Deputados e convidados debatem situação da Unidade Onco-Hematológica Pediátrica do HC
Unidade de oncologia pediátrica está inativa por falta de médicos

Ala de oncologia pediátrica do HC precisa de profissionais

Inaugurada há um ano, unidade não funciona por falta de pessoal especializado para atender crianças com câncer.

11/04/2012 - 13:40

Uma ala pronta para atender pacientes de oncologia e de hematologia, mas que não está funcionando por falta de pessoal. Este é o atual quadro da Unidade de Onco-Hematologia Pediátrica do Hospital das Clínicas (HC) de Minas Gerais, que foi apresentado na reunião desta quarta-feira (11/4/12), da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A situação foi lamentada por dirigentes, médicos e deputados que alertaram sobre a burocracia que impede a contratação de profissionais qualificados para colocar a unidade em funcionamento. O requerimento solicitando o debate foi do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

O diretor-geral do Hospital das Clínicas, Antônio Luiz Pinho Ribeiro, informou que a Unidade Onco-Hematológica Pediátrica do HC, denominada Marco Antônio Borato, vai começar a funcionar parcialmente a partir de maio deste ano. A área, inaugurada em 2011, tem 22 leitos, um solário, brinquedoteca e área de lazer, tendo sido construída com doação de R$ 1,5 milhão, em parceria com o Instituto Ronald McDonald e a Fundação Sara.

“A unidade está fechada e é uma situação particularmente dolorosa do ponto de vista interno”, afirmou o diretor-geral do HC. Para funcionar de forma plena, de acordo com Antônio Luiz Ribeiro, seriam necessários 80 profissionais, entre médicos, enfermeiros e pessoal do setor administrativo.

A diretora de Recursos Humanos da UFMG, professora Marília Alves, disse que a universidade tem uma cota para contratar pessoal e que em julho deste ano será realizado concurso para médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Segunda ela, a destinação da lotação dos profissionais nas unidades será feita pela direção do hospital. Ainda de acordo com Marília, 40% da cota de pessoal do HC trabalha no hospital e o restante atende todas as unidades administrativas e acadêmicas da instituição.

Segundo o superintendente da Rede de Atenção à Saúde de Minas Gerais, Marcílio Dias Guimarães, o Governo de Minas acredita na capacidade técnica da unidade e espera que ela entre logo em funcionamento.

Deputados e Fundação Sara cobram funcionamento da unidade

“Temos que tentar resolver este problema que muito nos aflige”, disse o superintendente administrativo-financeiro da Fundação Sara, Sebastião Antônio da Silveira Bicalho, sobre o não funcionamento da Unidade Onco-Hematológica Pediátrica do Hospital das Clínicas. Segundo ele, o HC é o principal local aonde as famílias com criança em tratamento de câncer recorrem. “Nós conseguimos arrecadar os fundos necessários para a ala e depois de inaugurada vemos os 22 leitos ociosos por falta de mão de obra de atendimento”, lamentou. “É uma situação delicada. É um problema de burocracia federal, que depende da contratação de novos profissionais”, completou.

O médico oncologista e diretor regional da Fundação Sara, Joaquim Caetano de Aguirre Neto, destacou a importância da parceria de instituições privadas com públicas, além das doações, para buscar um atendimento de qualidade para as crianças com câncer. Mas alertou que a burocracia não pode sobrepor este atendimento. “As necessidades deste paciente não podem ser colocadas de uma forma burocrática”, afirmou.

No entanto, Joaquim Caetano de Aguirre Neto lembrou que, com tratamento adequado, o câncer infantil é uma doença curável, atingindo taxas de 80%. Ponderou ainda que Minas Gerais não tem um centro de excelência no tratamento de câncer e que apenas três hospitais na Capital fazem atendimento de alta complexidade, que são, além do HC, o Hospital da Baleia e a Santa Casa.

Esta carência no setor também foi destacada pelos parlamentares presentes na reunião. Para o presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), a realidade é grave e o momento é delicado e difícil para atender estes pacientes. Disse ainda ser preocupante um hospital como o HC ter uma unidade pronta e não funcionar.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva destacou a importância da unidade e das doações conseguidas para construí-la. No entanto, lamentou o não funcionamento da ala e afirmou que o poder público deve intervir buscando a contratação de professores e profissionais qualificados para atender crianças e adolescentes.

O deputado Hely Tarqüínio cobrou empenho dos órgãos governamentais para contratar pessoal já que a UFMG está limitada devido a condições legais. Ponderou também que a oncologia infanto-juvenil requer muito mais cuidado e gasto.

O deputado Doutor Wilson Batista (PSD) cobrou uma revisão da remuneração dos procedimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para ele, a dívida dos hospitais aumenta a cada dia porque essa instituições assumem o tratamento que não tem cobertura do SUS. “Se não fizermos revisão para uma remuneração adequada de todos os procedimentos do SUS, acredito que vamos continuar com pacientes na fila”, afirmou.

Oncologia pediátria do HC funciona desde 2004

A médica responsável pelo serviço de Oncologia Pediátrica do HC, Karine Corrêa Fonseca, explicou que o Hospital das Clinicas atende crianças com câncer há muito anos e que, a partir de 2004, quando o serviço de oncologia pediátrica foi criado, o número de atendimentos aumentou consideravelmente.

Disse ainda estar feliz ao saber que a unidade será aberta, mesmo que parcialmente, no mês de maio, e que será realizado concurso em julho. “Nossas crianças são importantes e precisamos abrir esta unidade com segurança, para atendê-las da forma que elas merecem”, ponderou Karine.

Maria Aparecida Vieira de Melo, mãe de Tamara Vieira de Melo, que é paciente oncológica do HC há um ano e dois meses, disse aguardar com ansiedade a ala das crianças com câncer, já que elas ficam junto com outras pacientes no Pronto Atendimento Pediátrico. Ela destacou o atendimento médico feito no hospital e o apoio que recebe da Fundação Sara, que acolheu ela e sua filha neste período, já que são moradoras de Caraí (Vale do Jequitinhonha). A Fundação Sara é uma entidade de apoio às crianças em tratamento do câncer e seus acompanhantes e que atualmente tem 39 assistidos.

Consulte o resultado da reunião.