Novembro tem programação em homenagem a Aleijadinho

Atividades promovidas pela ALMG e pelo Governo do Estado lembram o bicentenário de morte do mestre do Barroco Mineiro.

04/11/2014 - 16:03 - Atualizado em 05/11/2014 - 17:47

No mês de novembro, uma extensa programação desenvolvida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com o Governo do Estado vai homenagear o bicentenário da morte de um dos maiores artistas do Barroco Mineiro: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Entre as atividades previstas no calendário estão a comemoração do Dia do Barroco Mineiro, o lançamento de uma medalha comemorativa e de publicações educativas, além da cerimônia da Ordem do Mérito Legislativo.

Essa programação foi elaborada por uma comissão curadora composta por pesquisadores, gestores e pessoas de notório saber na área. Além das ações desenvolvidas pela ALMG e pelo Governo do Estado, por meio das Secretarias de Cultura e de Turismo e Esportes, estão previstas parcerias entre prefeituras, arquidioceses e instituições do interior do Estado.

Obra de Aleijadinho é imortal

O Dia do Barroco Mineiro e o ano do Bicentenário de Aleijadinho foram criados pela Lei 20.470, de 2012, originária do Projeto de Lei 3.396/12, de autoria do presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP). O objetivo dessa iniciativa é preservar, valorizar e divulgar o patrimônio histórico, artístico e cultural vinculado ao Barroco Mineiro, à obra de Aleijadinho e aos demais expoentes desse estilo. A legislação prevê que as atividades comemorativas sejam realizadas anualmente, em 18 de novembro.

Para o deputado Dinis Pinheiro, a obra de Aleijadinho é imortal e reconhecida nos meios acadêmico e artístico, e as homenagens ao bicentenário de morte do artista são uma oportunidade para que sua obra seja popularizada e também para se resgatar a importância histórica do período barroco. “A redescoberta e a difusão desse período áureo na vida de Minas Gerais, a partir da comemoração do Dia do Barroco Mineiro, fará justiça às diversas formas de expressão fundamentais para a constituição de nossa identidade”, destaca.

A secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, também destaca a relevância das homenagens a Aleijadinho. “Essa temática não só é importante marca da identidade cultural mineira, como também constitui verdadeiro legado deixado ao patrimônio histórico e artístico de Minas Gerais”, enfatiza.

Programação tem lançamento de medalha e de publicações

No dia 13 de novembro, às 10 horas, no Expominas, a ALMG promove a solenidade de entrega da Ordem do Mérito Legislativo, que vai celebrar a vida e o legado de Aleijadinho para a humanidade. A Ordem do Mérito Legislativo é concedida todos os anos pela ALMG a personalidades de destaque, e a cerimônia deste ano tem como oradora oficial a empresária, colecionadora de arte e empreendedora cultural Angela Gutierrez.

Às 20 horas do dia 18 de novembro, data em que se comemora o Dia do Barroco Mineiro, será lançada na ALMG, pela Casa da Moeda do Brasil, a medalha comemorativa do bicentenário da morte de Aleijadinho. Neste ano, uma das faces da medalha será cunhada com a obra “Retrato de Aleijadinho”, de Euclásio Penna Ventura. Para estampar a outra face, foi escolhido, em votação popular, o profeta Daniel, escultura que adorna o Santuário de Bom Jesus do Matozinhos, em Congonhas (Região Central do Estado).

Na mesma solenidade na ALMG, também será lançado o livro "Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho", com textos da professora Cristina Ávila e fotos de Márcio Carvalho, em edição trilíngue. Trata-se de uma análise histórica sobre o Barroco Mineiro e sobre a importância de Aleijadinho. A publicação reúne fotografias mostrando conjuntos de obras, detalhes de algumas peças e análises estilísticas dos trabalhos de Aleijadinho. Os textos têm uma forma técnico-científica, porém numa linguagem acessível a todas as pessoas.

No dia 27 de novembro, às 19 horas, no Museu Mineiro, acontece o lançamento de quatro publicações temáticas: a cartilha elaborada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), com informações sobre Aleijadinho, voltada para alunos do ensino fundamental; a edição especial do Suplemento Literário (publicação oficial do Governo do Estado dedicada às artes e à literatura) sobre o Barroco Mineiro, com textos de intelectuais como Antonio Candido, Mário de Andrade e Sílvio de Vasconcelos; o catálogo da exposição Patrimônio Recuperado, com obras históricas recuperadas pelo Ministério Público; e o folder da exposição "O Barroco nas Coleções do Museu Mineiro".

Além disso, ao longo do mês de novembro, prossegue a série de concertos musicais Nosso Barroco Mineiro. O cravista Antônio Carlos de Magalhães apresenta música barroca mineira com comentários de especialistas. Estão programados concertos em Curvelo (15/11), Ouro Preto (19/11) e Congonhas (13/12), e já foram realizadas apresentações em outras nove cidades. A iniciativa é da ALMG com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG).

Como ações de instituições parceiras, destacam-se a 37ª Semana de Aleijadinho, que nesta edição alcança seis cidades mineiras; o Encontro sobre Patrimônio Sacro, que acontece em Campanha (Sul de Minas); e uma ação conjunta de todas as arquidioceses da Região Metropolitana de Belo Horizonte que possuem obras de Aleijadinho – ao meio dia do dia 18, todas irão tocar os sinos, de maneira sincronizada.

Confira a agenda comemorativa completa dos 200 anos de morte de Aleijadinho.

Aleijadinho, um mestre do Barroco

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto (Região Central do Estado), em 26 de junho de 1737. Foi iniciado no mundo das artes ainda criança, seguindo os ensinamentos do pai, Manoel Francisco Lisboa, e dos tios Antônio Francisco Pombal (carpinteiro responsável pela construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto) e Francisco Antônio Lisboa.

Aos 25 anos de idade, Antônio Francisco Lisboa já havia atingido a maturidade como mestre carpinteiro e passou a assumir obras de marcenaria, escultura e entalhe, liderando a própria oficina, que logo se tornou famosa em Minas Gerais em razão da grande qualidade artística e técnica, passando a ser requisitada para as obras mais importantes das mais exigentes irmandades religiosas.

Entre as suas obras primas estão os púlpitos, retábulo e portada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto; púlpitos, coro, altares colaterais e imagens sacras para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Sabará; púlpitos, retábulo e imagens sacras para a Igreja da Fazenda Jaguara, em Matozinhos; e o conjunto de imagens dos 12 profetas e dos passos da paixão em Congonhas, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade.

Por volta de 1778, Antônio Francisco passou a apresentar os sintomas de uma grave e progressiva doença, que lhe causou deformidades na boca e nos olhos e fez com que ele perdesse os dedos das mãos e dos pés, sendo necessário que seus escravos lhe atassem as ferramentas nos pulsos para que ele pudesse esculpir. Em razão da doença deformante surgiu o epípeto Aleijadinho, pelo qual passou a ser conhecido.

Depois de dois anos acamado na casa de sua nora Joana Francisca de Aragão Correa e padecendo de fortes dores, Antônio Francisco Lisboa faleceu em 18 de novembro de 1814, e foi sepultado em cova reservada à Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, no interior da Igreja Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto.