Comunidade reclama de esgoto que teria invadido casas após obras de modificação do traçado da linha ferroviária realizadas na região por subsidiária da Vale
Ercília das Graças mostra a marca que sinaliza a altura alcançada pelo volume de água da chuva, com esgoto

Moradores do Caetano Furquim exigem obras de infraestrutura

Comissão de Assuntos Municipais ouve relatos de problemas após intervenção da Vale na região Leste de BH.

14/03/2014 - 23:00 - Atualizado em 17/03/2014 - 11:29

Ercília das Graças Conceição, moradora da Vila Souza Aguiar, localizada no bairro Caetano Furquim, em Belo Horizonte, aponta para a parede de sua casa e mostra a marca que sinaliza a altura alcançada pelo volume de água da última chuva. No entanto, a reclamação de Ercília, durante visita e audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), não inclui as chuvas torrenciais. Ela e outros residentes da comunidade queixam-se do esgoto que, segundo eles, passou a invadir as casas depois das obras de modificação do traçado da linha ferroviária realizadas na região pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), uma subsidiária da Vale.

Ao longo da visita e da audiência pública realizadas pela comissão nesta sexta-feira (14/3/14) e pedido de seu presidente, deputado Paulo Lamac (PT), representantes da vila enumeraram ainda outros transtornos vivenciados por eles. Segundo a líder comunitária Raimunda Leotéria da Silva, há mais de três anos eles “pelejam” com a Vale e outras empresas, como a Copasa. “Há esgoto a céu aberto nas casas de moradores e também em nossas nascentes”, salientou a moradora.

Vinícius Braga da Silva, presidente da Associação Famílias Beira Linha, também disse que as "consequências pós-obras” são muitas, como o abalo da estrutura de algumas casas devido ao tráfego de veículos pesados na área. Ele reconhece que a intervenção da Vale trouxe melhorias. “Mas é preciso sanar os problemas resultantes das obras da nova linha ferroviária”, defendeu. Ele chamou atenção ainda para o viaduto construído também pela empresa a fim de eliminar o trânsito de pedestres e automóveis na linha férrea. “A passarela não pode ser usada por pessoas que se locomovem com cadeira de rodas, pois, ao final, ela vai se estreitando”, alertou.

Empresas e gestores públicos prestam contas aos moradores

O gerente de Assuntos Comunitários da Vale, Hélcio Borges, disse que muitas das queixas feitas pelos moradores não seriam de responsabilidade da empresa. Ele citou algumas obras de compensação que ainda serão feitas, como a Praça Itabira. “Mas o projeto não contempla a construção de parque ecológico como a dona Raimunda cobrou, porque não se encontra no escopo do planejamento”, esclareceu. Borges informou que a Vale fechou convênio para que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), com recursos da empresa, execute as obras de um campo de futebol e de passarelas já licenciadas pelo Ibama e reivindicadas pela comunidade.

“O que competia à Vale foi feito, como o prolongamento da Rua Souza Aguiar e indenizações para as famílias. Ainda faremos o parque linear do Arrudas e a limpeza dos entulhos provenientes das obras”, garantiu Borges. Quanto à reclamação sobre o estreitamento da passarela sobre a linha ferroviária, Frederico Alves Teixeira, engenheiro da Vale, disse que a empresa está estudando o caso para, uma vez encontradas irregularidades, sanar o problema.

O secretário municipal da Administração Regional Leste, Élcio Costa, confirmou a informação do gerente da Vale de que a praça e o campo de futebol serão realizados. Em relação à iluminação pública, ele se comprometeu a solicitar à Cemig a retirada dos postes antigos. Os moradores fizeram reiteradas reclamações de que, com a conclusão da Rua Souza Aguiar, onde se localizava a linha ferroviária, passaram a coexistir duas redes de iluminação paralelas. “Os postes velhos estão praticamente no terreno dos moradores, e uma criança já chegou a morrer eletrocutada”, ressaltou a líder comunitária Raimunda da Silva.

Humberto de Oliveira, analista da BHTrans, falou sobre o projeto de trânsito para a região, que foi articulado com as obras de modificação do traçado da linha férrea. Ele explicou que não vê empecilho em implantar os quebra-molas solicitados e a assegurou que a empresa fará avaliação dessa e de outras demandas.

Já o gerente da Copasa, Rogério de Abreu Milhorato, explicou que a execução das obras de saneamento enfrentou dificuldades como a presença de rochas no local, o que inviabilizou a instalação da rede coletora de esgoto. “Já pensamos em uma alternativa. No prazo máximo de seis meses as obras estarão concluídas; começaremos em até 15 dias”, assegurou Abreu. “A empresa fará uma vistoria geral da atual situação da comunidade para buscar sanar todos os problemas apontados pelos moradores”, finalizou.

Consulte o resultado da reunião.