Comissão de Educação ouviu especialistas sobre o tema

Computação em nuvem provoca mudanças nos recursos de TI

Participantes de audiência pública nesta quinta (23) destacaram os desafios e mudanças na Tecnologia da Informação.

23/08/2012 - 14:32

As vantagens e os desafios trazidos pelo acesso a dados e informações de qualquer lugar e dispositivo móvel – a computação em nuvem – foram discutidos durante audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta quinta-feira (23/8/12). Os participantes da reunião destacaram que a computação em nuvem traz uma mudança de paradigma na forma como são utilizados os recursos da Tecnologia da Informação (TI).

“É uma inovação falar de tecnologia de nuvem. É uma mudança de paradigma que nasceu em 2007 e atualmente temos várias empresas utilizando este recurso para diminuir custo, melhorar o serviço e a produtividade”, afirmou o responsável pelo serviço de pré-vendas Brasil Google, Marlon Kotai. Além dessas vantagens, ele destacou o fato de a computação em nuvem ser mais segura e possibilitar acesso de qualquer dispositivo, com novas aplicações.

Para Marlon, em um ambiente corporativo, a possibilidade de colaboração, ou seja, o fato de as pessoas trabalharem juntas, é o maior benefício da nuvem. “As pessoas começam a pensar no trabalho em grupo, como times, provocando uma mudança na cultura da empresa, que passa a ter uma ambiente colaborativo”, salientou.

Revolução – Na opinião do gerente-geral de Tecnologia da Informação da ALMG, Marcelo Migueletto, a computação em nuvem já é uma realidade, “mas veremos muito mais acontecer com o avanço e massificação da tecnologia”. Em sua opinião, a área de TI está próxima de uma revolução, talvez no porte do que ocorreu em meados dos anos 80, com os microcomputadores. “É uma mudança de paradigma que vai mudar a forma como usamos os recursos da TI”, disse.

No entanto, Migueletto destacou que é preciso considerar a segurança e a privacidade dos dados em nuvem que, no ambiente corporativo, ganham uma dimensão maior. Considerou ainda que a computação em nuvem depende que a conexão da internet seja eficiente e de qualidade.

Os desafios da computação em nuvem também foram destacados pelo gerente de Estratégia de Plataforma da Microsoft, Djalma Andrade. Para ele, os desafios da computação em nuvem envolvem sua regulação, a soberania de dados, a privacidade, a confiabilidade e a utilização de padrões e normas técnicas, entre outros.

Djalma Andrade também apresentou as vantagens da computação em nuvem, como agilidade, economia e desenvolvimento de algo com propósito específico (foco). Destacou ainda as variadas composições de nuvem, que podem ser privadas, para atender as necessidades do negócio da empresa; público e de uso híbrido. Ressaltou que, em 2011, pela primeira vez, o número de servidores virtuais superou o de servidores físicos instalados.

Para o presidente da comissão e autor do requerimento para a reunião, deputado Bosco (PTdoB) a discussão do tema é importante porque é atual. “É preciso que aprimoremos cada vez mais nosso conhecimento para acompanhar os constantes avanços nesta área”, disse Bosco.

Setor em Minas precisa crescer para acompanhar as mudanças

O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação de Minas Gerais (Assespro/MG), Ian Campos Martins, destacou a relevância econômica e estratégica da computação em nuvem para Minas Gerais e a importância da discussão do tema na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.

Segundo ele, em um cenário mundial onde 60% da riqueza comercializada são de produtos de alta e média tecnologia, Minas Gerais não se destaca, por exemplo, na exportação desses produtos, mas sim, em matéria-prima, como café e minério de ferro. Mostrou que os serviços públicos oferecidos no Brasil relacionados à tecnologia, como acesso e valor da internet, são mal avaliados mundialmente em contrapartida com a boa avaliação dos fornecedores nacionais de TI. “Qualidade das empresas de software nós temos, precisamos melhorar a parte pública”, disse.

Ian Campos Martins informou que o Brasil é o 8º mercado de TI no mundo, representando 4,4% do PIB nacional. “Infelizmente, em Minas Gerais, a área de TI corresponde apenas a 0,81% do PIB mineiro”, disse Ian, ao destacar ainda que o Estado tem 5 mil empresas no setor, representando 7,6% do total de empresas do Brasil.

Nesse sentido, falou sobre a necessidade de Minas avançar para acompanhar o mercado da computação em nuvem. Segundo ele, em 2010, foram faturados U$ 46,4 bilhões no mundo neste segmento e a previsão para 2013 são de U$ 150 bilhões. No Brasil, em 2014, a projeção é de um faturamento na ordem de U$ 500 milhões. “Minas Gerais tem como crescer na computação em nuvem, fornecendo softwares, mas temos que agir agora”, disse Ian.

Entre as sugestões para fomentar o setor, Ian destacou melhoria na capacitação; competitividade à indústria de software através de leis tributárias adequadas; estímulo para criação de linhas de crédito; criação de prêmios para softwares inovadores; estímulo para criação de data center em Minas Gerais; e a criação de projetos-piloto em nuvem de uso governamental, entre outros.

Consulte o resultado da reunião.