Segundo o secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, foram identificados 170 mil casos e 86 mortes até este mês de junho
O secretário destacou que houve uma redução de 75% nos casos em relação aos últimos dois anos
Rodrigo Fabiano do Carmo apresentou dados que colocam MG na liderança dos casos de dengue no Brasil
Especialistas e parlamentares propõem ações de combate à dengue no Estado

Minas Gerais é o terceiro Estado em incidência de dengue

Dados foram apresentados à Comissão de Saúde da ALMG por secretário de Estado, em reunião nesta quarta-feira (19).

19/06/2013 - 13:26

O Estado de Minas Gerais é terceiro em número de incidência de dengue no Brasil. Esta afirmação foi feita pelo secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, aos deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (ALMG), em audiência pública realizada nesta quarta-feira (19/6/13).

De acordo com ele, a doença é a maior pandemia do mundo, tendo em vista que está em mais de 150 países e acomete o Brasil há mais de duas décadas. Em sua apresentação, ele destacou que a eficácia na erradicação da dengue passa pela descoberta de uma vacina, o que considerou improvável nos próximos cinco anos.

Ao trazer números da epidemia em Minas Gerais, o secretário destacou que houve uma redução de 75% nos casos em relação aos últimos dois anos, mas que, ainda em 2014, a situação deverá merecer atenção especial da pasta. “Até este mês de junho, foram identificados 170 mil casos e 86 mortes. A incidência maior seu deu pela introdução do tipo 4 da doença, que atingiu uma população ainda não imunizada”, lamentou.

Outra derrota no combate à doença apontada pelo secretário foi a mudança dos gestores municipais, trazidas pelas eleições do ano passado. Segundo ele, diversas equipes de endemia foram desmobilizadas, o que estagnou ações de prevenção. “Nossas ações baseiam-se em campanhas de conscientização popular, e programas de vigilância e assistência. Foram investidos cerca de R$ 42 milhões nestas atividades somente este ano, por meio, ainda, da contratação de novos agentes de saúde e do aumento da frota dos veículos fumacê”, afirmou.

Números nacionais são ainda mais alarmantes

O representante do Ministério da Saúde, Rodrigo Fabiano do Carmo, apresentou dados diferentes do Estado, que colocam Minas Gerais na liderança dos casos de dengue no Brasil, este ano. Para ele, a ações contra a doença são complexas e caras e, ao fazer um balanço da realidade da epidemia no País, destacou a importância de novos investimentos na capacitação dos profissionais de saúde. “Este ano, são cerca de 1,3 milhão de casos e 322 mortes. Ainda teremos transmissão ao longo do ano, mas foram investidos mais de R$ 170 milhões em ações de prevenção e assistência, sendo R$ 18 milhões somente em Minas Gerais”, anunciou.

Belo Horizonte – O representante da Secretaria Municipal de Saúde da Capital, Fabiano Pimenta, afirmou quer a prefeitura trabalha sistematicamente no controle da doença desde 1996. Em sua participação, em que fez também um balanço das atividades da pasta, ele afirmou que todas as ações seguem rigorosamente as orientações do Ministério da Saúde, por meio de campanhas de conscientização da população e iniciativas de monitoramento e assistência. “Nossos desafios maiores passam pela garantia do atendimento às demandas na rede de saúde, o aprimoramento dos profissionais e a sensibilização das pessoas dentro e fora de casa”, disse.

O coordenador do Sind-Saúde/MG, Renato Barros, salientou que o problema da dengue trata-se de uma epidemia anunciada. Segundo ele, apesar da entidade vir alertando os gestores para os riscos há algum tempo, não obteve nenhuma resposta. “O estrangulamento está na atenção básica à saúde, que precisa ser estruturada. Infelizmente, há uma ausência total do Estado neste processo”, reforçou.

Parlamentares querem mais investimento em pesquisa e educação

O deputado Doutor Wilson Batista (PSD) e a deputada Luzia Ferreira (PPS) defenderam que a erradicação da dengue passa por investimentos maiores em pesquisas. Para eles, o combate ao mosquito é importante, mas não é definitivo. “O manejo clínico é feito corretamente, mas o número de casos ainda é alto. Temos que buscar na ciência a solução, assim como foi feito em outras endemias”, alertou.

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) disse acreditar que a dengue não é mais sazonal, mas contínua. Para isso, ele entende que são necessários investimentos em ações integradas de saúde e educação para que seja criada uma nova cultura de prevenção. Sobre este comentário do parlamentar, o deputado Bonifácio Mourão (PSDB) afirmou que a Secretaria de Estado da Educação já conta com programas neste sentido em todas as superintendências de ensino.

Cobrança – Os deputados Carlos Mosconi (PSDB) e Carlos Pimenta (PDT) defenderam que sejam feitas políticas de Estado que integrem União, estados e municípios, para que haja uma real redução dos casos. Para Mosconi, é preciso que seja pensada uma lei de responsabilidade sanitária, que obrigue o Governo a investir de forma pesada em saneamento básico. “Os maiores focos da doença estão no lixo. Por isso, é preciso haver ações de gestão para minimizar o problema”, disse.

Ao final, a deputada Maria Tereza Lara (PT) pediu aos representantes da Secretaria de Estado de Saúde e do Ministério da Saúde que intervenham em favor da cidade de Betim, que, segundo ela, é a sétima em todo o País em casos de dengue. “Peço socorro a todas as esferas de poder. Temos que agir de forma coletiva e integradas. As pessoas estão morrendo por falta de políticas públicas eficazes contra a doença”, concluiu.

Consulte o resultado da reunião.