Deputados e convidados discutiram saídas para os problemas da ciclovia da Pampulha
Ciclistas convidaram os deputados a irem à região para averiguar os problemas
Rogério Pacheco e os deputados Gilberto Abramo, Ivair Nogueira e Anselmo José Domingos

Ciclistas denunciam más condições de ciclofaixa na Pampulha

Queixas ocorreram durante audiência pública para discutir soluções de mobilidade urbana na região.

27/08/2013 - 13:30

Grupos de ciclistas de Belo Horizonte foram recebidos na manhã desta terça-feira (27/8/13) pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Eles discutiram, em audiência pública solicitada pelo deputado Gilberto Abramo (PRB), as ciclofaixas da região da Lagoa da Pampulha, na Capital. A principal reivindicação dos ciclistas foi a determinação de que a via para bicicletas fosse de mão única e não tenha bloqueios físicos, como blocos de concreto e olhos de gato, que têm sido usados para separar a pista para carros da ciclovia.

De acordo com o diretor de Planejamento da BHTrans, Célio Freitas, uma das dificuldades para implantar essas sugestões é que os ciclistas que utilizam o entorno da lagoa têm necessidades e interesses diferentes. “Há os que estão ali para lazer, os que usam a bicicleta como transporte e aqueles que são ciclistas de alto desempenho”, explica.

Para ele, os dois primeiros grupos precisam ser priorizados e, por isso, a ciclovia de mão única seria inviável. “Não podemos forçar as pessoas a darem a volta completa na lagoa. As famílias vão passear e precisam poder voltar a qualquer momento”, explica. De acordo com ele, existe um grande interesse da BHTrans em criar uma ciclovia segura e já foi, inclusive, lançado um edital de licitação para a oferta de bicicletas públicas em oito pontos da lagoa. “Mas as propostas não atenderão os atletas de alto rendimento. Para esses, já estamos tentando negociar outro espaço, também na região da Pampulha”, disse.

Ciclistas amadores dizem que não são atendidos pela ciclofaixa

Vários dos ciclistas presentes pediram o uso da palavra ao fim da reunião. Eles salientaram os problemas da ciclovia, relataram acidentes e convidaram os parlamentares a irem à região para constatar os problemas. Muitos não eram atletas profissionais e destacaram que eles também não estão sendo atendidos pela forma como a BHTrans implantou a via. Para eles, ao contrário do anunciado pelo órgão, as famílias e os usuários ocasionais também não estão sendo atendidos.

Demerson Gomes, presidente da Liga Mineira de Ciclismo, defendeu, ainda, que não há conflitos de interesse entre esses diferentes grupos de ciclistas. “Os atletas de alto rendimento trabalham durante o dia e treinam à noite, não nos finais de semana, quando a lagoa é frequentada por pessoas que usam bicicletas apenas como lazer”, afirmou. A sugestão dele é de que aos sábados e aos domingos sejam colocados cones para ampliar as ciclofaixas para o uso voltado ao lazer, como já acontece em cidades como São Paulo. Ele acredita que os ciclistas profissionais não podem ser expulsos da lagoa, já que o local é um dos únicos disponíveis na cidade para treinamento. A implantação de faixas mais estreitas dos dois lados da rua, cada uma com a mão em uma direção, também foi sugerida por Gomes.

Também foi contrário à posição da BHTrans o deputado Gilberto Abramo. Para ele, não existe outro lugar em Belo Horizonte que poderia comportar os atletas de alto rendimento. “A lagoa é o local que oferece condições para os treinos e é lá, historicamente, que os atletas vão. As ciclofaixas precisam atender a todos”, disse. Gilberto Abramo afirmou que vai processar judicialmente a BHTrans. “Foram feitos vários alertas sobre os perigos da via implantada daquela maneira e nada foi feito para mudar. Como cidadão, tenho o dever de cobrar a responsabilização da entidade”, disse.

Falta de diálogo é criticada por associações

Representantes das associações de ciclistas reclamaram principalmente da falta de diálogo. Segundo os presidentes da Federação Brasileira de Ciclismo, Paulo Aquino; da União Ciclística de Minas Gerais, Carlos Starling; e da Liga Mineira de Ciclismo, Demerson Furtado Gomes, as instituições nunca foram convidadas a conversar com a BHTrans sobre a implantação de ciclovias em Belo Horizonte. “Pode ser que alguns grupos de ciclistas tenham sido procurados, mas asseguro que nenhum deles era atuante na região da lagoa”, afirmou Paulo Aquino.

Também representando os ciclistas, Rogério Pacheco, campeão de vários torneios importantes do esporte, mostrou uma série de fotos e vídeos que evidenciavam os problemas da ciclovia no entorno da lagoa. “De repente, a ciclovia joga para o passeio e os ciclistas não sabem o que fazer, têm que dividir espaço com os pedestres ou com os carros”, diz.

Para salientar que a preferência, em casos de conflitos entre veículos como acontece na Pampulha, deve ser dos ciclistas, o deputado Anselmo José Domingos (PTC) citou a Lei Municipal 10.134, que estabelece a Política Municipal de Mobilidade Urbana. O parlamentar destacou o artigo 4º da lei, que prioriza deslocamentos feitos a pé ou em outros meios não motorizados e estabelece que é preciso criar medidas de desestímulo ao transporte individual. “Está claro que, onde há conflito, a preferência é dos pedestres, dos ciclistas e dos ônibus”, disse.

A reunião foi presidida pelo deputado Ivair Nogueira (PMDB), que parabenizou o autor do requerimento pela iniciativa.

Consulte o resultado da reunião.