Comissão de Cultura debateu a criação de um museu dedicado às artes plásticas e visuais
Yara Tupynambá acredita que o Estado tem um acervo de obras que precisa ser cuidado e mostrado

Artistas plásticos reivindicam criação de museu

Governo não tem espaço disponível para o projeto e diz que o primeiro passo é formar comissão de planejamento.

14/05/2014 - 15:14

Artistas plásticos mineiros reivindicaram nesta quarta-feira (14/5/14) a criação de um museu que pudesse suprir a antiga demanda de um espaço – segundo eles até o momento inexistente em Belo Horizonte - dedicado à divulgação e atuação do segmento. Embora tenham reconhecido a importância de um local específico para abrigar as artes plásticas do Estado, representantes da Secretaria de Cultura admitiram que ainda não há a definição de um espaço disponível para o projeto e nem mesmo uma proposta concreta para viabilizar a demanda. O assunto foi debatido em audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Segundo a diretora de Desenvolvimento de Linguagem Museológica, Ana Maria Azeredo Furquim Werneck, a primeira coisa a ser feita para a implementação de um museu dedicado às artes plásticas e visuais seria a formação de uma comissão constituída por pessoas ligadas à área cultural. Segundo ela, essa comissão discutiria questões ligadas à filosofia, à missão e ao planejamento do museu. De acordo com Ana Maria, o próprio espaço a ser ocupado pelo museu seria um do pontos a ser definido no âmbito da comissão. Ela também informou que no Circuito Cultural da Praça da Liberdade não há mais nenhum prédio que poderia ser destinado para a implantação do museu de artes plásticas.

O presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos Profissionais de Minas Gerais, Jorge Santos, disse acreditar que o Governo do Estado tem muitos espaços que poderiam abrigar esse museu. Já a artista plástica Marina Nazareth defendeu a ideia de extensão e atualização do Museu Mineiro, posicionamento que também foi apoiado por outros artistas, como o professor da Escola Guignard, Adriano Gomide. Nesse caso, o museu seria readequado para receber novos acervos.

Marina Nazareth explicou que Minas Gerais conta com o museu de Inhotim, que possui um acervo de arte contemporânea do século XXI, bem como com o Museu Mineiro, que tem coleções do século XVIII. “Precisamos implantar um museu com esses dois séculos (XIX e XX) que ficaram defasados”, defendeu.

A superintendente de Museus e Artes Visuais, Márcia Renó Macedo, disse que atualmente o Museu Mineiro não teria como atender essa demanda, devido à sua limitação de espaço. No entanto, ela achou interessante a ideia de ampliação do local. “Não adianta fazer outro espaço que não atenda a demanda”, ponderou. Ela lembrou que a decisão de criação de um espaço ou a readequação de um já existente vai depender de análises que ainda devem ser feitas, e que estão atreladas, primeiramente, à formação dessa comissão.

Artistas defendem papel dos museus na formação cultural da população

De acordo com a artista plástica Yara Tupynambá, há muito tempo os artistas têm procurado um espaço dedicado às artes plásticas no Estado, especialmente em função do expressivo crescimento da atuação do segmento, a partir dos anos 50. Segundo a artista, o Estado tem um acervo de obras que precisa ser cuidado e mostrado.

Yara Tupynambá também defendeu que ceramistas, pintores e escultores têm uma atuação muito grande e, portanto, precisam ter seus trabalhos expostos, bem como locais para cursos, conferências e encontros públicos. “Os museus têm hoje uma vivacidade, educam o público. Temos que formar o público, mas não temos espaço para isso”, concluiu.

O artista plástico Paulo Laender também defendeu a ideia de que, para sobreviver e sensibilizar a população, os museus têm que se constituir como organismos vivos. Para ele, “o museu é o depositário das referências artísticas de uma época”, mas que transforma e recicla a memória em coisas novas. “O museu não existe só para guardar o acervo, mas para formar a arte mineira constantemente”, disse. Por fim, o artista defendeu que os museus busquem maneiras de se auto-sustentar, de forma que não fiquem dependentes de leis de incentivo nem do financiamento de empresas.

Ao defender um espaço de referência para as artes plásticas e visuais em Belo Horizonte, o proprietário da Escola de Arte Maison, Glauco Moraes, defendeu que as artes plásticas têm o poder de reunir e agregar a população. Na sua avaliação, embora tenha havido um crescimento populacional e uma melhoria na condição financeira das pessoas, não houve um correspondente crescimento cultural.

Na avaliação do artista plástico Júlio Hubner, as artes plásticas aguçam e fomentam o olhar do visitante, tornando a pessoa mais perceptiva. Hubner defendeu a criação de um local específico para abrigar as obras do segmento, pois, segundo ele, os artistas mineiros ficam dependentes dos espaços particulares.

Requerimento – Ao fim da reunião, a deputada Luzia Ferreira (PPS), que solicitou a audiência, e o deputado Elismar Prado (PT) apresentaram um requerimento à Secretaria de Estado de Cultura e ao governador do Estado para que sejam tomadas as medidas para a criação de um espaço dedicado às artes plásticas e visuais, bem como para a criação da comissão que daria início ao processo de planejamento desse espaço.

Consulte o resultado da reunião.