudantes estão sem aula de educação física por falta de local apropriado. Ela explicou, no entanto, que já está pronto um projeto para a reforma do prédio onde funcionava a escola. “Porém, não foi aprovado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), que alegou ser contrário à concretagem do assoalho, como está especificado no projeto”, disse. “Sem o documento aprovado, não há liberação de recursos para a reforma”, completou.

Vontade política - De acordo com a vice-diretora Rosely Oliveira Soares, “falta vontade política” para tocar o empreendimento. “É reflexo dos anos de descaso do Estado com a saúde e a educação”, opinou. A superintendente regional de Ensino, Fernanda Cristina Moura, que esteve presente em ambas as visitas, afirmou que o projeto da reforma da Escola Delfim Moreira está parado no Iepha desde novembro de 2014.

A superintendente destacou, também, a importância da presença dos deputados como forma de pressionar o Estado para promover as melhorias desejadas. Durante a visita, estudantes, professores e pais de alunos entregaram aos parlamentares um relatório com apontamentos sobre todos os problemas vivenciados nos dois prédios.

Abandono - O deputado Paulo Lamac reforçou a necessidade de uma intervenção do Estado também na Escola Estadual Delfim Moreira. “Encontramos no local uma situação de abandono. O imóvel está comprometido, com infiltrações, e bastante deteriorado pelo tempo”, ressaltou.

Ele disse que as duas visitas vão possibilitar a elaboração de um relatório pela comissão. “O documento, então, será encaminhado à Secretaria de Estado da Educação com um pedido de que se faça algo de modo urgente nas escolas”, frisou. Ele falou, ainda, que a ida às duas escolas é apenas o começo de uma série de visitas técnicas que a Comissão de Educação vai realizar para avaliar o estado da educação em Minas Gerais.

As duas visitas em Juiz de Fora também contaram com a participação do secretário municipal de Educação, Weverton Vilas Boas, de vereadores locais e assessores dos parlamentares.

Consulte o resultado da visita.