Deputados e convidados debatem a educação como instrumento para a participação popular e a inclusão social
Programa de formação de cidadãos completa 10 anos

Rede celebra dez anos de educação cidadã

Audiência da Comissão de Participação Popular destacou projetos para formação inclusiva e participativa.

21/11/2013 - 19:03

Fortalecer a educação popular como instrumento de conscientização e inclusão social cidadã, com foco nos direitos humanos, na defesa da biodiversidade, na transformação das relações de poder e na emancipação popular. Esse é o propósito da Rede de Educação Cidadã (Recid), que celebrou os seus 10 anos de atividade durante a audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quinta-feira (21/11/13).

A atividade, que contou com a participação de educadores sociais de diversas regiões do Estado, além representantes de movimentos sociais e ONGs, foi aberta com a exibição de um vídeo produzido no âmbito da Rede. O filme mostrou distintas atividades realizadas pela Recid, feitas com o envolvimento e a participação de movimentos sociais, comunidades, ONGs e pastorais.

O presidente da comissão, deputado André Quintão (PT), autor do requerimento para a realização da audiência, ressaltou que a reunião atendeu à solicitação de representantes da própria Recid, como um elemento extra na comemoração de aniversário da Rede, que terá um conjunto de atividades em Belo Horizonte. Ele aproveitou para lembrar que a própria comissão também completa uma década em 2013, ressaltando a sua satisfação em poder celebrar concomitantemente à Recid.

André Quintão ainda lembrou períodos da História do Brasil para, enfim, concluir que o fato de diversos projetos voltados para o bem-estar social, como a Recid, o PAA, o Fome Zero, o Bolsa Família e afins estarem completando 10 anos não é coincidente. Para ele, essa realidade decorre de uma expansão de políticas públicas inclusivas, que têm tido continuidade e ampliação na última década. Mas lembrou que ainda há muito a se fazer e é preciso continuar trabalhando nesse sentido.

A deputada Maria Tereza Lara (PT) elogiou a proposta e o trabalho da Rede, ressaltando sobretudo as ações voltadas à inclusão das mulheres. “A democracia só pode ser completa com mulheres e homens lado a lado”, a mulher não pode e não aceita mais caminhar atrás. Ela elogiou as propostas do educador brasileiro Paulo Freire, frisando que ele “marcou profundamente a educação no Brasil”. Por fim, convidou para o debate público que será realizado na ALMG, no dia 2/12, para discutir o enfrentamento à violência contra a mulher.

Perfil da educação para cidadania

João Carlos Werlang, coordenador do Centro de Assessoria Multiprofissional e membro da diretoria do Conselho Latinoamericano de Educação Popular (Ceal) – Porto Alegre/RS, fez um histórico do trabalho da educação cidadã nos âmbitos do Brasil e da América Latina. Segundo Werlang, o propósito desse tipo de formação é preparar lideranças, resistências políticas, além de ampliar a luta pela democracia e pelos direitos humanos, visando a construir um projeto popular para o Brasil.

O coordenador do Ceal ainda ressaltou que a Rede propõe uma perspectiva transformadora, cujo conceito é “educar como ato político”. Isso, segundo ele, é essencial para que os indivíduos saibam “ler e compreender o mundo, a fim de atuar sobre ele”. Enfatizou que a cidadania precisa ser pensada dentro de um modelo de desenvolvimento que respeite a diversidade e as questões ambientais. Também ressaltou a ideia de transformar Ceal em um projeto de direitos humanos. Por fim, lamentou os baixos recursos que esses projetos recebem.

Nilson Maruaz, educador social da Recid Taiobeiras, também fez um relato histórico, porém focado no desenvolvimento da Rede em Minas Gerais. Segundo ele,  no Estado, a Recid nasceu graças a um “sonho de mudar a realidade dos menos favorecidos”. Maruaz lembrou reuniões, encontros, oficinas,  vídeos produzidos pela Recid, resgatando culturas, mobilizando, articulando e fortalecendo lutas e movimentos sociais. De acordo com ele, embora a Rede alcance muitas regiões de Minas, ainda há muitos desafios pela frente, mas também há grande potencial.

Outra educadora social que destacou momentos históricos do Recid foi Maria Conceição Amaral Renan de Menezes. Ela ressaltou que a Rede foi construída por meio de muitas mãos. Lembrou as influências de Frei Beto e Paulo Freire, ressaltando que a proposta central é a democratização de saberes e o fortalecimento da autonomia, por meio da articulação de diversos atores sociais. A educadora exibiu dois vídeos também produzidos pela Recid, destacando a importância da troca de saberes em prol do fortalecimento da democracia participativa.

De acordo com Maria da Conceição, a Rede desenvolve um trabalho de transformação social e política, em parceria com comitês, fóruns, empreendimentos de economia solidária; ONGs, sindicatos, pastorais sociais, movimentos de mulheres e afins. A atuação é em comunidades indígenas e quilombolas; grupos de catadores de materiais recicláveis, assentamentos urbanos e rurais etc. Ela ainda abordou encontros formativos microrregionais e estaduais, além de lembrar que, em abril de 2014, será realizada a Conferência Nacional de Educação (Conae.)

Representante de um movimento parceiro da Recid, o Projeto Mova-Brasil, Maria Aparecida Afonso Oliveira, coordenadora do polo Minas Gerais do projeto, em Montes Claros (Norte de Minas), enfocou diversas atividades desenvolvidas no âmbito do Mova MG. Ela aproveitou para informar que também o Mova completa 10 anos em 2013.

Segundo ela, a proposta do Mova é inspirada na pedagogia de Paulo Freire. Além de inserção social, superação da miséria e participação popular, os projetos visam também à geração de trabalho e renda, além de incentivar a continuidade dos estudos. O Mova oferta cursos de formação, fazendo parcerias locais e ainda com entidades como Sebrae, Senar, Cáritas, Institutos Federais, “formando educandos e também educadores”, concluiu.

Consulte o resultado da reunião.