Trabalho de restauração dos painéis durou cerca de oito meses – Arquivo/ALMG
A artista plástica acompanhou cada etapa do processo

Galeria de Arte da ALMG recebe mural de Yara Tupynambá

Solenidade no dia 16 de outubro, às 19h30, marcará a transposição da obra.

03/10/2012 - 14:43

O mural de azulejos “Da Descoberta do Brasil ao Ciclo Mineiro do Café”, da artista plástica Yara Tupynambá, estará novamente aberto à visitação a partir do dia 16 de outubro. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais marca o fim dos trabalhos de transposição da obra com uma solenidade às 19h30, na Galeria de Arte do Espaço Político-Cultural Gustavo Capanema, que terá a participação do presidente da Casa, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), e da autora do trabalho. Tombado pelo Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, os painéis estavam afixados em gabinetes no segundo andar do Palácio da Inconfidência. A transposição é parte do projeto Memória do Legislativo Mineiro, que integra o Direcionamento Estratégico Assembleia 2020.

Criada em 1973, a obra era composta de dois murais que foram, agora, consolidados em uma só sequência, com 17 metros de comprimento e 2,48 metros de altura e 872 azulejos. Eles retratam a chegada das caravelas ao Brasil, as cidades históricas mineiras, os ciclos do ouro e do café, a Inconfidência Mineira, dentre outras passagens. Yara Tupynambá acompanhou todas as fases da transposição e enfatiza que a Assembleia “conserva um bem próprio e público, pois trata-se de um bem tombado; e devolve ao povo uma obra que conta a história de Minas”.

Ao apresentar o novo mural, no catálogo de lançamento da obra, o presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, ressalta que “a preservação do patrimônio é fundamental para que nos reconheçamos como brasileiros e mineiros, numa sociedade em constante processo de desenvolvimento e de mudanças, mas que também guarda informações, reais ou simbólicas, que registram nossas ideias e nossos costumes, dando forma à nossa cultura”.

Trabalho, coordenado pela UFMG, é inédito em Minas

A Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coordenou o trabalho de transposição, inédito em Minas Gerais, e trouxe de Recife (PE) especialistas com experiência nessa área. Para planejar as ações, foi feito um diagnóstico das condições das paredes onde estavam afixados os murais, utilizando um radar de alta precisão, que identifica, com imagens digitais, a presença de estruturas que possam ser obstáculos à remoção dos azulejos. A obra foi mapeada e fotografada e os azulejos foram protegidos e numerados, antes da remoção cuidadosa.

Na fase seguinte, os técnicos fizeram a limpeza de cada um dos azulejos, retirando todas as marcas de tinta, cola e concreto. As peças trincadas foram restauradas, e a pintura foi reintegrada onde havia pequenas lacunas. O mural foi, então, transferido para um fino painel de alumínio, que foi afixado na parede da Galeria de Arte. Esse novo suporte é seguro, reversível e permite mobilidade, caso haja esse tipo de demanda no futuro. O trabalho foi executado em aproximadamente oito meses e custou cerca de R$ 415 mil.

De acordo com o coordenador da equipe e diretor da Escola de Belas Artes, Luiz Souza, foram empregadas, pela primeira vez no Estado, tecnologias e conhecimentos que abrangem diferentes áreas como física, química, geologia, engenharia, história, além de modernos conceitos de conservação e restauração. “A gestão desse processo promoveu redução de custo, estimulou a qualificação do pessoal, melhorando o nível do mercado, e está promovendo a consciência da população sobre a importância de se conservar os bens”, considera o especialista.

A transposição teve ainda o acompanhamento e orientação técnica do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e a aprovação da Fundação Municipal de Cultura e do Instituto Yara Tupynambá.