Em Reunião Especial de Plenário nesta sexta-feira (29/11/13), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) homenageou as mulheres do Corpo de Bombeiros. Deputados e representantes da instituição lembraram os 20 anos da Lei 11.099, que permitiu o ingresso da força feminina na corporação.

Em seu discurso, o deputado Sargento Rodrigues (PDT), que requereu a reunião, lembrou a importância das operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque para as conquistas feministas. Em um dia 8 de março, que em homenagem a elas passou a ser o Dia Internacional da Mulher, elas morreram vítimas de um incêndio na fábrica, uma represália por terem organizado uma manifestação em busca do tratamento igualitário entre homens e mulheres. “O mundo está em constante transformação, mas é preciso sempre revirar a história para podermos corrigir o curso que desejamos para a humanidade”, afirmou.

Sargento Rodrigues também lembrou as adversidades que as primeiras mulheres aceitas no Corpo de Bombeiros tiveram que superar nos quartéis, ambientes majoritariamente masculinos, e lembrou a sua atuação parlamentar em benefício das mulheres militares, como as emendas de sua autoria incorporadas à Lei Complementar 109, de 2009, que permitiram a extensão da licença-maternidade, a redução da jornada de trabalho para mães de filhos especiais e a redução para 25 anos de efetivo serviço do tempo necessário para a aposentadoria voluntária das militares.

A luta das mulheres para firmar seu espaço no mercado de trabalho e os benefícios da inclusão feminina nos quadros dos bombeiros foram destacados pelas deputadas Liza Prado (Pros) e Maria Tereza Lara (PT). “Muito conquistamos, mais ainda temos muito a conquistar. Não queremos mais do que ninguém, apenas os mesmos direitos”, disse Liza Prado. “As mulheres trouxeram seu olhar mais humano, que ajuda a aliviar a pressão do dia a dia, para a corporação. Não nos surpreenderá o momento que elas forem alçadas a postos mais altos na instituição, pois lutas maiores já foram vencidas”, ressaltou Maria Tereza Lara.

A deputada Maria Tereza Lara aproveitou a oportunidade para convidar os presentes para o debate público que ocorrerá na ALMG na próxima segunda-feira, 2 de dezembro, com o propósito de discutir o trabalho em rede no enfrentamento da violência contra a mulher.

Mulheres estão presentes em todos os setores do Corpo de Bombeiros

A capitão BM Daniela Rocha da Costa, integrante da primeira turma de mulheres bombeiros do Estado, enfatizou a trajetória dessas profissionais. “Em dezembro de 1993, 80 mulheres foram aprovadas em um rigoroso concurso. Nos primeiros dias do curso de formação, o desafio era apagar um botijão de gás em chamas; hoje combatemos grandes incêndios. Ontem, o desafio era enumerar sinais e sintomas do estado de choque durante as aulas; hoje nossa realização é prover condições para que pessoas preservem suas vidas”, contou. “Agora, 20 anos depois, celebramos o sucesso das bombeiros militares, presentes em todos os setores da corporação”, complementou.

De acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Sílvio Antônio de Oliveira Melo, as 439 bombeiros ocupam parcela considerável do efetivo da instituição, reafirmando sua representatividade na segurança pública. No entanto, Sílvio Antônio informou alguns dados que demonstram o quanto ainda é necessário avançar para a igualdade entre os sexos. “Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que Minas Gerais é o segundo Estado na região Sudeste em número de casos de violência contra mulheres. No mundo, a maior parte desses casos se dá por agressões em relações familiares (40 %), contra apenas 6 % de ocorrências em que a violência foi praticada pelas mulheres”, disse.

Homenagem – A deputada Maria Tereza Lara, representando o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP), a deputada Liza Prado e o deputado Sargento Rodrigues entregaram ao comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar e a capitão Daniela Rocha da Costa uma placa alusiva à homenagem.