Para autoridades, família é fundamental no combate às drogas
Evento na ALMG, nesta quinta (27), lançou o “Movimento para fortalecer as famílias contra o crack e outras drogas”.
27/09/2012 - 14:09“Meu filho tem 37 anos e, desde os 17, é dependente de crack. Ele está internado pela terceira vez, mas, agora, já está há um ano em abstinência”. Quem contou a história de sua família foi a coordenadora da Organização Não Governamental (ONG) Mães de Minas contra o Crack, Dalveneide Almeida Santos. Ela participou da cerimônia de lançamento do “Movimento para fortalecer as famílias contra o crack e outras drogas”, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (27/9/12). Em sua opinião, o movimento é correto ao abordar a família, considerada por ela “o caminho para combater o crack e salvar os filhos”.
De acordo com o presidente da Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack, deputado Paulo Lamac (PT), o objetivo do evento foi marcar a continuidade da mobilização por mais políticas públicas e ações efetivas na luta contra as drogas. “O núcleo familiar é importante na prevenção e no processo de tratamento e de reinserção social”, disse. Ele ressaltou que o Brasil já é o maior consumidor de crack do mundo. “O uso da droga é um desafio para as sociedades mineira e brasileira”, pontuou. A solenidade na Assembleia contou com a participação de autoridades do Estado e de representantes de entidades civis de luta contra as drogas.
Tratamento para usuários – Para o deputado João Leite (PSDB), o combate ao crack tem que abarcar não só as famílias, mas também as escolas e as igrejas. Ele afirmou, ainda, que a droga e o tráfico estão entre as principais causas da detenção dos cerca de 60 mil presos no Estado. “Não podemos exigir que nossa polícia prenda mais. É preciso tratamento para os usuários”, defendeu. A deputada Liza Prado (PSB) acrescentou dizendo que é necessário também atenção à pobreza, considerada pela parlamentar um “agravante” que dificulta a recuperação dos jovens, principalmente.
O secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, falou sobre a importância do Aliança pela Vida, programa do Governo de Minas, que visa à prevenção, ao tratamento e à reinserção de dependentes químicos. Segundo ele, o combate às drogas deve envolver “toda a sociedade”. Para o membro do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, pastor Wellington Vieira, “quem verdadeiramente sofre com o problema da dependência química é justamente a família do usuário”. Ele acredita que é preciso mudar a forma de olhar os dependentes químicos. “Não há um usuário que não queira iniciar um tratamento, e precisamos lutar pelo direito do ex-dependente de recomeçar sua vida”, disse.
Atuação da Assembleia – O subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides, concordou com a opinião dos convidados, ressaltando que o envolvimento das famílias é fundamental para garantir que políticas públicas sobre o assunto ganhem efetividade. Ele elogiou, ainda, a atuação da ALMG. “Poucas são as casas legislativas que se debruçam sobre uma questão tão complexa”, afirmou.
Na Assembleia de Minas, esse trabalho de sensibilização teve início com a criação da Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack, em março deste ano. Nos últimos meses, a comissão realizou várias audiências públicas com o objetivo de discutir e avaliar políticas públicas para o combate ao uso de drogas. Em junho, a ALMG promoveu a Marcha contra o Crack e Outras Drogas, que reuniu 15 mil pessoas, e um ato público contra o crack, que contou com a participação de mais de 5 mil estudantes. Em agosto, a comissão recebeu o Fórum Brasileiro de Gestores sobre Drogas, para troca de experiências entre representantes de vários Estados.
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