Moradores reivindicam as escrituras dos imóveis, o asfaltamento das ruas e a construção da rede pluvial
Segundo Hamilton Ribamar (à direita), a prefeitura e os moradores também têm parcela de responsabilidade no problema

Comissão vai cobrar investigação de venda irregular de lotes

Moradores de Coronel Fabriciano não têm escritura de imóveis comercializados pela Novo Reno.

11/08/2014 - 13:13 - Atualizado em 11/08/2014 - 14:56

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pretende solicitar a abertura de um inquérito policial para apurar a responsabilidade da empresa Empreendimentos Novo Reno Ltda. com relação aos loteamentos e à infraestrutura dos bairros Parque Industrial Novo Reno e Lagoa da Mata, em Coronel Fabriciano (Vale do Aço). Os moradores desses bairros, presentes em audiência realizada nesta segunda-feira (11/8/14) pela comissão, reivindicam as escrituras dos imóveis, o asfaltamento das ruas e a construção da rede pluvial. O requerimento dessas providências deve ser aprovado na próxima reunião da comissão.

De acordo com o advogado da empresa, Lucas Quadros da Silva, o bairro Industrial Novo Reno está devidamente aprovado e registrado em cartório. No entanto, os moradores ainda não possuem suas escrituras devido a uma questão na hipoteca dos terrenos. “Temos o documento que comprova o pagamento dessa hipoteca, mas estamos tentando resolver a questão de qual banco vai dar baixa nessa hipoteca. A partir daí vai ser possível que o morador regularize sua situação”, explicou.

Já no caso do bairro Lagoa da Mata, os lotes foram vendidos enquanto o projeto do empreendimento ainda estava na fase de aprovação, mas o loteamento foi embargado pela Justiça. Conforme explicou Silva, para cuidar da parte de infraestrutura dos imóveis, a Novo Reno contratou a Empresa Brasileira de Habitação, que recebeu alguns lotes do bairro Lagoa da Mata como pagamento pelo serviço. Essa empresa teria vendido sua parte dos lotes antes que o projeto fosse oficialmente aprovado, o que tornou o empreendimento ilegal, segundo avaliação da prefeitura.

De acordo com o advogado, como a área do bairro pertence à Novo Reno, a empresa está disposta a regularizar a situação por meio da doação da área, o que seria possível por meio de um acordo com o Estado e a prefeitura. Quanto às melhorias na infraestrutura, Silva justificou que a Novo Reno contratou uma empresa que não honrou seus compromissos, e que a prefeitura poderia participar como parceira na realização das benfeitorias reivindicadas pelos moradores. “Não se faz um projeto de regularização fundiária sem se gastar dinheiro, e esta é a situação crítica a ser resolvida. Mas a empresa está disponível para parcerias”, disse.

Responsabilidades - O diretor de operações da Novo Reno, Hamilton Ribamar, reconheceu a responsabilidade da empresa na venda dos lotes antes da aprovação final do projeto, mas disse que a prefeitura e os próprios moradores também têm sua parcela de responsabilidade no problema. Na sua avaliação, se o loteamento ainda não tinha sido aprovado, a prefeitura não deveria ter permitido a construção dos imóveis, e os moradores que compraram os lotes não deveriam ter construído sem ter a documentação dos terrenos.

Para deputado, moradores não têm culpa

O deputado Durval Ângelo (PT), que solicitou a reunião, ponderou que os moradores não podem ser considerados responsáveis pelo problema, na medida em que não tinham conhecimento jurídico da situação e tinham a necessidade de construir suas casas. O deputado ainda criticou o fato de alguns moradores pagarem impostos, como taxa de iluminação pública e IPTU, sem que a sua situação esteja regularizada. “Os moradores só têm deveres e obrigações”, disse. O deputado ainda cobrou que a prefeitura suspenda novos empreendimentos da empresa no município enquanto a situação dos dois bairros não for resolvida.

O morador do Parque Industrial Novo Reno, Dilson dos Santos Rodrigues, disse que tanto a prefeitura de Coronel Fabriciano quanto a Novo Reno já foram procuradas pelos moradores, de forma que a situação seja legalizada e os bairros recebam melhorias na infraestrutura, mas, segundo ele, nenhum dos dois fez nada até agora. “Ninguém assume a responsabilidade”.

O presidente da Associação de Moradores Novo Reno, Valmir Deusdedit Rufino, também criticou o fato de a prefeitura e a empresa transferirem a responsabilidade de uma para outra, enquanto as 64 famílias que hoje vivem nos dois bairros sofrem com o abandono das ruas, a precária infraestrutura e a falta de escritura dos lotes.