Transposição do mural de Yara Tupynambá chega na fase final
Peças estão sendo assentadas em estrutura metálica, que será afixada na parede. Inauguração será dia 25 de setembro.
30/08/2012 - 19:18Está na reta final o trabalho de transposição do mural da artista plástica Yara Tupynambá para a Galeria de Arte do Espaço Político Cultural (EPC) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Os 1.590 azulejos que compõem o painel estão sendo transferidos para um fino painel de alumínio, que será afixado na parede. A obra será inaugurada ainda neste semestre. O trabalho é inédito em Minas Gerais e exigiu quase um ano de total dedicação.
O mural, que retrata cenas históricas de Minas Gerais, é tombado pelo patrimônio histórico de Belo Horizonte e ficava no 2º andar do Palácio Inconfidência. A transferência da obra para a Galeria de Arte envolveu técnicos da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que coordenam o trabalho; do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha); e da empresa Grifo Diagnóstico e Preservação de Bens Culturais, de Recife (PE).
De acordo com o coordenador da equipe e diretor da Escola de Belas Artes da UFMG, Luiz Souza, foram empregadas, pela primeira vez no Estado, tecnologias e conhecimentos que abrangem diferentes áreas como física, química, geologia, engenharia, história, além de modernos conceitos de conservação e restauração.
Para traçar o planejamento da transposição, os técnicos fizeram um diagnóstico de imagem das condições da parede onde estava afixado o mural, utilizando o mesmo equipamento usado em investigações criminais. Trata-se de um radar de alta precisão, que identificou como estava a parede por trás dos azulejos, para detectar possíveis obstáculos à retirada dos objetos como canos ou estruturas de concreto. Esse diagnóstico e a documentação científica das imagens foram realizados em novembro do ano passado.
Depois do planejamento de todo o trabalho, os técnicos fizeram a limpeza de cada um dos azulejos, removendo todas as marcas de tinta, cola e concreto. Também foram restaurados e totalmente reintegrados à obra original. A artista plástica, que acompanha toda a recuperação do mural desde o início, está encantada com o resultado. Ela ressalta dois aspectos fundamentais da transposição: “ a Assembleia conserva um bem próprio e público, pois trata-se de uma obra tombada; e devolve ao povo uma obra que conta a história de Minas”, afirma.
A Assembleia também editará um livro para registrar todo o trabalho executado. Na opinião do professor Luiz Souza, a transposição do mural de Yara Tupynambá inaugurou uma nova fase na história da restauração em Minas, pois implantou as etapas do diagnóstico e do projeto de execução. Segundo ele, a maioria dos trabalhos é feito sem um planejamento adequado, o que implica em perdas irreparáveis de bens culturais e históricos. “A gestão desse processo promoveu redução de custo, estimulou a qualificação do pessoal, melhorando o nível do mercado, e está promovendo a consciência da população sobre a importância de se conservar os bens”, considera o especialista.
O mural – Os painéis foram tombados pelo patrimônio artístico e cultural de Belo Horizonte em 2010. Datada de 1973, a pintura feita sobre azulejos mede 18 metros de comprimento e 2,48 metros de altura. Os azulejos mostram a chegada das caravelas ao Brasil, as cidades históricas mineiras, os ciclos do ouro e do café, a Inconfidência Mineira, dentre outras passagens da história do Estado. A transposição faz parte do projeto Memória do Legislativo Mineiro, que integra o Direcionamento Estratégico ALMG 2020.