ALMG lança programação em homenagem a Aleijadinho
Exposições, lançamento de livros e palestra são eventos previstos para marcar o bicentenário da morte do artista.
26/05/2014 - 13:42 - Atualizado em 26/05/2014 - 14:53O bicentenário de morte de Aleijadinho será marcado este ano com uma programação especial, que vai lembrar a vida e a obra daquele que foi um dos mais expressivos artistas do barroco mineiro. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (26/5/14), em entrevista coletiva realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que, juntamente com o Governo do Estado, é parceira das iniciativas planejadas para celebrar a data. Entre os eventos previstos estão exposições, encontros sobre o patrimônio cultural, publicações especiais e o lançamento de uma medalha comemorativa.
Para o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP), a obra de Aleijadinho é imortal e reconhecida no meio acadêmico e artístico, e as homenagens ao bicentenário de morte do artista são uma oportunidade para que sua obra seja cultivada e também popularizada.
O presidente ressaltou que a ALMG tem abraçado a área cultural e que neste ano vai homenagear Aleijadinho em sua cerimônia de agraciamento da Ordem do Mérito Legislativo, marcada para o dia 13 de novembro, no Expominas. Na ocasião, serão celebrados a vida e o legado artístico deixados por Aleijadinho para a humanidade.
O deputado Dinis Pinheiro também lembrou que, a partir desta segunda-feira (26), o busto de Aleijadinho, que fica no jardim de entrada do Palácio da Inconfidência, sede do Legislativo estadual, receberá uma iluminação especial, como forma de homenagear o artista.
A secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, fez uma retrospectiva e lembrou que o Dia do Barroco Mineiro e o ano do Bicentenário de Aleijadinho foram instituídos pela Lei 20.470, de 2012, originária do Projeto de Lei 3.396/12, do deputado Dinis Pinheiro. Ao falar sobre os eventos programados para o ano, a secretária reforçou que todo o calendário foi preparado para atender todos os tipos de público e para que pudesse receber novas atrações ao longo dos meses.
Entre os eventos destacados pela secretária estão a exposição “Patrimônio Recuperado”, no Museu Mineiro. A partir do dia 5 de junho, a mostra vai expor peças apreendidas pelo Ministério Público, explorando os aspectos da devoção dos objetos e o próprio processo do roubo, da perda e do resgate das peças.
Outro evento relevante, que vai dar visibilidade ao barroco mineiro, na opinião de Eliane Parreiras, é a exposição “Barroco Itália Brasil – Prata e Ouro”, na Casa Fiat de Cultura, a partir do dia 10 de junho. A mostra vai reunir obras do barroco italiano e do Barroco mineiro e brasileiro, traduzindo a riqueza histórica e artística do período colonial.
A secretária também disse que, em um segundo momento, haverá o envolvimento dos municípios mineiros e das arquidioceses que fazem a guarda de obras de Aleijadinho, e que também estão preparando programações especiais para homenagear o bicentenário de morte do artista. Também estiveram presentes à coletiva o secretário de Estado de Turismo e Esporte, Tiago Lacerda, e o 3º secretário da ALMG, deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT).
Medalha - Um dos eventos programados a partir desta segunda-feira (26) é uma votação popular que vai escolher qual imagem da obra de Aleijadinho deverá ser cunhada em uma medalha comemorativa que será lançada em 18 de novembro, data em que se comemora o Dia do Barroco Mineiro. A votação é uma iniciativa da ALMG em parceria com o Governo do Estado e o Clube da Medalha da Casa da Moeda, e poderá ser feita no Portal da ALMG até o dia 6 de junho.
Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto, em 26 de junho de 1737. Foi iniciado no mundo das artes ainda criança, seguindo os ensinamentos do pai, Manoel Francisco Lisboa, e dos tios Antônio Francisco Pombal (carpinteiro responsável pela construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto) e Francisco Antônio Lisboa.
Aos 25 anos de idade, Antônio Francisco Lisboa já havia atingido a maturidade como mestre carpinteiro e passou a assumir obras de marcenaria, escultura e entalhe, liderando a própria oficina, que logo se tornou famosa em Minas Gerais em razão da grande qualidade artística e técnica, passando a ser requisitada para as obras mais importantes das mais exigentes irmandades religiosas.
Entre as suas obras primas estão os púlpitos, retábulo e portada da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto; púlpitos, coro, altares colaterais e imagens sacras para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Sabará; púlpitos, retábulo e imagens sacras para a Igreja da Fazenda Jaguara, em Matozinhos; e as imagens dos 12 profetas e os passos da paixão de Congonhas, estes últimos reconhecidos pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade.
Por volta de 1778, Antônio Francisco passou a apresentar os sintomas de uma grave e progressiva doença, que lhe causou deformidades na boca e olhos e fez com que ele perdesse os dedos das mãos e dos pés, sendo necessário que seus escravos lhe atassem as ferramentas nos pulsos para que ele pudesse esculpir. Em razão da doença deformante surgiu o epípeto Aleijadinho, pelo qual passou a ser conhecido.
Depois de dois anos acamado e padecendo de fortes dores na casa de sua nora Joana Francisca de Aragão Correa, Antônio Francisco Lisboa faleceu em 18 de novembro de 1814, e foi sepultado em cova reservada à Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, no interior da Igreja Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto.
O maior expoente da arte colonial brasileira morreu desprovido de riquezas materiais. Seu imensurável legado foi deixado à humanidade e não pode ser medido em cifras.