Família e moradia assistida podem ajudar dependente químico
Para representantes de comunidades terapêuticas, esses elementos podem contribuir para a reinserção de adictos.
15/05/2012 - 18:44A preparação da família para lidar com o dependente químico e as moradias assistidas podem contribuir para a reinserção de dependentes químicos. A opinião é de integrantes de comunidades terapêuticas que participaram de audiência pública da Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na tarde desta terça-feira (15/5/12). A audiência foi solicitada pelos deputados Paulo Lamac (PT), Vanderlei Miranda (PMDB) e Doutor Wilson Batista (PSD) e pela deputada Liza Prado (PSB).
O representante da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, Paulo César Amaral, destacou que o dependente químico tem dificuldade de lidar com questões emocionais e, muitas vezes, sofre de baixa autoestima e passou por alguma situação traumática. Por isso, afirmou ele, a família precisa ser preparada para se relacionar com o adicto e apoiá-lo para que ele abandone o vício, colaborando para seu amadurecimento emocional. Além disso, deve evitar comportamentos facilitadores, como fazer tudo pelo dependente, sem estabelecer limites.
Conforme a superintendente técnica adjunta da Associação Terra da Sobriedade, Ana Luiza Viana, moradias assistidas poderiam reforçar cuidados a dependentes químicos que já tenham meios de controlar suas próprias vidas. De acordo com Ana Luiza, as moradias funcionam como um ambiente familiar, com regras de convivência, e estão ligadas a programas de tratamento para contribuir com a abstinência. Ela mencionou que muitos dependentes que frequentam essas moradias apresentam mais melhorias em 60 dias.
Ana Luiza Viana ponderou, ainda, que a reinserção é um processo dinâmico, composto de avanços e retrocessos. Segundo ela, as ações devem levar em consideração o projeto de vida do dependente, o que ele pensa sobre a continuidade do tratamento, a dimensão familiar e socioafetiva, o lazer e o tempo livre, o exercício da cidadania e a religiosidade ou espiritualidade, entre outros elementos.
Outras relações - Para Ana Regina Machado, mestre pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, a reinserção social não deve ser feita no pós-tratamento. Ela mencionou que a reiserção pode ser realizada por meio do trabalho, do ensino, da cultura ou da saúde e que diversas áreas podem pensar em formas de modificar a relação do adicto com o vício.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) concordou que a reinserção do dependente químico deve levar em conta, entre outras, as estruturas cultural, familiar e sociopolítica. Além disso, ele considerou que é preciso repensar desafios como combate ao tráfico.
O presidente da comissão, deputado Paulo Lamac, esclareceu que as discussões sobre as drogas vão subsidiar a elaboração de medidas para diminuir o consumo de entorpecentes.