A reunião contou com ampla presença dos profissionais de enfermagem
Os deputados presentes ressaltaram a importância do debate sobre a jornada desses profissionais

Enfermagem cobra melhores condições de trabalho

Profissionais da área, presentes em reunião da Comissão de Trabalho, reivindicam piso salarial e jornada de 30 horas.

15/05/2013 - 18:54

Condições precárias de trabalho, jornada exaustiva e baixos salários. Esses foram os principais problemas levantados em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quarta-feira (15/5/13). A reunião, que contou com ampla presença de profissionais que integram a Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais, foi requerida pelo deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB).

O parlamentar justificou a audiência pública. “Tenho uma preocupação grande com os trabalhadores do Estado. Minha origem é o sindicato. Busquei conhecer o trabalho dos profissionais da enfermagem e suas dificuldades”. Ele destacou o Projeto de Lei 3.195/12, de sua autoria, que estabelece o piso salarial regional dos profissionais dessa área e aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O projeto define os seguintes pisos: R$ 5.450,00 para enfermeiro; R$ 3.815,00 para técnico de enfermagem; e R$ 2.725,00 para auxiliar de enfermagem.

Segundo ele, os profissionais que atuam nessa área sofrem com a jornada de trabalho exaustiva, a pressão moral, física e social e baixos salários. Para o parlamentar, o piso salarial, a jornada de 30 horas de trabalho e a aposentadoria especial são direitos dos profissionais que devem melhorar as condições de trabalho da categoria. “Se a categoria não se mobilizar, não teremos o piso em Minas Gerais. Os obstáculos são muitos e poderosos”. Celinho do Sinttrocel recebeu dos representantes das entidades mais de 40 mil assinaturas para apoio ao projeto de lei. Ele disse que vai agendar reunião com o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), para entregar essas assinaturas.

A deputada Rosângela Reis (PV), presidente da comissão, destacou o apreço aos profissionais da classe. “Na semana passada, discutimos as condições de trabalho nas diversas áreas. Foram relatadas as dificuldades que os profissionais da saúde enfrentam. Isso ameaça a saúde desses trabalhadores”, contou. Ela reforçou ainda a importância da tramitação na ALMG de projeto de lei que busca melhorias para a categoria.

Parlamentares demonstram apoio às reivindicações

O deputado Rogério Correia (PT) elogiou a iniciativa tanto da audiência pública quanto da apresentação do projeto de lei. Além disso, ele manifestou apoio a essa proposta. “Quem conhece o trabalho desses profissionais sabe que uma jornada superior a 30 horas é injusta. Sabemos das dificuldades que vivem, do estresse da atividade e da grande responsabilidade desses trabalhadores”, salientou.

Ele destacou ainda que é relevante que o piso seja estabelecido. “O Governo do Estado não pode justificar ausência de recursos para estabelecer esse piso. É uma questão de prioridade”. Além disso, Rogério Correia falou que, nas discussões do Estatuto do Servidor, que tramita na ALMG, é importante debater a questão da jornada desses profissionais.

Já o parlamentar Bosco (PTdoB), vice-presidente da comissão, ressaltou a importância da categoria para a área da saúde. “Reconhecemos o trabalho desses profissionais abnegados. Esperamos que seja estabelecido o piso”.

O deputado Tadeu Martins Leite (PMDB) também manifestou apoio às demandas dos profissionais da área da enfermagem. “Fazem um trabalho importantíssimo. Precisamos, cada vez mais, dar melhores condições de trabalho à categoria”, relatou.

Os deputados Pompilio Canavez e Elismar Prado, ambos do PT, também demonstraram solidariedade. “É preciso mobilização constante. Há certa resistência por parte do Governo do Estado ao projeto”, falou Pompilio Canavez, que se prontificou a formar uma comissão para falar com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a respeito de projeto sobre o assunto que tramita no Congresso Nacional. Já Elismar Prado colocou que a saúde enfrenta sérios problemas. “O Governo de Minas não investia nem 20% dos recursos em saúde, quando o mínimo é de 25%”, destacou.

Profissionais relatam problemas enfrentados pela categoria

Berenice de Freitas Diniz, que representou o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), destacou que é importante discutir o piso salarial e a redução da jornada, mas sem que haja diminuição do salário. “Quem faz a área da saúde são os profissionais. Enfermagem só é desvalorizada porque historicamente conta com mais profissionais mulheres. Então é uma questão de gênero também”. Ela salientou os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores, como assédio moral, falta de insumos para a atividade e jornada exaustiva.

O presidente da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais, Carlos Augusto dos Passos Martins, falou que o movimento feito no ano passado a favor da categoria busca a valorização dos profissionais. “Precisamos mostrar para todos que temos poder de mobilização e de reivindicação. Não podemos correr o risco de que o projeto que está na ALMG fique anos tramitando, como a matéria que está no Congresso Nacional”. Ele propôs que, no Estado, os profissionais de enfermagem se mobilizem para que o texto seja aprovado ainda neste ano. Martins pediu também o compromisso dos deputados.

Para o diretor da Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Minas Gerais, Juvenal Araújo, faltou na reunião a presença dos proprietários dos hospitais. Ele destacou uma série de viagens, uma parceria da federação com o Conselho Regional de Enfermagem, para debater o assunto em diversas cidades do Estado. “Nós exigimos que esse projeto passe pela CCJ”.

Já o presidente do Conselho de Enfermagem, Rubens Schroder Sobrinho, reforçou a importância da aprovação do projeto. “Nós estamos cansados. A enfermagem precisa ser valorizada pelo cuidado ao ser humano 24 horas por dia”. Ele falou ainda sobre as condições de trabalho em todo o País. “São caracterizadas pelo desrespeito à categoria, com o não pagamento de férias, 13º salário, insalubridade e, ainda, com a falta de equipamentos adequados, ficando expostos aos riscos”, disse. Sobrinho destacou a presença de diversos profissionais do interior na audiência.

A diretora da área da saúde do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), Ilda Aparecida de Carvalho Alexandrino, registrou a greve dos servidores do setor em Belo Horizonte por causa das más condições de trabalho. “Essa reunião hoje é um marco, porque há um ano, não tínhamos nem projeto que previa piso para a categoria. Mas precisamos de mais avanços”, cobrou.

Requerimentos – O deputado Celinho do Sinttrocel anunciou que serão apresentados requerimentos para visita da comissão ao ministro da Saúde para discutir projetos que tramitam no Congresso Nacional sobre piso salarial e jornada de trabalho da categoria; para visita técnica a alguns hospitais e instituições da área para verificar condições de trabalho; para audiência pública a fim de debater essa questão em Diamantina (Região Central do Estado), e, por fim, para envio de ofício ao presidente da Câmara dos Deputados pedindo agilidade na votação dos projetos.

Consulte o resultado da reunião.