Presidente do Coned, Aloísio Andrade, sugere maior tributação sobre tabaco e bebida para ampliar recursos de combate às drogas
Deputados cobram da União repasse de verba para combate ao crack

Comissão de Enfrentamento do Crack pede mais prazo

Foi aprovado, em audiência pública nesta terça-feira (22), requerimento solicitando mais 30 dias para o funcionamento.

22/05/2012 - 20:15

A Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas Gerais quer prorrogar por mais 30 dias o seu prazo de funcionamento. Requerimento neste sentido, do presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT) foi aprovado durante audiência pública realizada nesta terça-feira feira (22/5/12). O pedido é de que os trabalhos continuem até o dia 27 de junho. O requerimento segue para avaliação do Plenário. A comissão foi criada para, em 60 dias, proceder a estudos para o enfrentamento do problema do crack no Estado.

A reunião foi pedida pelos deputados Paulo Lamac, Vanderlei Miranda (PMDB), Doutor Wilson Batista (PSD) e deputada Liza Prado (PSB), para debater o financiamento para as políticas de combate às drogas. No entanto, a ausência de representantes do governo federal prejudicou a discussão. Indignado, o deputado Célio Moreira (PSDB) apresentou requerimento, que também foi aprovado, solicitando que seja realizada nova reunião sobre o mesmo tema. Ele também sugeriu que a comissão enviasse uma manifestação de protesto aos órgãos convidados.

Os convidados que não compareceram e não se justificaram foram: a secretária de Políticas Sobre Drogas do Ministério da Justiça, Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte; o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori Kinoshita; e o diretor de Contencioso e Gestão do Fundo Nacional Anti-Drogas, Marco Aurélio Martins de Araújo.

Dois dos convidados que compareceram optaram por não fazer pronunciamentos, justificando que a reunião perdera o sentido em função das ausências. “A presença deles (os representantes) é imprescindível para sabermos quais suas prioridades e esclarecermos o que pode ser feito”, afirmou a a defensora pública do Juizado Especial Criminal da Comarca de Belo Horizonte, Mariana Carvalho de Paula de Lima.

O coordenador do Departamento de Investigação Antidrogas da Polícia Civil, Márcio Lobato Rodrigues ironizou o não comparecimento dos convidados. “Talvez por não terem o que dizer não tenham vindo”. O delegado disse que o departamento nunca recebeu “sequer um centavo” do governo federal pelo menos nos últimos 15 anos, tempo em que ele trabalha lá e pode comprovar. Ele também questionou o anúncio do governo federal, feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, de que seriam investidos R$ 400 milhões no combate às drogas. “Será que dos R$ 400 milhões não foram gastos R$ 399 milhões em propaganda”?

Coned admite evolução dos investimentos, mas sugere propostas para ampliação

O presidente do Conselho Estadual Antidrogas (Coned), Aloísio Andrade, admitiu que os investimentos do poder público em combate às drogas tem crescido nos últimos 12 anos. Segundo ele, o novo plano de enfrentamento ao crack, do governo federal, prevê a aplicação de R$ 4 bilhões até 2015.

Aloísio Andrade disse que Minas Gerais é o Estado brasileiro que mais investe na área, seguido por Piauí e Pernambuco. De acordo com o presidente do Coned, em 2003 o governo estadual mineiro investiu R$ 30 mil; em 2010, o montante chegou a R$ 10 milhões. Ele lamentou, no entanto, que a maior parte dos recursos aplicados no País seja direcionada para a repressão e pouco para a prevenção do uso da droga.

Ele sugeriu duas ações para ampliar os recursos e as condições de combate ao crack: a criação da Contribuição Social sobre o tabaco e bebidas, cuja arrecadação seria destinada ao Fundo Nacional Antidrogas (Funad); e a implantação de Associações de Proteção a Dependentes Químicos, nos moldes das Apacs, direcionadas à inserção social de condenados.

O deputado Doutor Wilson Batista sugeriu, também, a criação de um programa de combate ao crack e à dependência química para atuar de maneira preventiva. Ele disse que 70% dos dependentes que passam por tratamento acabam reincidindo no uso das drogas.

Requerimentos – Outros dois requerimentos foram aprovados na reunião da Comissão, dois deles do deputado Paulo Lamac. O parlamentar sugere realizado debate público para a apresentação das atividades do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), da Polícia Militar de Minas Gerais; e que se realize audiência pública para discutir a importância da educação para o enfrentamento do crack. Célio Moreira solicita seja convidado o jornalista Ismar madeira, repórter da TV Globo Minas, para falar sobre a série de reportagens exibidas no telejornal MGTV sobre o avanço do crack no Estado.

Consulte o resultado da reunião.