Participação popular celebra Dia Nacional do Reggae
Comissão discutiu durante audiência importância do ritmo como linguagem cultural que instiga mudanças sociais.
17/05/2013 - 17:57Celebrar o Dia Nacional do Reggae, comemorado em 11 de maio, e sua importância como linguagem cultural que instiga mudanças sociais. Esse foi o objetivo de audiência pública realizada nesta sexta-feira (17/5/13) na Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O requerimento foi da deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente da comissão.
O presidente da comissão, deputado André Quintão (PT), ressaltou que a Comissão de Participação Popular está sempre aberta à discussão de questões culturais importantes. “É um engano achar que não há importância em falar de ritmos musicais como o reggae. Muitas vezes as manifestações culturais reforçam a identidade das pessoas, e pela música elas conseguem expressar suas visões de mundo, a mensagem que querem passar, às vezes de forma mais eficiente do que se discursassem ou escrevessem”.
A deputada Maria Tereza Lara endossou a fala do parlamentar e explicou que o Dia Nacional do Reggae é celebrado em 11 de maio para marcar o falecimento de um dos seus maiores expoentes: Bob Marley. “Reggae não é só lazer, é uma música que questiona e faz a sociedade refletir. É uma filosofia de vida. E os valores que tanto precisamos, como a cultura da paz e o fim dos preconceitos, estão presentes na música e por meio dela chegam aos jovens”, frisou.
Militante do Movimento Negro, Ofélia Hilário lembrou que a música tem dado novas oportunidades à juventude negra, que vem sendo massacrada pela violência urbana. Ela também reforçou que os ritmos ligados à cultura negra sempre sofreram preconceito dentro da sociedade brasileira. “Os sambistas eram presos fora do morro. A capoeira só recentemente foi reconhecida como arte. Com o reggae não deixa de ser diferente. A resistência sofrida contra o ritmo ainda é grande. Em Belo Horizonte são poucos os grupos que representam o estilo”.
O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador de reggae Leonardo Alvares Vidigal contou que Jamaica e Brasil possuem elementos semelhantes em suas histórias e talvez por isso a população brasileira tenha adotado com tanto carinho e naturalidade o reggae vindo da colônia inglesa. “Os primeiros habitantes da Jamaica eram os índios aruaques e, em várias partes do Brasil, eles também habitavam a nossa terra”. Ele também lembrou a relação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil na popularização do reggae, nas décadas de 70 e 80, especialmente em parcerias com Jimmy Cliff e Bob Marley.
O cantor e compositor Celso Moretti, um dos fundadores na década de 80 do grupo Negro Gato, o primeiro grupo de reggae de Belo Horizonte, explicou que o Dia Nacional do Reggae surgiu a partir de decreto da presidente Dilma Rousseff no ano passado e em 11 de maio deste ano foi a primeira vez em que a data foi celebrada. “Não é nenhum exagero termos um dia nacional do reggae. A MPB tem, o samba tem, a música clássica tem, o forró tem, o rock tem um dia internacional e o hip hop também tem um dia nacional. Por que não o reggae?”, questionou. Ele citou ainda trechos de um discurso do senador Rodrigo Rollemberg, autor do projeto que deu origem à data comemorativa. “A cultura é uma teia de muitos nós. A periferia se torna centro quando assume a posição de ator central de suas ações, falando por si própria, em alto e bom som. As verdades também podem ser ditas com beleza”.