Azul diz que cancelamentos e atrasos de voos são inevitáveis
Qualidade dos serviços prestados pela empresa aérea foi criticada em audiência pública nesta quinta-feira (6).
06/06/2013 - 13:21Os atrasos e cancelamentos de voos para o interior do Estado são inevitáveis. A informação é do gerente regional da Azul em Minas Gerais, Rodrigo Costa Cortes, que participou de reunião da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã desta quinta-feira (6/6/13). Segundo ele, os atrasos e cancelamentos fazem parte do setor e não podem ser totalmente eliminados.
”É preciso fazer a manutenção das aeronaves para garantir voos seguros, e também não podemos controlar as condições meteorológicas e de infraestrutura aeroportuária”, disse. Cortes afirmou, porém, que a empresa vai trabalhar para reduzir ao máximo os problemas relatados, mas que às vezes as medidas não estão ao seu alcance. “É muito difícil marcar hotel para 500 pessoas que tiveram seus voos cancelados ao mesmo tempo por questões climáticas, por exemplo. Ou às vezes não conseguimos nem oferecer lanches para as passageiros de voos atrasados simplesmente porque não existem lanchonetes abertas no aeroporto”, disse.
A reunião foi convocada a pedido do deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), preocupado com a qualidade do serviço prestado pela empresa, que opera a maior parte das rotas que ligam Belo Horizonte ao interior do Estado. “Sabemos das dificuldades enfrentadas pelas companhias aéreas, mas nada justifica a péssima qualidade do serviço. O Governo Federal anunciou recentemente um pacote de medidas para fomentar a aviação regional, inclusive com o subsídio dos assentos, mas é preciso ter uma resposta em qualidade das empresas”, disse. O parlamentar citou atrasos, cancelamentos de voos e denúncias de precarização do trabalho.
A situação do atendimento aeroviário à Zona da Mata foi destacada pelo deputado Leonardo Moreira (PSDB), que lembrou que a região conta com um aeroporto com infraestrutura suficiente para receber voos de grandes aeronaves, inclusive de rotas internacionais. “O Governo do Estado tem investido em infraestrutura na última década, mas as empresas não têm dado a contrapartida. Na Zona da Mata, a Azul cancelou uma série de voos e esvaziou o sentido desse enorme aeroporto”, disse. O parlamentar afirmou que não poupará esforços para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a questão.
Para o deputado Bonifácio Mourão (PSDB), o principal problema na aviação regional em Minas Gerais é o monopólio. “A maior parte dessas linhas não tem concorrência. Eu já paguei R$ 1.050 em uma passagem de Belo Horizonte a Governador Valadares. Não há nada que justifique isso, principalmente porque os voos estão sempre lotados”, afirmou. O deputado Anselmo José Domingos (PTC) completou que, apesar de cobrar esses preços, os cancelamentos são feitos, na maioria das vezes, sem justificativas aceitáveis. Para ele, muitos desses cancelamentos devem-se à falta de passageiros. “Um voo pode até não ser economicamente interessante, mas assumiu-se uma responsabilidade com o usuário e o compromisso tem que ser cumprido”, disse.
Promotor critica falta de fiscalização da Anac
A ineficiência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão regulador do setor, foi apontada pelo promotor Edson Antenor Lima Paula, como principal motivo dos problemas enfrentados pelos passageiros. “Temos aplicado multas, mas elas acabam sendo discutidas no Judiciário e pagas só muitos anos depois. Quem teria que fiscalizar realmente é a Anac”, disse.
Para o promotor, a agência deveria ter pelo menos um servidor lotado em cada aeroporto que serve de hub para as companhias aéreas, como o de Confins. Esse funcionário deveria, na opinião dele, verificar o cumprimento das normas específicas do setor, especialmente durante atrasos e cancelamentos. Atualmente a fiscalização da Anac é, segundo Edson Paula, centralizada no Rio de Janeiro.
Requerimentos - Durante a reunião foram aprovados dois requerimentos de audiências públicas. Uma das reuniões, solicitada pelo deputado Elismar Prado (PT), será sobre a execução das obras de infraestrutura no Estado, que tem aproximadamente 10.500 quilômetros de malha rodoviária.
A outra será para debater as obras realizadas na Avenida Tereza Cristina, em Belo Horizonte, especialmente a fluidez do trânsito e as desapropriações que ainda precisam ser feitas. A situação do conjunto habitacional Parque Arrudas, do centro comunitário, do centro esportivo e da implantação do parque linear ao longo do Ribeirão Arrudas também deve ser debatidasna audiência, que foi solicitada pelo deputado Anselmo José Domingos.