Especialistas criticam falta de modelo olímpico nacional
Para professores, o País ainda não definiu forma de preparação de atletas para participar de grandes competições.
27/03/2012 - 18:40Faltam quatro anos para a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, mas o Brasil ainda não definiu um modelo de preparação de seus atletas para participar de grandes competições esportivas. A avaliação é dos especialistas que participaram da audiência pública da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude realizada nesta terça-feira (27/3/12) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Segundo os especialistas, há vários modelos implementados com sucesso pelos países que se destacam no quadro de medalhas dos jogos olímpicos. Os Estados Unidos, por exemplo, desenvolveram o modelo apelidado de “vamos ganhar tudo”, com altos investimentos em instalações esportivas e apoio aos atletas. Já países mais pobres, como Jamaica e Quênia, optaram por se especializar em uma única modalidade esportiva.
“Precisamos descobrir o modelo possível de ser executado. Uma coisa é certa: não dá para sermos campeões em todos os esportes”, analisou o diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, Emerson Silami. Para ele, o País é forte em esportes coletivos como futebol e vôlei, e tem potencial para se desenvolver mais em modalidades como judô, atletismo e natação.
Na opinião do presidente do Conselho de Dirigentes das Instituições de Ensino Superior em Educação Física de Minas Gerais, Heber Eustáquio de Paula, um dos problemas está nos currículos das faculdades. Segundo ele, a maioria delas forma profissionais de educação física voltados para o esporte escolar. “Os alunos também devem ser capacitados para conduzir o processo de formação de atletas, que leva anos”, afirmou.
Outro problema, de acordo com Heber, é a falta de infraestrutura de treinamento, principalmente fora das grandes capitais. “Mesmo que eu consiga identificar um talento em uma cidade do interior do Estado, teria dificuldade para encaminhar essa criança para treinar longe de casa, por exemplo”, resumiu. O professor da Universidade Federal de Viçosa, Israel Teoldo da Costa, acrescentou que em muitas escolas não há sequer aulas de educação física de forma sistemática, por falta de infraestrutura.
Estado constrói Centro de Treinamento Esportivo
O subsecretário de Estado de Esportes, Adenilson Idalino de Souza, esclareceu que uma das ações que vêm sendo implementadas para resolver o problema da formação de atletas é a construção do Centro de Treinamento Esportivo (CTE). Parceria entre a UFMG e o Governo do Estado, o complexo vai contar com pista de atletismo, parque aquático e ginásio para lutas olímpicas. O CTE também vai permitir o desenvolvimento de pesquisas científicas e a preparação de mão de obra especializada para o treinamento de atletas.
O presidente da Comissão de Esporte, deputado Marques Abreu (PTB), questionou o subsecretário sobre a ausência de um alojamento para atletas do interior no CTE. Adenilson confirmou que a construção desse alojamento realmente não está prevista. Mas ele adiantou que o Governo do Estado estuda a possibilidade de revisão das regras de pagamento da Bolsa Atleta, de modo a permitir gastos com habitação e com a remuneração de treinadores.
O deputado Marques Abreu, que visitou as obras do CTE no dia 12 de março, se disse impressionado com o que viu. “Tenho esperança de que possamos descobrir atletas que vão se destacar nas Olimpíadas”, afirmou. O deputado Fabiano Tolentino (PSD) defendeu a importância da prática desportiva na promoção da saúde. “Temos que trabalhar o esporte para a prevenção de doenças, inclusive dentro das universidades”, destacou.
Consulte o resultado da reunião.