A expansão e modernização do metrô da Capital foi tema de audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização
Segundo Márcio Duarte (à esquerda), a prioridade é descentralizar o serviço com o Governo Federal

Projetos para metrô de BH estão praticamente prontos

Investimentos na ordem de R$ 5 bilhões estão previstos em duas modalidades do Programa de Aceleração do Crescimento.

28/04/2014 - 20:41

Uma antiga reivindicação dos belo-horizontinos, a expansão e modernização do metrô da Capital foi tema de audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (28/4/2014). O consultor técnico da Prefeitura de Belo Horizonte Márcio Duarte informou que o Executivo trabalha com a previsão de ampliação da única linha existente e a criação de duas novas, com investimentos na ordem de R$ 5 bilhões.

Antes de iniciar as discussões, os deputados destacaram a importância da reunião para esclarecer à população a real situação do metrô. “Não é possível conviver com essa incerteza. Ninguém sabe quando realmente teremos o metrô, um desejo unânime em Belo Horizonte”, afirmou o deputado Paulo Lamac (PT), que requereu a audiência em conjunto com o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT).

O deputado Rogério Correia (PT) ressalvou que as pessoas precisam saber se as obras realmente existem, em que pé estão, quais são as prioridades, o que será feito e se há a possibilidade de privatização ou estatização do metrô. “É importante se informar também sobre como será a sua administração e a gestão”, disse.

O representante da prefeitura, Márcio Duarte, inteirou os presentes sobre os projetos previstos. Segundo ele, a linha 1 (Vilarinho-Eldorado), será modernizada e expandida até uma nova estação, chamada de Novo Eldorado. Outra realização será a construção de trechos das linhas 2 e 3, ligando o Barreiro ao bairro Nova Suíça e Savassi à Lagoinha, respectivamente.

O investimento dessa etapa, abarcada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Grandes Cidades, será de R$ 3 bilhões, sendo R$ 1 bilhão oriundo do Orçamento Geral da União, R$ 750 milhões por financiamento público e R$ 1,2 bilhão viabilizado por recursos da Prefeitura de Belo Horizonte, do Governo do Estado e por meio de parcerias público-privadas (PPPs).

Ainda de acordo com Mário Duarte, essa expansão irá aumentar a capacidade do sistema de 230 mil para 900 mil passageiros por dia. A extensão total do metrô irá saltar de 28 para 44 quilômetros, 13 novas estações se juntarão às 19 existentes, serão acrescidos 35 trens aos 25 em operação e a equipe diretamente envolvida com o metrô, hoje de 650 pessoas, chegará ao número de 1.400 funcionários.

“A prioridade agora é assinar um convênio de descentralização do serviço com o Governo Federal. Só assim teremos autoridade para fazer a contratação das obras”, explicou Márcio Duarte. Assim, o metrô seria transferido da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para a Metrominas, empresa pública estadual. Ele também afirmou que os projetos de engenharia para essas obras serão concluídos ainda neste semestre e que ainda existe a previsão de trecho que ligue a futura estação Novo Eldorado a Betim.

O consultor também ressaltou que está previsto um segundo pacote para o metrô, pertencente ao PAC 50, em um estágio de desenvolvimento anterior ao primeiro. Serão realizados estudos de viabilidade técnica e econômica dos trechos Barreiro-Olhos D'Água, Praça Raul Soares-Santa Tereza, Nova Suíça-Praça Raul Soares, Savassi-Santa Lúcia e Santa Lúcia-Olhos D'Água. O investimento necessário será de R$ 2 bilhões.

Sindicato critica projeto de expansão

O engenheiro do Sindicato dos Empregados e Empresas de Transportes Metroviários e Conexões de Minas Gerais (Sindimetro) e analista técnico da CBTU, Luiz Prosdocimi, questionou os projetos do Executivo para o metrô da Capital. Segundo o engenheiro, não foram apresentados estudos de demanda e informações sobre questões essenciais. Entre elas, ele destacou a necessidade de esclarecimentos sobre a forma em que será feita a transferência entre as linhas, o impacto das obras previstas na oferta e na demanda pelo serviço, o que baseou o dimensionamento da frota, qual será o intervalo mínimo de circulação, o carregamento máximo de passageiros e a tecnologia prevista.

Luis Prosdocimi também apresentou algumas propostas, como o investimento de recursos humanos e materiais em uma linha de cada vez. “É melhor implantar a linha 2 toda antes de se pensar na linha 3, um trecho considerado pouco producente”, defendeu. Na sua opinião, com a linha 2 o corredor da Avenida Amazonas, atualmente congestionado, ganharia um sistema de alta capacidade, diminuindo o volume de tráfego na superfície e gerando melhorias significativas no trânsito.

O vereador de Belo Horizonte Andriano Ventura também se posicionou a favor da dedicação exclusiva às maiores demandas, representadas pela linha 2, e criticou as PPPs como a modalidade escolhida pelo Governo do Estado para ajudar no financiamento das obras.

O deputado Rogério Correia, na mesma linha, criticou outras experiências do Executivo mineiro com PPPs e o possível aumento das passagens com a participação da iniciativa privada na prestação do serviço.

Os parlamentares presentes também lamentaram a falta de representantes dos Governos Estadual e Federal na reunião e, utilizando-se de medidas previstas no Regimento Interno da Assembleia, convocaram membros do Executivo mineiro para uma futura audiência.

Consulte o resultado da reunião.