BHTrans disse que ouviu grupo de ciclistas à época da elaboração do projeto
Para Eveline, da BHTrans, motoristas precisam reduzir velocidade no local

Nova ciclovia da Lagoa da Pampulha é alvo de críticas

Ciclistas dizem que a pista provocou o aumento do número de acidentes de trânsito.

29/04/2014 - 15:19

Ciclistas criticaram a nova ciclovia da Lagoa da Pampulha e cobraram soluções urgentes para a pista, durante reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (29/4/14). O encontro, promovido pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, ocorreu a pedido do deputado Gilberto Abramo (PRB).

A pista, inaugurada em 2013, possui sete quilômetros. Ela complementa uma já existente, de 11,5 quilômetros. Para o diretor de Meio Ambiente da Associação Pró-Civitas dos bairros São Luiz e São José, Fábio Souza Melo, o novo trecho “é bastante perigoso”. Segundo ele, antes da criação da ciclovia, foram apresentadas diversas sugestões para a BHTrans, mas nenhuma foi acatada. “O projeto implementado está provocando graves acidentes e precisa de uma solução imediata”, afirmou.

Fábio Melo sugeriu a eliminação da ciclovia ou a correção dos problemas. Para ele, uma opção seria transferir a pista para a calçada, onde circulam pedestres, nos mesmos moldes da ciclovia de cerca de 11,5 quilômetros. Atualmente o novo trecho fica na rua, ao lado dos carros, separado apenas por prismas (blocos de concreto).

Na opinião do advogado Renzo Radicchi, o projeto foi implementado sem o conhecimento da prática do ciclismo, por meio de uma “posição imperativa” do poder público municipal. O ultraciclista Rogério Marques Pacheco concordou com o advogado, e disse que, no local, “está acontecendo o caos”. Ele também afirmou que é alto o número de acidentes registrados. “A região da lagoa se transformou em uma zona de conflitos. O espaço é muito estreito para convivência entre carros e ciclistas”, criticou.

Vários ciclistas se manifestaram durante a reunião. Todos criticaram a nova pista. “Estamos encurralados com a ciclovia imprópria que foi instalada. Eu não tenho coragem de usá-la. Ela foi feita para inglês ver”, criticou José Custódio. Muitos ciclistas disseram, ainda, que não foi feita pesquisa com os interessados, para saber a melhor forma de implantação do trecho na Lagoa da Pampulha.

BHTrans admite que local da nova ciclovia não foi a melhor opção

A superintendente de Desenvolvimento de Projetos e Educação da BHTrans, Eveline Trevisan, afirmou que à época da elaboração da pista ouviu grupos de ciclistas, mas admitiu que adaptações podem ser feitas no trecho. “A melhor forma seria, realmente, colocar a ciclovia no passeio ou avançar para o espelho d'água, mas essas opções não foram possíveis”, afirmou.

Eveline Trevisan contou que uma outra sugestão, também não possível de ser realizada, era fazer do local via única para carros. “Mas isso seria muito danoso para a população em geral, principalmente para quem não usa bicicleta”, pontuou. A superintendente, no entanto, concorda que, do jeito que está, “a ciclovia entra em conflito com motoristas em alta velocidade”. Para tentar solucionar esse problema, ela acredita que seja preciso fazer uma campanha de sensibilização para motoristas respeitarem o limite de velocidade no local.

O supervisor de Projetos e Obras Especiais da BHTrans, Mauro Cardoso, também pensa ser fundamental a “cooperação” de motoristas para tornar o local mais seguro. Ele afirmou que, na elaboração do projeto, a segurança foi discutida. “Um dos itens que colocamos na pista, e que contribui para evitar acidentes, é o iluminador noturno”, ressaltou.

Deputados criticam posição da BHTrans

Para o deputado Gilberto Abramo, a preocupação da BHTrans foi mais com a meta de implantação da ciclovia do que com o atendimento de uma necessidade. Ele acredita que apenas a sinalização de limite de velocidade para motoristas não seja suficiente para promover a segurança. “Falta fiscalização. Nunca vi a BHTrans fazendo esse procedimento no local”, criticou.

Segundo o deputado Anselmo José Domingos (PTC), a BHTrans precisa dialogar mais. “Algo tem que ser feito nessa ciclovia. Não dá para insistir na fala de que a pista está bem feita e que atende demanda da comunidade”, destacou. Para ele, o projeto precisa ser refeito “com muita rapidez”.

O deputado Adalclever Lopes (PMDB), por sua vez, elogiou a iniciativa do debate. Ele disse que a comissão está à disposição para novas audiências sempre que for preciso.

Consulte o resultado da reunião.