BH-TEC precisa de políticas públicas que viabilizem a existência de mais empresas no Parque Tecnológico
Para o gerente da Fapemig, empresas incubadas são como bebês: não sobrevivem sozinhas
Presidente da RMI destaca o potencial de crescimento das empresas em incubadoras mineiras
Gerente do BH-TEC explica que parques possuem empresas em vários estágios de desenvolvimento
Mais de 20 instituições compõem o Parque Tecnológico BH-TEC

Ciclo de debates vai abordar inovação tecnológica

Especialistas vão discutir importância de incubadoras e parques tecnológicos para Minas Gerais.

06/08/2014 - 15:25

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza, nesta terça-feira (12/8/14), no Plenário, o Ciclo de Debates Incubadoras e parques tecnológicos em Minas Gerais e sua contribuição para o desenvolvimento econômico do Estado. O evento tem, entre seus objetivos, contextualizar o conceito de incubadoras e parques tecnológicos e as contribuições desses ambientes de inovação para a sociedade; debater o potencial de ampliação da capacidade de geração de empreendimentos inovadores; discutir estratégias para a dinamização dos processos de geração de empreendimentos inovadores no âmbito das incubadoras de empresas; e definir políticas de apoio à atração de empreendimentos para os parques tecnológicos de Minas Gerais.

As inscrições estão abertas até segunda-feira (11) pelo hotsite do evento. O formato do ciclo é de palestras seguidas de debates. As palestras são feitas por especialistas no tema abordado e por representantes do poder público e da sociedade civil. Nos debates, é aberta a palavra para os participantes. O evento também será transmitido ao vivo pela TV Assembleia.

Programação tem palestras com especialistas

O ciclo de debates terá, às 9h30, a palestra “Incubadoras de empresas e parques tecnológicos: cenário atual e perspectivas”, ministrada pela presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Francilene Procópio Garcia. Às 10h15, ocorre o painel “Financiamento de parques científico-tecnológicos: estágios de desenvolvimento, responsabilidades, fontes de financiamento e políticas públicas”, com a participação da presidente substituta da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Maria Luisa Campos Machado Leal; do diretor do Instituto Inovação de Minas Gerais, Paulo Renato Cabral; e do gerente de Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Heber Pereira Neves. 

Na parte da tarde, às 14 horas, o painel “Povoamento dos parques científico-tecnológicos de Minas Gerais: empreendimentos tipo e políticas de atração” terá a participação do pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da PUC-RS, Jorge Luis Nicolas Audy; da diretora de Fomento ao Empreendedorismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Marina Brandão Dutra; e do diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), Ronaldo Tadeu Pena.

Às 15h30, ocorre o painel “Incubadoras: modelos e experiências”, com o analista da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae, Athos Vinicius Valladares Ribeiro; do vice-prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Wander Wilson Chaves; da diretora executiva do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa, Adriana Ferreira de Faria; e da CEO da Sociedade Mineira de Software, Flávia Guerra.

O diretor-presidente do Escritório de Prioridades Estratégicas do Governo do Estado, André Victor Barrence, fecha o evento às 16h30, com a apresentação do case “Programa Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development) – Construção de uma política pública de sucesso em empreendedorismo e inovação em Minas Gerais”.

Incubadoras apoiam ideias inovadoras

O que é uma incubadora? De acordo com informações da Anprotec, esse conceito define a entidade pública ou privada que tem por objetivo oferecer suporte a empreendedores para que eles possam transformar ideias inovadoras em empreendimentos de sucesso.

O gerente de Inovação da Fapemig, Heber Pereira Neves, explica esse conceito com uma comparação. “As empresas incubadas são como bebês, sem condições de sobreviverem sozinhas. Depois de alguns anos, tornam-se independentes o suficiente para irem para os parques tecnológicos. Lá, começam a gerar nota fiscal e empregos e a pagar impostos”, ilustra.

A incubadora oferece infraestrutura, capacitação e suporte gerencial, orientando sobre aspectos administrativos, comerciais, financeiros e jurídicos, entre outras questões. Existem incubadoras de base tecnológica (abrigam empreendimentos que realizam uso de tecnologias); tradicionais (dão suporte a empresas de setores tradicionais da economia); mistas (aceitam tanto empreendimentos de base tecnológica quanto de setores tradicionais); e sociais (que têm como público-alvo cooperativas e associações populares).

