ALMG apoia projeto de lei federal que prevê investimento de 10% da receita da União em saúde

ALMG prepara debate sobre regulamentação da Emenda 29

Mobilização para rever norma foi discutida pela Comissão de Saúde, com apoio do presidente da Casa, Dinis Pinheiro.

20/03/2012 - 18:59

A  Assembleia Legislativa de Minas Gerais promoverá, no dia 13 de abril, um ciclo de debates sobre a regulamentação da Emenda Constitucional 29, de 2000, que estabelece um mínimo de investimentos públicos em saúde. No evento, proposto pela Comissão de Saúde, será iniciada oficialmente a coleta de assinaturas para a apresentação de um projeto de lei federal, de iniciativa popular, que fixa percentual mínimo de investimento por parte da União. Nesta terça-feira (20/3/12), a comissão realizou audiência sobre o assunto e recebeu o apoio do presidente da Casa, deputado Dinis Pinheiro (PSDB).

Sancionada em janeiro deste ano pela presidente Dilma Rousseff, a regulamentação da Emenda 29 dispõe que os Estados deverão investir em saúde 12% do que arrecadam com impostos e transferências, enquanto os municípios destinarão 15% dessas mesmas receitas. Para a União, o percentual original, de 10% da receita bruta, foi retirado do texto. A proposta alternativa de 10% da receita líquida foi vetada. Assim, a União investirá o mesmo montante do ano anterior, acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).

A iniciativa de propor um projeto de lei que recupere o teor original da Emenda 29 é da Associação Médica Brasileira (AMB), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Academia Nacional de Medicina (ANM). O presidente da Comissão de Saúde da ALMG, deputado Carlos Mosconi (PSDB), salientou que a expectativa é coletar 1,5 milhão de assinaturas só em Minas Gerais. Segundo ele, a regulamentação da Emenda 29 frustrou o País inteiro, ao retirar o percentual de investimento da União.

Campanha em Minas terá mobilização de municípios

Enquanto a Constituição define que os municípios gastarão 15% de impostos e transferências com a saúde, o investimento médio em Minas é de 25%. Os dados são da Associação Mineira de Municípios (AMM), que também participará da coleta de assinaturas no Estado. “De todos os entes envolvidos, somos a parte mais fraca, com capacidade de investimento reduzida”, frisa o superintendente da AMM, Gustavo Persichini.

O presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira, acrescentou que se a União investisse 10% de seu orçamento em saúde, o Brasil chegaria a R$ 104 bilhões para o setor, próximo do ideal projetado pelo próprio Ministério da Saúde. Já o presidente da Comissão de Direitos Sanitários da OAB-MG, Tadahiro Tsubouchi, avaliou que o tripé que sustenta a saúde pública tem que ser mais equilibrado quanto às obrigações financeiras. “A discussão é de cidadania”, aponta. O coordenador da Comitê de Saúde do Conselho Nacional de Justiça em Minas, Renato luiz Drech, também participou da audiência e fez o convite à ALMG para que indique um representante no comitê.

O deputado Hely Tarqüínio (PV) salientou que o tema requer a participação de todos os brasileiros, como ocorreu nas campanhas das “Diretas Já” e do “Ficha Limpa”. “Nossa média de gasto com a saúde é semelhante à de países da África”, criticou. O investimento brasileiro foi criticado também pelo deputado Dr. Wilson Batista (PSD). Segundo ele, enquanto o Brasil destina 8% do PIB para a saúde, a média mundial é de 17%. “O México tem uma carta tributária três vezes menor que a do Brasil e investe o mesmo valor que investimos, mas para uma população que representa a metade”, comparou.

Adelmo Carneiro Leão (PT) afirmou que o momento é oportuno para ações ousadas no setor, tendo em vista a escolha, pela Igreja Católica, do tema “Saúde Pública” para a Campanha da Fraternidade. “A coleta de assinaturas deve ser estendida a todos os setores para uma tomada geral de consciência de que a saúde é um direito fundamental”, disse.

Presidente reforça engajamento da Assembleia

Antes da audiência da Comissão de Saúde, os deputados e convidados foram recebidos, no Salão Nobre, pelo presidente Dinis Pinheiro. Ele associou o movimento de coleta de assinaturas a um “mutirão pela vida”. Falando aos jornalistas, logo após o encontro, Pinheiro reforçou que o movimento é de todo brasileiro que quer salvar vidas e priorizar a saúde. “Isso tem que ser resolvido imediatamente, tem que ser uma prioridade para a União”, defendeu.

O presidente disse ainda esperar que a Igreja colha assinaturas para o projeto de iniciativa popular. Na última semana, Dinis Pinheiro e outros deputados visitaram o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e abordaram esse tema. Estiveram no Salão Nobre, além dos participantes da audiência pública da comissão, o presidente da OAB em Minas Gerais, Luís Cláudio Chaves, o conselheiro do Tribunal de Contas, Sebastião Helvécio, e o deputado Doutor Viana (DEM).

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