Deputados da Comissão de Segurança Pública também estão preocupados com os desmanches ilegais de carros
Deputados colhem informações sobre roubo e furto de veículos na Capital

Comércio irregular é desafio para combate a roubo de carros

Comissão de Segurança Pública discutiu com autoridades policiais estratégias para coibir esse tipo de crime.

12/07/2012 - 19:42

O comércio irregular de autopeças usadas é um dos principais problemas a serem enfrentados no combate aos furtos e roubos de veículos em Belo Horizonte. A opinião foi unânime entre as autoridades policiais que participaram da reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (12/7/12). Segundo o comandante do 34º Batalhão da Polícia Militar, coronel Idzel Fagundes, os comerciantes não são obrigados a ter a identificação das peças vendidas, o que facilita a receptação de peças roubadas.

Outro problema, na avaliação do comandante responsável pelo policiamento da Avenida Pedro II, principal polo de comércio de autopeças da Capital, diz respeito aos leilões de veículos que tiveram perda total. Segundo o coronel Fagundes, muitos são arrematados em leilões por lojas irregulares, e as seguradoras não fazem baixa desses carros junto ao Departamento de Trânsito (Detran-MG). “Muitas vezes é montado um novo veículo em cima do chassi de um carro roubado”, exemplificou.

Para o chefe de operações especiais do Detran-MG, delegado Ramon Sandoli, outro agravante é a dificuldade em identificar os ladrões de carros. Uma pessoa parada numa blitz sem os documentos do veículo pode dizer que o carro é de outra pessoa, e no máximo responde por receptação. Para esse crime é possível pagar fiança, o que significa que os bandidos não ficam presos, segundo o delegado.

Apesar dessas dificuldades, houve queda de 9,7% nos furtos e de 1% nos roubos de veículos em Belo Horizonte nos últimos seis meses, segundo o comandante de policiamento da Capital, coronel Rogério Andrade. De acordo com ele, mensalmente são roubados ou furtados na cidade cerca de 440 carros. Por outro lado, o índice de recuperação desses veículos pela polícia é de 391 unidades por mês. Isso se explica, segundo o comandante, porque a maioria dos carros são roubados para os bandidos cometerem outros crimes.

Para resolver esse problema, a Polícia Militar adotou uma nova tática. Diferente da tradicional blitz, na chamada operação de impacto os policiais abordam carros em movimento ou parados nos sinais de trânsito, de modo a surpreender os motoristas. Além disso, a PM dividiu Belo Horizonte em 99 setores de segurança, de modo a intensificar o trabalho de prevenção ao crime. Outra novidade a ser colocada em prática nos próximos dias é o fechamento de quarteirões por até 30 minutos para ações de abordagem. Também serão implantados 48 corredores de segurança, onde serão realizadas blitze regularmente.

Preso denuncia comerciantes da Pedro II

Parte do comércio de autopeças na Avenida Pedro II se abastece de mercadorias roubadas, segundo o detento Cláudio Assis Ramos. Preso por receptação de peças roubadas no exercício do comércio, ele denunciou que muitas lojas de fato atuam como receptadoras. Sem citar nomes, ele também denunciou que policiais militares cobram propina desses comerciantes para fazer vista grossa para o crime.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) defendeu que as Polícias Civil e Militar façam uma operação “cirúrgica” para coibir os furtos e roubos de veículos. “Atuar na repressão talvez não seja a melhor estratégia. Atuar no combate à receptação pode levar a uma queda brusca nesse tipo de crime. Lojas, galpões, ferros-velhos e oficinas irregulares continuam atuando de forma tranquila na Avenida Pedro II”, afirmou.

O deputado João Leite (PSDB), que fez vários questionamentos a Cláudio Assis Ramos, disse que vai pedir proteção ao detento junto à Subsecretaria de Estado de Administração Prisional. Depois de aprovar vários requerimentos de providências, a comissão se reuniu a portas fechadas para ouvir outras denúncias do detento.

Pátios superlotados preocupam deputada

A deputada Maria Tereza Lara (PT) manifestou preocupação com a situação do pátio de veículos apreendidos de Betim. Segundo ela, o pátio tem capacidade para 632 veículos, mas abriga 1.673 carros. Os leilões para venda desses veículos estão suspensos em função de um questionamento judicial da licitação feita pelo Estado para a escolha de novos leiloeiros.

O delegado Ramon Sandoli informou que o Ministério Público entrou com recurso para a nomeação de leiloeiro enquanto não se resolve essa pendência na Justiça. Com isso, segundo ele, dentro de 40 dias 963 veículos serão leiloados em Betim.

A deputada Maria Tereza Lara teve aprovado requerimento para a realização de visita à 1ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte para pedir agilidade no julgamento do mandado de segurança impetrado pela Associação dos Leiloeiros. Em outro requerimento, ela solicita ao Governo do Estado informações sobre a situação dos pátios de veículos apreendidos pela polícia. Vários outros requerimentos também foram aprovados na reunião.

Consulte o resultado da reunião.