Os parlamentares defenderam o máximo de agilidade no diagnóstico da patologia e lamentaram o preconceito que ainda ronda os pacientes
A presidente da Amapem, Cibele Itaboray Frade, defendeu a gratuidade no transporte público para os pacientes com esclerose

Pacientes com esclerose múltipla pedem agilidade da SES

Em audiência pública da Comissão de Saúde, representante da secretaria garante que atendimento será remodelado.

27/03/2013 - 14:49

Pacientes com esclerose múltipla pediram, em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quarta-feira (27/3/13), mais agilidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES) na liberação de medicamentos controlados. O superintendente de Redes e Atenção à Saúde da secretaria, Marcílio Dias Magalhães, admitiu a queda na qualidade do serviço e se comprometeu a melhorá-lo. A reunião foi requerida pelo deputado Fred Costa (PEN).

De acordo com o superintendente, o atual modelo de atendimento está sendo revisto, pois atualmente “não tem dado as respostas que a sociedade precisa”. Ele ressaltou, no entanto, que houve crescimento na demanda em função do aumento do número de pessoas diagnosticadas.

Além disso, ainda segundo Marcílio, com a chegada ao mercado de novos medicamentos para a esclerose múltipla, os médicos passaram a prescrevê-los, mas essa liberação não depende da SES, e sim da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele considerou positiva a criação de um comitê estadual para acompanhar o processo de melhoria do atendimento aos pacientes com esclerose múltipla.

Na opinião do médico neurologista Marco Aurélio Lana Peixoto, os critérios utilizados pela SES para confirmar o diagnóstico de esclerose múltipla são antigos. “É necessário atualizá-los para que os pacientes recebam o medicamento adequado no momento correto”, ponderou.

Outro neurologista presente à audiência, Antônio Pereira Gomes Neto, acrescentou que essa doença, apesar de não ter cura ainda, é uma das mais estudadas no mundo, e os procedimentos para seu diagnóstico avançaram significativamente.

Passe livre em ônibus é outra demanda

Outra demanda dos pacientes, representados na reunião pela Associação Mineira de Apoio aos Portadores de Esclerose Múltipla (Amapem), é a concessão de passe livre nos ônibus. Segundo a presidente da entidade, Cibele Itaboray Frade, os pacientes precisam se deslocar constantemente para atendimento junto a médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros, de forma que a gratuidade no transporte público ajudaria muito.

Mas a gerente de Atendimento ao Usuário da BHTrans, Paula Maria Ferraz, disse que a empresa apenas cumpre a legislação vigente, e a lei atual não garante gratuidade para pessoas com esclerose múltipla. Ela sugeriu que a Amapem busque o apoio da Câmara Municipal de Belo Horizonte no sentido de ampliar o alcance da legislação sobre o assunto.

Em Minas Gerais, segundo dados apresentados por Marco Aurélio Peixoto, existem 18 casos de esclerose múltipla para cada grupo de 100 mil habitantes. Essa é uma doença autoimune, caracterizada pela crescente incapacidade motora dos pacientes. Uma característica dramática dessa patologia é o fato de ela atingir geralmente pessoas jovens, entre 15 e 45 anos, justamente na fase da vida considerada mais produtiva para o trabalho.

Por isso, para comprometer o mínimo possível a capacidade dos doentes, o deputado Doutor Wilson Batista (PSD) defendeu o máximo de agilidade no diagnóstico. Pompílio Canavez (PT) lamentou o preconceito que ainda ronda os pacientes. Já a deputada Liza Prado (PSB) lembrou a dificuldade dos médicos, principalmente no interior, em fazer o diagnóstico correto da doença.

Em sua fala, o deputado Luiz Henrique (PSDB) lembrou que tramita na Assembleia um projeto de lei que considera deficiente físico o portador de visão monocular. Ele sugeriu ao autor do requerimento para a reunião, deputado Fred Costa, que elabore um projeto para colocar na mesma categoria os pacientes de esclerose múltipla.

Fred Costa defendeu tratamento diferenciado a essas pessoas, como a aposentadoria especial e o passe livre no transporte público. Após o debate realizado na audiência pública, ele manifestou otimismo com relação a avanços nas políticas públicas de atendimento aos pacientes de esclerose múltipla.

Confira o resultado da reunião.