Aumentar as ações de prevenção e de rede de apoio e assistência ao usuário de drogas. Essas foram as principais reivindicações dos participantes da audiência pública da Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada na manhã de segunda-feira (9/7/12), em Passos (Sul de Minas). A integração das instituições municipais, estadual e federal também foi destacada, além da criação de um fórum permanente de discussão para troca de experiências. A reunião foi requerida pelo presidente da comissão, deputado Paulo Lamac, e  pelo deputado André Quintão, ambos do PT.

Para o promotor de Justiça e diretor da Secretaria das Promotorias de Justiça da Comarca de Passos, Éder da Silva Capute, o problema do crack e das drogas no município não é só uma questão de polícia, de segurança e de repressão. “Precisamos trabalhar os dois vieses, que são a prevenção dos jovens e o cuidado com aqueles que já estão envolvidos com entorpecentes”, ponderou. Segundo Éder Capute, as polícias militar e civil já fazem um bom trabalho e o foco agora deve ser na prevenção dos jovens e dos indivíduos que são alvos fáceis para as drogas e no cuidado dos usuários.

Éder Capute também defendeu a criação de um fórum permanente de discussão para identificar e discutir os problemas relacionados às drogas. “Devemos aliar forças e trabalharmos como rede para cuidar e prevenir. Os municípios precisam conversar entre si e obter o apoio urgente dos governos estadual e federal”, afirmou o promotor.

Mesma opinião tem o defensor público Carlos Alberto Tomazelli Penha. Para ele, a adoção de ações conjuntas e integradas de todas as instituições e a criação de um fórum permanente de discussão são essenciais para a troca de experiências. A supervisora do Centro de Assistência Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD), Andréa Curtolo Martins, também defendeu a união de forças para criar uma rede de atenção, de apoio, auxílio, firme e fortalecida para aqueles que necessitam.

Apreensões diárias – O comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar de Passos, tenente coronel Ronaldo Rezende dos Anjos, também concorda que hoje o crack é mais uma questão de saúde pública do que de segurança, mas informou que o problema principal de seu batalhão, responsável por 20 municípios da região, ainda é o uso de entorpecentes, basicamente, o crack. “Das dez ações diárias, seis estão envolvidas com entorpecentes. Diariamente temos ações para enfrentamento do crack e seu consumo. As apreensões são diárias e em pequenas quantidades”, afirmou o tenente coronel. Segundo ele, este ano, a polícia apreendeu 12 quilos de drogas em Passos e região.

O delegado de Polícia de Passos, Thiago Gomes Ribeiro, reforçou a informação de que as ações da polícia são voltadas para o combate ao tráfico de drogas, mas que percebe, durante as autuações, a falta de estrutura social dos envolvidos. “As pessoas ligadas ao tráfico apresentam deficiência familiar e estrutural ou residem em locais onde a mão do Estado não alcança”, afirmou. Ele defendeu o aumento de pessoal e ações estruturadas para “sufocar o tráfico de drogas" em Passos.

Subsecretário defende integração das ações

Para o subscecretário de Políticas Antidrogas do Estado de Minas Ggerais, Cloves Eduardo Benevides, a reunião em Passos é importante para ouvir a sociedade local. Segundo ele, o crack trouxe elementos conhecidos antes apenas na literatura como a desagregação familiar em proporções nunca vistas e o acréscimo da violência ligada à droga.

Cloves Benevides acredita que, para combater as drogas, as respostas devem ser múltiplas e integradas e é importante que haja diálogo em todos os setores. “Vemos hoje o quão difícil é essa integração. Acredito que, ao invés de identificar os vazios, que realmente existem, falta o sentimento de integração para melhorar os resultados do que hoje está posto”, opinou. Ele destacou a importância da Comissão para o Enfrentamento do Crack. Para Cloves Benevides, a Comissão da ALMG ai oferecer uma nova estrutura para a política pública de combate ao crack. “O debate tem sido suprapartidário e os deputados têm se identificado com esse assunto. Isso, de fato, mostra a dimensão da preocupação das pessoas”, disse Cloves Benevides.

O presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT), destacou o trabalho feito na comissão, que promove sua 16ª reunião extraordinária. Segundo ele, já foram discutidos os problemas estruturais do crack e que o momento agora é de reuniões regionais, como essa realizada em Passos. “Estamos buscando uma rede de atenção em todo o País e a prevenção efetiva para rompermos esse processo desenfreado do crack”, disse Lamac.

Consulte o resultado da reunião.