Moradores do bairro Boa Vista exigem obras de drenagem
Eles pedem a ampliação do sistema para conter as recorrentes inundações ocorridas em períodos de chuva.
23/04/2014 - 22:20 - Atualizado em 24/04/2014 - 11:51Moradores do bairro Boa Vista, em Belo Horizonte, exigiram a imediata ampliação do sistema de drenagem para conter as recorrentes inundações ocorridas em períodos de chuva na região. A reivindicação foi feita em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na noite desta quarta-feira (23/4/14). A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT).
De acordo com o parlamentar, a região sofre com as cheias há quase dez anos. Segundo ele, os principais pontos acometidos pelas inundações são as ruas Santo Ângelo, Cândido Siqueira, Honório Bicalho, São Fidélis e São Borja, dentre outras. Ele lembrou ainda que a reunião só foi realizada porque não foram tomadas providências para sanar o problema, que já havia sido discutido com representantes da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em fevereiro deste ano.
A líder comunitária Irma Isabel de Moura afirmou que, desde 2005, a população vem sofrendo as consequências das enchentes. “As águas das chuvas chegam a atingir três metros. Casas foram totalmente destruídas, inúmeros carros já foram arrastados. Os moradores já não conseguem contabilizar os bens perdidos; já tiveram que abrir um buraco na parede de uma das moradias para salvar as crianças que estavam ali ilhadas”, relatou. Ela pediu ainda que os moradores “façam sua parte”, evitando jogar lixo nos lotes vagos, ruas e bueiros.
Outros moradores também se manisfestaram sobre o que chamaram de “tragédia anunciada”. Eles apontaram a existência de outros pontos de alagamentos em bairros próximos que trazem impactos à comunidade do Boa Vista. Alem disso, defenderam a necessidade de colocação de mais bueiros e bocas de lobo nas ruas e a criação de programas de prevenção de doenças. Também reivindicaram respostas da PBH a respeito dos encaminhamentos e pedidos já feitos e o ressarcimento pelos danos materiais causados pelas enchentes.
Gestores anunciam ações e projetos
Os representantes do poder público, sobretudo da Prefeitura de Belo Horizonte, reconheceram que o atual sistema de drenagem na região não é suficiente para dar conta de todo o volume de água nos períodos de chuva. A gerente de manutenção da Regional Leste da PBH, Maria Consuelita Oliveira, afirmou que as obras de manutenção realizadas têm caráter apenas corretivo e que seriam necessárias intervenções de maior porte. Ela lembrou que a maioria dos cidadãos, hoje, cimentam os seus terrenos, e com as áreas impermeabilizadas, as águas não encontram formas de escoamento. A gerente disse que a solução definitiva seria, de fato, a construção de novo sistema de drenagem.
Ronaldo Romão da Silva, da Diretoria de Projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), ressaltou que a bacia de contribuição da região é a mesma de 30 anos atrás. Devido ao asfaltamento das ruas e do maior número de construções, a rede de drenagem existente se tornou limitada. Silva explicou que a confluência de dois córregos está sobrecarregando o sistema. “O projeto executivo para a criação da nova rede está concluído e está em fase de licitação. No primeiro semestre de 2015, as obras serão iniciadas”, garantiu.
Pedro Assis Neto, da Diretoria de Planejamento e Gestão da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), afirmou que as limpezas de bocas de lobo são feitas a cada 45 dias, em áreas de alagamento consideradas críticas. Essas ações são focalizadas e têm o objetivo de prevenir a ocorrência de cheias, segundo ele. Neto acrescentou ainda que, no período de chuva, a limpeza passa a ser feita de 15 em 15 dias. Ele enfatizou que os bueiros da região estavam limpos como os da Rua Honório Bicalho. “Não é o caso de entupimentos - as últimas inundações se deram em função do volume de água”, explicou.
Antônio Henrique Vieira, coordenador do Núcleo de Alerta a Chuvas da Defesa Civil, falou sobre os treinamentos realizados com os moradores do bairro a fim de orientá-los a lidar com as situações de risco. Já o representante da Copasa, Rogério de Abreu Milhorato, se comprometeu a fazer inspeção das redes pluviais do bairro para verificar se há algum lançamento de esgoto clandestino.