A audiência pública foi motivada pelos repetidos apagões registrados no município durante o primeiro semestre deste ano
Luciano Carvalho anunciou o plano de investimentos da Cemig para a região
Participaram da audiência os deputados Paulo Guedes, Carlos Pimenta e Tadeu Martins Leite

ALMG cobra agilidade da Cemig em Montes Claros

Crescente demanda exige investimentos da estatal para ampliar sua capacidade de fornecimento de energia.

19/08/2013 - 17:57

Deputados estaduais, vereadores e outras lideranças políticas de Montes Claros (Norte de Minas) cobraram da Cemig, nesta segunda-feira (19/8/13), melhoria na qualidade dos serviços prestados pela empresa na região. As demandas foram apresentadas durante audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na Câmara Municipal de Montes Claros. A reunião, requerida pelo deputado Tadeu Martins Leite (PMDB), foi motivada pelos repetidos apagões registrados no município durante o primeiro semestre deste ano.

De acordo com dados apresentados pela Cemig na reunião, de fato a quantidade de interrupções de eletricidade aumentou em relação ao mesmo período de 2012. O coordenador da estatal, Luciano de Souza Carvalho, informou que no primeiro semestre de 2012 o tempo médio sem energia (mais de três minutos) foi de 5,84 horas, passando a 6,82 horas em 2013.

Ele explicou que isso ocorreu principalmente devido à queima de um transformador de 25 Mega Volt Amperes (MVA) no dia 12 de março, o que provocou a perda de 25% da capacidade de energia disponível para a cidade. Além disso, entre janeiro e abril houve desligamentos acidentais na rede de distribuição subterrânea. Porém, garantiu, esses problemas foram sanados e, no segundo trimestre, o volume de quedas de energia foi menor que no mesmo período de 2012.

Carvalho anunciou o plano de investimentos da Cemig para a região, que deve passar de R$ 70 milhões até 2016 e vai incluir, entre outras providências, substituição de transformadores da rede subterrânea, construção de novas redes de distribuição, ampliação e implantação de novas subestações.

O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, disse que a cidade não pode esperar tanto tempo. Segundo ele, mais de 30 empresas querem se instalar na cidade e dependem da garantia da oferta de energia elétrica. “É o momento de o Norte de Minas deslanchar, e não podemos frear isso por falta de energia. Estamos crescendo a uma ordem de 10% ao ano, por isso precisamos de um atendimento diferenciado por parte da Cemig”, cobrou.

A agilidade no atendimento aos consumidores também foi criticada durante a reunião. Cidadãos e vereadores questionaram a estrutura da empresa para atender às reclamações. Apesar de manter pelo menos um escritório nas 774 cidades que atende, a Cemig estaria falhando na prestação de seus serviços. Para o coordenador da Regional Norte do Sindieletro, Everaldo Rodrigues de Oliveira, a Cemig prioriza a maximização dos lucros, colocando o pagamento de dividendos aos acionistas acima dos objetivos de prestação de serviços à população.

Prova disso, segundo ele, é o processo de terceirização na empresa, que já teve 18 mil funcionários e atualmente tem cerca de 7 mil. Além de precarizar o atendimento, isso tem provocado o aumento no número de acidentes. O coordenador disse que um trabalhador morre em acidente de trabalho a cada 45 dias. “A vida do trabalhador tem pouca importância para a empresa neste momento que ela está vivendo, no qual a Andrade Gutierrez (detentora de 14,4% das ações da Cemig) dita a sua política de investimentos”, denunciou.

Desenvolvimento depende de energia, lembram deputados

“O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a energia elétrica, de 30%, é o mais caro do Brasil. Por isso, o mínimo que a Cemig pode fazer é oferecer uma energia de qualidade", ressaltou o deputado Tadeu Martins Leite. Ele comemorou a presença da Cemig, dos deputados, dos vereadores e da sociedade civil na reunião. O parlamentar recebeu com otimismo as notícias sobre os investimentos que a Cemig promete fazer em Montes Claros, mas pediu agilidade. “Estamos passando por um franco desenvolvimento e precisamos que a cidade esteja capacitada para receber as empresas que querem se instalar no município”, declarou.

Já o deputado Paulo Guedes (PT) disse ter a impressão de que a qualidade do serviço prestado pela Cemig está “andando para trás”. Segundo ele, há 20 anos, nas comemorações de aniversário das cidades do Norte de Minas, a empresa dava conta de manter a eletricidade. “Hoje os prefeitos precisam contratar geradores, senão a energia cai”, reclamou. Ele cobrou também a ligação de eletricidade nos poços artesianos da região, já perfurados e equipados, mas inoperantes devido à falta de luz. Pediu também providências com relação a uma fabriqueta de farinha na reserva indígena dos xacriabás. Guedes disse que a energia elétrica está a 150 metros de lá, mas a Cemig não faz a ligação, apesar de suas insistentes cobranças.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) também citou o desenvolvimento rápido de Montes Claros para cobrar o aumento da capacidade de fornecimento de energia elétrica por parte da Cemig. Ele ressaltou que os deputados são parceiros da empresa nessa tarefa e fez coro aos demais participantes na demanda por maior agilidade nos investimentos da estatal.