O deputado Sargento Rodrigues (1º à esq.) solicitou mais atenção às demandas de Teófilo Otoni e outros municípios
O coronel Vinícius Fulgêncio falou sobre o atendimento emergencial na área de pediatria na região
Segundo o coronel Dagoberto Gandra, a tabela de valores do IPSM estabelece o mesmo valor para todo o Estado
De acordo com o cabo Álvaro Rodrigues Coelho, é comum os militares esperarem até seis meses por consulta pelo IPSM

Militares reclamam de falta de médicos do IPSM no Rio Doce

Falta de especialistas prejudica atendimento prestado a bombeiros e policiais militares e seus dependentes.

10/04/2013 - 15:02

A falta de médicos especialistas credenciados pelo Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado (IPSM) no Vale do Rio Doce foi a principal reclamação relatada pelos participantes da audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Governador Valadares, nesta quarta-feira (10/4/13).

O vice-presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Pimenta (PDT), iniciou a reunião ressaltando a vontade da ALMG em contribuir, da forma que for possível, para melhorar o atendimento médico para bombeiros e policiais militares de Governador Valadares e região.

Autor do requerimento que deu origem à audiência, o deputado Sargento Rodrigues (PDT) destacou que é preciso dar importância também às demandas de Teófilo Otoni e outros municípios. "Valadares é a maior cidade-polo do Rio Doce. Muitas pessoas vêm de outras cidades para serem atendidas aqui. Se o município que dá apoio aos outros está com reclamações e atendimento ruim, como ficam os outros?", enfatizou.

Sargento Rodrigues cobrou a presença de um representante do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Márcio Martins Santana, na audiência. "Esse assunto é muito sério e deveria ter recebido uma atenção maior da parte dele. Tenho recebido reclamações no meu gabinete desde 2007. Médicos de todas as especialidades têm faltado e tenho ido frequentemente ao IPSM para tratar dessa questão". Ele destacou que os segurados são compulsórios, ou seja, não têm como optar por deixar o IPSM.

O parlamentar também afirmou que o diretor-geral do IPSM, coronel Eduardo Mendes de Sousa, não está se fazendo presente nas regionais, sem saber das necessidades locais. "Espero ouvir sugestões de soluções por parte das autoridades locais. Não pode é continuar do jeito que está", afirmou.

Para o IPSM, problemas são pontuais

O assessor de Assistência à Saúde do IPSM, coronel Vinícius Silveira Fulgêncio, destacou que um dos maiores problemas enfrentados na região seria o atendimento emergencial na área de pediatria. Mas ainda assim, segundo ele, as devidas providências têm sido tomadas para contornar as dificuldades, com convênio estabelecido recentemente junto ao Hospital São Lucas. "Não há interesse em dificultar, pelo contrário. Não buscamos lucro. Aceitamos quaisquer interessados em se conveniar. Atualmente são 339 estabelecimentos conveniados em Valadares", garantiu. Ele afirmou ainda que havia outros problemas mais sérios, mas que eles foram resolvidos. "Se existem reclamações, são pontuais", disse.

O gerente regional de Saúde de Governador Valadares e Teófilo Otoni do IPSM, coronel Sebastião Pereira de Siqueira, disse ser de boa qualidade o atendimento oferecido na região. "Se for classificar o IPSM aqui como horrível, imagine em outras cidades!", exaltou-se.

O chefe da Divisão de Assistência à Saúde do IPSM, coronel Dagoberto Rocha Gandra, reforçou que as reclamações são casos isolados e que todas as reclamações são respondidas. "Onde houver médicos dispostos a se credenciar, entraremos em contato. Lógico que há reclamações. Mas não medimos esforços para atender bem todos os que nos procuram. Atualmente são mais de 321 mil beneficiados pelo IPSM", afirmou.

Tabela não seria atraente para médicos do Rio Doce

De acordo com o coronel Dagoberto Gandra, a tabela de valores do IPSM é bem aceita e tenta acompanhar os preços de mercado. "Mais de 400 cidades mineiras têm médicos credenciados. Evidentemente algumas localidades têm menos ou nenhum. Não negamos credenciados, temos centenas de pedidos. Mas como nossa tabela estabelece o mesmo valor para o Estado inteiro, não temos como aumentar o valor ou pagar quantias diferentes", explicou.

O diretor Institucional da Associação de Servidores do Corpo de Bombeiros e da Policia Militar (Ascobom), subtenente Raimundo Nonato, destacou que nas cidades do entorno de Governador Valadares não há médicos conveniados, e que os policiais e bombeiros são atendidos por amizade. "Queremos ser atendidos por meio do convênio. Valadares fica sobrecarregada pelas demandas do entorno. Precisamos de mais pediatras nas cidades menores", explicou. Ele ainda afirmou que o IPSM paga pela consulta R$ 57 e que o valor não seria atraente para os especialistas. "Temos que verificar a possibilidade de reajustes nessa tabela".

O deputado Carlos Pimenta ressaltou que o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e a Unimed pagam R$ 55 por consulta e achou estranho o fato de o IPSM pagar mais e, ainda assim, não atrair médicos interessados. "É preciso rever os prazos de pagamento e descobrir o que está acontecendo. Temos que sair ao socorro desses policiais e seus familiares".

O subtenente Raimundo Nonato destacou, ainda, que as drogas têm feito muitas vítimas entre policiais, bombeiros e seus familiares, e tem faltado clínicas especializadas para atender essa demanda.

Seis meses de espera por uma consulta

O presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, cabo Álvaro Rodrigues Coelho, relatou que é comum muitos militares pagarem IPSM e Unimed, para terem uma estrutura de atendimento melhor. "Pelo IPSM é comum esperarmos até seis meses por uma consulta. Em cidades pequenas como Nanuque e Teófilo Otoni, está havendo muitos problemas. Uma van sai cedo de Teófilo Otoni para Governador Valadares com todas as pessoas que vão ser atendidas no dia. Todo mundo tem que sair junto e voltar junto, ficar lá o dia todo sem nenhum tipo de assistência! Queria muito que essa reunião acontecesse também na ALMG para que pudéssemos levar lá pessoas de mais cidades do interior para se manifestarem também", afirmou.

O deputado Carlos Pimenta explicou que a Agência Nacional de Saúde faz a fiscalização de todos os planos de saúde e que as pessoas insatisfeitas com o IPSM também têm o direito de reclamar. Aos moradores de Teófilo Otoni, que reclamaram bastante da infraestrutura hospitalar da cidade, se dizendo "abandonados", ele deu uma boa notícia. "Conversei ontem com o secretário de Estado de Saúde e ele me garantiu a construção de um hospital regional na cidade, no valor de R$ 86 milhões, com 290 leitos. Eu espero que o IPSM faça com essa instituição uma parceria, que beneficiaria muito os policiais, bombeiros e seus dependentes moradores da cidade", arrematou.