Representantes de operadoras alegam que leis municipais restringem a instalação de antenas
Comissão deve pedir CPI para apurar irregularidades em telefonia móvel

Legislação impede investimentos, dizem operadoras de celular

Segundo as empresas, leis municipais restringem instalação de antenas, impedindo melhoria dos serviços.

28/08/2012 - 14:52

O maior obstáculo à expansão e à melhoria da qualidade da telefonia celular no Estado é a diversidade de leis municipais restringindo a instalação de antenas. A reclamação foi feita nesta terça-feira (28/8/12) pelos representantes das operadoras Tim, Oi e Vivo presentes à audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Na reunião, solicitada pelos deputados Délio Malheiros (PV), presidente, Duílio de Castro (PMN) e pela deputada Liza Prado (PSB), foram debatidos os investimentos das empresas e o aumento no número de reclamações registradas pelos clientes.

Segundo dados do Procon Assembleia, até o dia 23/8, o órgão recebeu quase 5 mil queixas contra as operadoras de telefonia, número maior que o registrado em 2011. No Procon Municipal, foram cerca de 3 mil reclamações no primeiro semestre deste ano, contra 2.212 em todo o ano passado. Esses registros colocam as empresas de telecomunicações em primeiro lugar no ranking de queixas, superando os bancos, as financeiras e as operadoras de cartão de crédito.

Em defesa das empresas, a advogada do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Gabriela Vasconcellos, disse que 5 mil reclamações em um universo de 25 milhões de linhas no Estado não representam nem 1% do total. Apesar disso, o consultor da Oi, Ricardo Mascarenhas, garantiu que a empresa tem como meta reduzir ao máximo os problemas dos consumidores.

Mas essa tarefa, segundo ele e os demais representantes das operadoras, esbarra nas leis municipais que restringem a instalação das antenas de celular, as chamadas estações rádio-base (ERBs). De acordo com Gabriela Vasconcelos, são mais de 70 as leis nesse sentido. Por outro lado, é cada vez maior a cobrança da sociedade e de órgãos como o Ministério Público, os Procons e a própria Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por melhoria da qualidade e expansão do sinal.

A solução para o impasse, segundo as empresas, é a unificação da legislação. O Ministério das Telecomunicações está elaborando um anteprojeto da chamada “Lei Geral de Antenas”, com o objetivo de unificar as regras de instalação de ERBs no País. De acordo com as operadoras, essa legislação é imprescindível porque dela dependem a expansão da rede de telefonia e a implementação da banda 4G, necessárias para suportar o volume de tráfego de dados e voz decorrentes de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

As empresas não responderam, no entanto, às queixas em relação ao atendimento ao consumidor. O cliente das operadoras Vivo e Oi Frederico Diniz Ribeiro da Glória afirmou que o contato telefônico com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da Vivo nunca dura menos que dez minutos. No caso da Oi, a “estratégia”, segundo ele, é ficar transferindo as ligações de um atendente para outro, sem que a solicitação do cliente seja atendida. Layla Ribeiro, gerente regional de Relações Institucionais da Vivo, se comprometeu a levar o assunto à direção da empresa, para providências. Frederico se disse descrente em relação a qualquer melhoria.

O deputado Délio Malheiros afirmou que o serviço de telefonia celular no Brasil é muito caro e deixa a desejar em termos de qualidade. Ele apontou também uma falha na própria conta, que não informa o número de contato da operadora caso o cliente precise acionar a empresa. Malheiros disse ainda que a Anatel sempre foi complacente com as irregularidades cometidas pelas empresas de telefonia. O deputado Antônio Júlio (PMDB) também se queixou da agência, dizendo que ela representa mais os interesses das empresas do que dos consumidores. Já a deputada Liza Prado cobrou das operadoras mais investimentos no País, uma vez que a remessa de lucros para o exterior está cada vez maior.

Requerimentos – Seis requerimentos foram aprovados na reunião. O deputado Délio Malheiros pediu o envio de ofício ao Ministério das Comunicações para que o órgão dê prioridade na elaboração do anteprojeto da “Lei Geral de Antenas”. Solicitou também o envio de ofício à bancada mineira no Congresso Nacional sugerindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades na prestação dos serviços das operadoras de telefonia. Pediu também que seja enviado ofício à Anatel, ao Procon Assembleia e ao Procon Municipal solicitando relatórios que retratem a situação da telefonia móvel no Estado, bem como dados sobre as reclamações dos consumidores.

Um requerimento da deputada Liza Prado pede que seja firmado um convênio entre a Anatel e os Procons do Estado, de forma que estes enviem regularmente à agência reguladora informações sobre as reclamações relacionadas aos serviços de telefonia, TV a cabo e internet em Minas. A deputada também pediu a realização de uma audiência pública para discutir a Resolução Normativa 502, de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regulamenta sistemas de medição de energia elétrica de unidades consumidoras do grupo B (residencial, rural e demais classes, exceto baixa renda e iluminação pública).

A comissão aprovou ainda requerimento do deputado Fred Costa (PEN) em que solicita uma audiência pública para debater a situação dos idosos frente às modificações propostas pelos planos de saúde em Minas Gerais.

Consulte o resultado da reunião.