O professor João Carlos Dias aposta no exercício físico para melhorar a qualidade de vida de agentes prisionais

Atividade física pode melhorar qualidade de vida de agentes

Professor afirma que exercícios podem reduzir estresse e problemas do coração de funcionários de unidades prisionais.

30/10/2012 - 14:33

A falta de atividade física pode afetar a qualidade de vida de agentes prisionais, aumentando o risco de problemas cardiovasculares e estresse psicológico. O estudo, feito em três unidades prisionais de Belo Horizonte e publicado em fevereiro deste ano, foi apresentado à Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na manhã desta terça-feira (30/10/12). A audiência foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB), e pelos deputados Sargento Rodrigues (PDT) e Sebastião Costa (PPS), para discutir a prática de exercícios físicos em estabelecimentos penais do Estado.

De acordo com um dos autores, o professor de Educação Física do UNI-BH João Carlos Dias, a pesquisa caracterizou os hábitos de vida, frequência de exercício físico e parâmetros clínicos, como glicemia de jejum e pressão arterial, de 101 agentes de segurança pública, sendo 76 homens e 25 mulheres. Os agentes trabalhavam no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp/BH), Ceresp São Cristóvão e no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto.

O docente, que também é militar da reserva do Exército e membro da Pastoral Carcerária, indicou que 59% dos homens entrevistados praticavam atividade física em seu tempo livre, mas apenas 13% das mulheres tinham esse hábito.

Além disso, a pesquisa mostrou que 26% dos homens e 13% das mulheres são fumantes e os níveis de glicose e pressão arterial estavam alterados. Em relação à taxa de açúcar no sangue, 35% deles e 36% delas estavam com o índice acima do normal (110 mg/dl). A pressão arterial, por sua vez, estava alta em 27% dos voluntários e 24% das voluntárias da pesquisa.

Para João Carlos Dias, o poder público poderia investir na prática de atividade física dos agentes de segurança para diminuir os riscos de problemas no sistema circulatório, o estresse causado pelo risco da função e o uso de fumo e bebida alcoólica. Isso porque a atividade física melhora a respiração, o humor, a concentração e colabora para a redução do percentual de gordura prejudicial à saúde.

Humanização - O integrante do Comitê de Ética do Conselho Regional de Educação Física (Cref), William Perez Lemos, considerou que a atividade física é importante para agentes de segurança e detentos. “O detento continua sendo humano, com seus direitos, e um deles é ao lazer, ao desporto, à atividade física”, destacou. Para William Lemos, os exercícios podem melhorar a capacidade física desse grupo e contribuir para que os privados de liberdade repensem seu corpo e sua humanidade.

Executivo vai propor ações para estimular o exercício físico

O superintendente de Segurança Prisional, da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), André Luiz Teixeira Mourão, afirmou que o Estado está estudando maneiras de implementar a atividade física para agentes e detentos. De acordo com ele, poderia ser feito convênio com a Secretaria de Estado de Educação para que os professores de Educação Física da rede acompanhem as práticas. Mourão informou que, atualmente, existem 129 unidades prisionais e 44 mil presos no Estado.

Sobre a atividade física para os agentes de segurança, o superintendente disse que não há como implementá-la nas próprias unidades prisionais, já que “em 95% delas não há espaço físico”. Por isso, há necessidade de se encontrarem outros locais para a disponibilização do exercício para os agentes.

Conforme a superintendente de Recursos Humanos da Seds, Renata Ferreira Leles Dias, está em andamento um diagnóstico sobre saúde e gestão de pessoas. Ela explicou que os questionários estão sendo respondidos por servidores das 31 unidades prisionais da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), inclusive agentes de segurança. O objetivo da ação, desenvolvida pela Diretoria de Saúde do Servidor da Seds, é mapear os pontos que precisam de melhorias para desenvolver ações mais direcionadas. A previsão é que o levantamento seja concluído até 12 de dezembro.

O secretário municipal de Esporte e Lazer de Belo Horizonte, Roberto Rocha Tross, compareceu à audiência, mas teve que sair porque tinha agenda externa. De acordo com o deputado João Leite (PSDB), o secretário se colocou à disposição para colaborar com parcerias para os projetos de atividade física para agentes e detentos.

João Leite e a deputada Maria Tereza Lara (PT) salientaram a importância da implementação do exercício físico para a melhoria do bem-estar e do trabalho dos agentes e para a ressocialização dos presos.

Análise de proposições – Antes da audiência, a comissão aprovou requerimentos para que os Projetos de Lei (PLs) 3.270/12 e 3.378/12, em 1º turno, sejam baixados em diligência, ou seja, enviados a órgãos públicos para consulta de informações. Os requerimentos são do relator das duas proposições, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

Os parlamentares também aprovaram requerimento da deputada Maria Tereza Lara, que pede à Seds que instale em Betim (RMBH) um estabelecimento para acolhimento de menores infratores. Também foram aprovados requerimentos de manifestações de aplauso e voto de congratulações.

Consulte o resultado da reunião.