A empresa incubada que recebe suporte para o seu desenvolvimento pode ser residente (quando ocupa um espaço dentro do prédio da incubadora) ou não residente (quando tem sede própria). De acordo com o presidente da Rede Mineira de Inovação (RMI), Renato de Aquino Faria Nunes, o tempo médio de incubação de uma empresa é de três anos. “Em Minas Gerais, são 23 incubadoras. As empresas que ainda estão incubadas e as que já passaram pelas incubadoras já estão gerando empregos e receita para os cofres públicos, por meio da arrecadação de impostos", informa.

Potencial - Minas Gerais tem hoje em torno de 330 empresas oriundas das incubadoras. Um dos exemplos mais conhecidos de aproveitamento desse sistema de estímulo à inovação é a cidade de Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas), que antes era uma área rural e atualmente tem 153 pequenas empresas de tecnologia, segundo Renato Nunes. Ele acredita que Minas Gerais tem potencial para multiplicar pelo menos em cinco vezes o número atual de incubadoras.

Heber Pereira Neves, da Fapemig, destaca que seis empresas mineiras já venceram o concurso de melhor incubada do Brasil. “Isso só reforça a qualidade das empresas daqui. Muitas das que foram incubadas estão atualmente no mercado, gerando empregos e pagando impostos", afirma. "Esse é um mecanismo de suporte para que as ideias se tornem empresas. E muitas delas estão nas universidades, onde o conhecimento técnico é muito bom”, completa.

Parques tecnológicos integram pesquisadores e empresas

Um parque tecnológico é um complexo produtivo cujo foco são as empresas de base científico-tecnológica. Seu objetivo é promover a interação entre mão de obra qualificada, pesquisadores e empreendedores, de modo a criar um ambiente propício para crescimento das empresas. Enquanto as incubadoras são focadas nas empresas nascentes, dando suporte para que elas se estruturem e cheguem ao mercado, os parques tecnológicos possuem empresas em vários estágios de desenvolvimento, explica a gestora executiva do BH-TEC, Mariana de Oliveira Santos. “No parque tecnológico, os agentes de inovação trabalham em conjunto, numa troca permanente”, afirma.

De acordo com Renato Nunes, da RMI, os parques tecnológicos mineiros (três ao todo) são muito recentes e precisam de mais de dez anos para se consolidarem. “Sua dinâmica é diferente das incubadoras, que é de rápido retorno. Temos 11 universidades federais em Minas Gerais, e precisamos de políticas públicas para estimular esses parques”, afirma.

Heber Neves, da Fapemig, destaca que os parques são sempre multidisciplinares, englobando empresas que são potenciais parceiras umas das outras. Ele conta que, desde 2003, a Fapemig aloca recursos para incubadoras e parques tecnológicos. “Temos um edital que permitiu o investimento de R$ 8 milhões nas incubadoras selecionadas. Em 2013, 12 incubadoras tiveram projetos aprovados, sendo R$ 906 mil de investimento, dividido entre elas”, informa.

BH-TEC tem empresas na fila de espera

Ao todo, 22 instituições compõem o BH-TEC: 16 empresas residentes, duas não residentes, três centros de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Associação Mineira de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida (Ambiotec). A gerente Mariana Santos conta que o parque tem grande perspectiva de crescimento, com cerca de 100 empresas na fila de espera para se instalarem lá e a previsão da construção de uma nova sede da Fiocruz Minas (Centro de Pesquisas René Rachou).

O parque tecnológico é mantido por meio de parceria entre UFMG, Sebrae-MG, Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Prefeitura de Belo Horizonte e Governo do Estado. “Essas organizações têm ciência da importância de um parque tecnológico para o desenvolvimento econômico do Estado. No entanto, precisamos de políticas públicas que façam com que ele cresça na velocidade necessária. Sua receita ainda é aquém do custo de operação, e muitas empresas querem vir para cá", afirma.