A má qualidade dos serviços de telefonia e internet em São José da Lapa foi alvo de críticas de moradores e autoridades locais durante reunião da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na noite desta sexta-feira (9/5/14) na pequena cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O prefeito de São José da Lapa, Francisco Fagundes de Freitas, cobrou da Oi uma solução definitiva para os problemas vivenciados pela população. "A empresa recebe grande apoio do município, inclusive com imóvel doado pela prefeitura. Se não for interessante para ela investir aqui, vamos procurar outras saídas”, afirmou. Ele destacou que o sinal da telefonia celular e fixa é bastante problemático. “No posto de saúde, às vezes os médicos procuram sinal para ligar para outros hospitais, para saber se há leitos para transferência, e não conseguem falar”, reclamou.

A secretária municipal de Educação, Joana D’Arc dos Santos Costa, também reclamou da má qualidade dos serviços de telefonia e internet. “As funcionárias das escolas às vezes acordam às 5 da manhã para pegar um sinal melhor de celular para conseguir fazer o censo escolar. Nas creches, não é possível fazer nem receber ligações”, relatou.

O procurador do município, Diego Álvaro, também engrossou o coro das críticas. “São vários protocolos registrados na Anatel sem nenhum retorno. É uma situação frustrante”, disse.

Oi anuncia investimentos na melhoria do serviço

O representante de Relações Institucionais da Oi, Marcos Antônio Borges, frisou que a empresa fará, a partir da primeira semana de junho, uma expansão de 160 acessos no centro da cidade, o que vai ajudar a sanar parte da demanda. Ele também anunciou a ampliação de duas torres de transmissão já no primeiro semestre, com o objetivo de que o sinal de telefonia móvel melhore em toda a cidade. “Mas não posso prometer nenhum milagre. A verdade é que o investimento não acontece na rapidez da demanda", afirmou.

Segundo ele, a Oi tem apenas uma estação em São José da Lapa, na região central, e somente no entorno está disponível o serviço de internet banda larga. Nos bairros, não há rede de fibra ótica para garantir a oferta desse serviço. Marcos Antônio Borges informou que a instalação de fibra ótica custaria cerca de R$ 300 mil, o que não seria economicamente viável, e que, da forma como são prestados hoje, os serviços da Oi na cidade cumprem os pré-requisitos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O representante da Oi ainda disse que empresa está aberta para estudar uma forma de melhorar a qualidade do serviço de internet oferecido em São José da Lapa. Ele destacou que em 2013 a empresa investiu R$ 675 milhões em Minas Gerais. “Por que só a Oi teve interesse em trazer telefonia para cá?", questionou. Ele também argumentou que muitas obras em curso na cidade danificam os cabos de telefonia. “Temos que oferecer os reparos no prazo estabelecido, mas a verdade é que temos encontrado dificuldades”, concluiu.

Para deputado, telefonia é um direito de todos

O autor do requerimento que deu origem à reunião, deputado Rogério Correia (PT), disse que o aumento da demanda pelos serviços de telefonia e internet reflete a melhoria das condições de vida em São José da Lapa. “Estamos discutindo um assunto que, anos atrás, seria impensável. Temos consciência de que a internet e a telefonia são direitos de todos. Antes as elites excluíam a população de seus direitos, mas o povo brasileiro hoje sabe o que é seu”, afirmou.

O parlamentar também declarou que o poder público perdeu o controle sobre a qualidade do serviço prestado por empresas privadas. "Há pouco controle sobre os serviços de telecomunicações, o que eu considero um grande equívoco”, disse. O deputado também lamentou a ausência das demais operadoras de telefonia na reunião.

O presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT), lembrou que a Telebrás foi reativada e, por meio dela, o Governo Federal pretende viabilizar o acesso a internet e telefonia em pequenos municípios, considerados economicamente inviáveis pela iniciativa privada.

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