A reunião da Comissão de Segurança Pública foi realizada no União Recanto Clube, no bairro Santo Inês
Monsenhor Lydio de Miranda Murta, Manoel Divino Lopes e o deputado Célio Moreira

Parlamentares apuram casos de violência no bairro Santa Inês

População relatou crimes na região de BH e pediu criação de uma comissão de segurança com a participação de moradores.

23/05/2013 - 21:47

Deputados e a comunidade do bairro Santa Inês, em Belo Horionte, debateram os altos índices de assaltos e roubos à casas e estabelecimentos comerciais da região nesta quinta-feira (23/5/13) durante audiência pública realizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Segundo o deputado Célio Moreira (PSDB), os moradores da região vivem clima de insegurança e medo constantes. Ele destacou que os assaltos à transeuntes e os roubos à residência e estabelecimentos comerciais são os crimes mais comuns na região. Ele ainda incentivou à população a ir até a Delegacia da região para registrar o Boletim de Ocorrências no caso de serem vítimas de algum crime.

O parlamentar reforçou, por fim, que a região precisa de mais iluminação nas ruas, de mais policiais, além de ser necessário uma análise mais aprofundada dos locais de maior risco. “Vamos tentar identificar os pontos mais vulneráveis da região e os crimes mais comuns e, a partir daí, vamos buscar formas de solucionar os problemas. Se for a falta de policiais, vamos conversar com a PM para tentar melhorar”, afirmou.

Comissão de segurança da região é proposta por moradores

O presidente da União Pró-Melhoramentos do Santo Inês, Manoel Divino Lopes, com o apoio do monsenhor Lydio de Miranda Murta, da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, propôs a criação de uma comissão de segurança no bairro, com a participação de um representante da Polícia Militar e um da Polícia Civil. “A polícia está perdendo em número para os bandidos. Se a comunidade se unir em torno dessa comissão, poderíamos ajudar à polícia”, sugeriu.

O delegado da 3ª Delegacia Leste da Polícia Civil, Cézar Cerne de Souza, destacou que, para que a comissão de moradores proposta realmente funcione, é preciso fazer uma ligação direta entre a comissão dos moradores com a ALMG e com o Poder Executivo. Além disso, ele, com o apoio da delegada 1ª Delegacia de Sabará, Alessandra Rosa, reforçou a necessidade da implantação de câmeras de segurança nas ruas para que o trabalho da Polícia Civil seja eficiente. Por fim, para Cézar, faltam policiais em condições de investigação na região. Atualmente, a delegacia conta com cinco investigadores.

Por fim, ele apresentou alguns números da região. De acordo com levantamento realizado, no mês de abril, foram registradas 100 ocorrências de furto, sendo que em sete os criminosos foram presos em flagrante. Em relação aos roubos, foram 75 ocorrências, dos quais em três os responsáveis foram presos em flagrante.

O major da PM Flávio Henrique Naziazeno, comandante da 23ª Cia do 16° Batalhão, afirmou que a Polícia Militar já tentou uma mobilização junto aos diversos segmentos da comunidade do bairro Santa Inês, mas nunca teve a adesão da população. Ele destacou que não é possível colocar uma dupla de policiais em cada quarteirão, porém, quando há maior incidência de crimes, esse local tem uma atuação policial mais efetiva. “Atualmente temos uma maior presença na Avenida Contagem e na Avenida Francisco Risoli, áreas com maior número de estabelecimentos comerciais”, informou.

Por fim, o major criticou a falta de agentes na região. “ A ONU estipula que o ideal é um policial para cada 200 habitantes, em BH contamos com um policial para cada 500 pessoas. Na área da Companhia, temos um policial para cada 850 habitantes”, elucidou. Tendo isso em mente, ele pediu que a população tome atitudes preventivas para que não seja vítima dos bandidos. Entre essas medidas, citou a rede de vizinhos que, segundo ele, é vital para a prevenção de crimes.

O presidente da Comissão de Segurança da ALMG, deputado João Leite (PSDB), destacou a importância das prefeituras no combate à criminalidade. De acordo com ele, é o Executivo Municipal um dos responsáveis pelo suporte dado ao trabalho dos policiais. Além disso, em situações em que deveria haver a atuação da prefeitura, como em caso de festas e eventos que excedem o volume de ruído permitido, a polícia é chamada e fica impedida de atuar em sua atividade principal – a prevenção e coerção dos crimes.

Também estiveram presentes na audiência pública os vereadores de Belo Horizonte: Wellington Bessa, conhecido como Sapão (PSB), e Pelé do Vôlei (PTdoB). Eles se comprometeram a apoiar os moradores na busca por maior segurança na região.

População relata casos de violência ocorridos na região

Diversos moradores, comerciantes e profissionais que trabalham no bairro Santa Inês e na região relataram crimes de que foram vítimas. Segundo eles, as ruas próximas a estação do metrô Santo Inês e o entorno da Avenida Contagem são as áreas mais perigosas. O próprio monsenhor responsável pela Paróquia Santa Inês foi vítima de dois assaltos no espaço de quatro dias. Conforme seu relato, os assaltantes o fizeram refém e invadiram a sua residência roubando eletroeletrônicos e outros objetos.

Questionado pelo deputado João Leite (PSDB), um taxista, que trabalha há cerca de oito anos na região, denunciou o descaso das atendentes do 190 (telefone de emergência da Polícia Militar) durante os atendimentos feitos. Além disso, o tempo de deslocamento dos agentes é muito grande e impede a prisão dos criminosos. Apesar dos problemas, ele destacou que os policiais que atendem à região são bastante ativos no combate à criminalidade.

Outro ponto reforçado pela população foi o aumento do número de habitantes na região, fato causado pela verticalização. Entretanto, tal situação não foi acompanhada de políticas de segurança e organização do espaço.

Autoridades e moradores da cidade de Sabará (Região Metropolitana de Belo Horizonte) também estiveram presentes à audiência e denunciaram o alto índice de crimes do município. Eles pediram aumento do número de policiais que realizam o atendimento na cidade.